Seu nome, Daniel em hebraico, significa “juiz de Deus”. Escreveu um livro de profecias que leva o seu nome.
Nada se sabe por certo da sua ascendência ou família, embora fosse de linhagem nobre ou mesmo da casa real de Davi (Daniel 1:3).
Foi levado para a Babilônia no terceiro ano do rei Jeoaquim de Judá (604 a.C.) e escolhido pelos babilônios entre jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, capazes de assistir no palácio do rei. Foi então ensinado as letras e a língua dos caldeus.
Junto com três outros jovens judeus escolhidos com ele, para não se contaminar decidiu recusar as iguarias e o vinho do rei que lhe foram aporcionados, limitando-se a comer legumes e beber água. Deus fez com que o chefe dos eunucos permitisse que assim fizessem por dez dias, como experiência. Concluído esse prazo, verificou-se que estavam mais fortes e com melhor saúde do que os demais, portanto ele e seus companheiros foram autorizados a continuar se alimentando assim (Daniel 1:8-16).
Deus abençoou esses quatro jovens durante esses três anos de aprendizagem dando-lhes “conhecimento e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido em todas as visões e todos os sonhos” (Daniel 1:17). Quando apresentados ao rei Nabucodonozor, o rei os escolheu entre todos para ficar assistindo diante dele, e os achou “dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino” (Daniel 1:20).
Pouco depois, o rei mandou que fossem mortos todos os sábios: o motivo era que os magos, os encantadores, os adivinhadores, e os caldeus o enfureceram por não conseguir descobrir e depois interpretar um sonho que o rei tivera e muito o impressionara, mas havia esquecido. Daniel não tinha participado, mas estava incluido na condenação.
Daniel então obteve do rei um prazo para lhe dar o que queria, avisou seus companheiros (que também estavam condenados à morte) e os quatro pediram a misericórdia de Deus para que não morressem junto com o resto dos sábios da Babilônia.
Deus atendeu o seu pedido, e fez Daniel conhecer o sonho e a sua interpretação numa visão de noite. Depois de louvar a Deus por isto, Daniel relatou ao rei o que lhe fora revelado, dando todo o crédito ao verdadeiro Deus. Esta visão é a primeira profecia de Daniel, conhecida como sendo a “da estátua”, que dá a sequência dos grandes impérios que envolviam Israel, desde o da Babilônia até o Milênio.
Por ter lhe revelado este mistério Nabucodonozor adorou Daniel como se fosse um deus. e declarou que verdadeiramente o seu Deus era Deus dos deuses, depois “engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia, como também o fez chefe principal de todos os sábios de Babilônia” e, a pedido de Daniel, constituiu superintendentes sobre essa provìncia a seus três companheiros, mas Daniel permaneceu na sua corte (Daniel 2:1-49).
Nabucodonozor teve outro sonho notável, que o fez novamente convocar todos os sábios da Babilônia para lhe dar sua interpretação, sem sucesso, e enfim consultar Daniel. A interpretação foi então lhe dada por Daniel, um tanto perturbado porque previa a humilhação de Nabucodonozor. Realmente veio a acontecer pouco depois, exatamente de acordo com a interpretação profética de Daniel, e todo o episódio foi escrito pelo próprio Nabucodonozor, que terminou louvando, exaltando e glorificando o “Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e ele pode humilhar aos que andam na soberb.” (Daniel 4:1-37)
Em 555 a.C., cerca de quarenta e cinco anos depois da “profecia da estátua” (600 a.C.), Belsazar, neto de Nabucodonozor, reinava. Foi quando Daniel teve um sonho e visões, e escreveu o sonho dos quatro animais representando os quatro impérios da visão anterior da estátua, ou seja, o leão (Babilônia), o urso (Medo-Pérsia), o leopardo (Greco-Macedônia) e o animal terrível e espantoso (Roma). É de se notar que, a esta altura, o império da Babilônia estava para terminar, vencido pelo exército da Medo-Pérsia que tomou o seu lugar. Daniel viu Deus sobrepujando todos os poderes da terra, e a soberania do Filho do Homem em tudo (Daniel 7:1-28).
Em 553 a.C. Daniel teve uma visão: estava em Susã, na provîncia de Elão, junto ao rio Ulai e viu um carneiro que dava marradas para o ocidente, para o norte e para o sul e ninguém podia resistí-lo; mas veio um bode do ocidente com um só chifre, feriu o carneiro, lançou-o por terra e o pisou aos pés, sendo que ninguêm podia livrá-lo. Era uma profecia sobre a destruição do império persa por Alexandre o Grande, e a grande miséria que traria sobre o povo de Deus. (Daniel 8:1,2).
Mais tarde, nesse mesmo ano, Belsazar dava um grande banquete a mil dos seus grandes e mandou trazer os vasos de ouro e de prata que Nabucodozor havia confiscado do templo em Jerusalém e deles beberam todos incluindo suas mulheres e concubinas. Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. Ficou apreensivo ao ponto de bater os joelhos.
Ninguém entendia o que foi escrito, nem mesmo os encantadores, os caldeus e os adivinhadores que o rei mandou chamar. Aparentemente Daniel, já idoso, tinha sido esquecido e a rainha lembrou ao rei como ele tinha um espírito excelente, e conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas, e fora honrado por Nabucodonozor.
Daniel foi chamado, identificado e o rei lhe prometeu honras, riquezas e poder, se lhe desse a interpretação do que estava escrito, mas Daniel disse simplesmente: “Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; todavia vou ler ao rei o escrito, e lhe farei saber a interpretação.” Descreveu como Nabucodozor viera a reconhecer o verdadeiro Deus e honrá-lo, mas ainda sabendo disso Belsazar não se humilhara, bebera vinho com seus convidados nos vasos da casa de Deus e dera louvor aos ídolos feitos de metal, madeira e pedra.
Em consequência Deus enviara aquela parte da mão para escrever palavras de condenação e juízo: seu reino estava dividido e entregue aos medos e persas. Belsazar lhe deu a recompensa prometida, mas naquela mesma noite foi morto e “Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos de idade” (Daniel 5:1-31).
Dario nomeou três presidentes, dos quais Daniel foi um. O rei viu que Daniel “tinha um espírito excelente” e sobrepujava todos os outros, presidentes e sátrapas, por isso pretendia constituí-lo sobre todo o reino.
Os outros, com inveja, conspiraram e fizeram com que ele desobedecesse um decreto assinado pelo rei por sugestão deles no sentido que qualquer que fizesse uma petição a um deus ou a um homem ao invés do rei fosse lançado “na cova dos leões”.
Como esperavam, Daniel não deixou de orar e suplicar ao seu Deus três vezes ao dia, abrindo suas janelas para Jerusalém como costumava sempre fazer.
O rei não podia voltar atrás apesar de querer salvar Daniel, e este foi lançado na cova dos leões. Ao romper o dia, o rei foi até a cova e encontrou Daniel ileso, pois Deus lhe dera proteção.
Os que o tinham acusado foram então presos e lançados aos leões com suas famílias, e Dario escreveu a todos os povos sob seu domínio que tremessem e temessem diante do Deus de Daniel, “porque Ele é o Deus vivo, e permanece para sempre”. E Daniel prosperou (Daniel 6:1-28).
Daniel ainda escreveu várias profecias, foi instruido pelo anjo Gabriel, e muitas das suas profecias se cumpriram e outras estão aguardando o fim dos tempos dos gentios para se cumprirem, começando na última das sete semanas de anos (Daniel 9:27, Mateus 24:15), estando “cerradas e seladas até o tempo do fim”.
Daniel é citado por Deus no livro do profeta Ezequiel (seu contemporâneo), junto com Noé e Jó, como um homem de alta justiça. Sua integridade, fidelidade a Deus, sabedoria e justiça são magníficos exemplos para todos nós, ainda hoje.