Seu nome vem do hebraico dâvid que se traduz “amado”.
Davi foi o oitavo filho de Jessé, um cidadão de Belém. Pela sua genealogia (Rute 4:18-22) notamos que era da tribo de Judá e foi descendente de Nasom (cuja irmã casou-se com Arão, irmão de Moisés e primeiro sumo-sacerdote – Êxodo 6:23). Nasom foi chefe da tribo inteira em seu tempo (Números 1:7, 2:3, 1 Crônicas 2:10). Através de Salmom, Boaz e Obede, Jessé deve ter herdado o direito à primogenitura vinda de Nasom, pois não há menção de outros descendentes de Nason. Salma (ou Salmom) também é o nome de um neto de Calebe, que se tornou o “pai” de Belém, a casa de Jessé (1 Crônicas 2:51). Boaz teve por mulher a moabita Rute. A descendência na linha real de Davi culminou com José, que foi legalmente o pai do Senhor Jesus.
A Bíblia não nos conta muito sobre a situação social e financeira de Jessé, e as opiniões variam entre ser humilde e relativamente abastada. Tinha oito filhos formosos, dos quais Davi é descrito como sendo ruivo, de belos olhos e de gentil aspecto (1 Samuel 16:12, 17:42).
Davi teve boa educação, pois revelou-se mais tarde como homem piedoso e culto, escrevendo poesias e hinos que nos chegam até hoje no livro dos Salmos. Também estava acostumado à vida campestre, cuidando do rebanho de ovelhas de seu pai nas pastagens de Belém de Judá, onde residiam.
Foi Deus mesmo que o escolheu para substituir o primeiro rei de Israel, Saul, quando este se tornou infiel e foi rejeitado por Ele. Davi ainda era bem jovem, o menor dos filhos de Jessé, mas muito forte pois podia matar leões e ursos com suas próprias mãos quando tomavam seus cordeiros (1 Samuel 17:34,35). Deus mandou Samuel ungí-lo rei, “e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi” (1 Samuel 16:13).
Davi voltou para sua vida de pastor, e ficou sendo conhecido como alguém “que sabe tocar bem, e é forte e destemido, homem de guerra, sisudo em palavras, e de gentil aspecto; e o Senhor é com ele” (1 Sam 16:18).
Ao mesmo tempo "o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e o atormentava um espírito maligno da parte do Senhor”. Saul então mandou chamar Davi para tocar harpa, e “se agradou muito dele e o fez seu escudeiro”. “E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.”
Davi, agora com cerca de vinte anos, “ia e voltava de Saul, para apascentar as ovelhas de seu pai em Belem”. Estava na casa de seus pais em Belém quando foi enviado ao vale de Elá, uns 25km a sudoeste de Belém, para levar alimento aos seus três irmãos mais velhos que estavam no exército de Saul. Ali soube que Saul e todo o Israel “desalentaram-se e temeram muito” por causa do desafio de um gigante filisteu chamado Golias. Davi se dispôs a enfrentá-lo, e o relato da sua vitória “em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel” ficou célebre na história (1 Samuel 17).
Saul deu a Davi sua filha em casamento como prêmio e o fez oficial do seu exército. Ele se distinguiu tanto que o povo começou a louvá-lo em suas canções mais do que Saul. Este tornou-se ciumento e passou a odiar e procurar matá-lo, obrigando Davi a se afastar dele.
Davi primeiro foi para Ramá (1 Samuel 19:12-18) onde ficou com Samuel em uma congregação de profetas. Lemos que, em seguida, Saul mandou dois grupos de mensageiros, um após o outro, para prenderem a Davi, mas eles também profetizaram. Finalmente Saul foi ele próprio, e acabou profetizando também! (1 Samuel 19:19-23).
Sobre a ação de profetizar, nesta passagem, não temos maiores esclarecimentos. Certamente significava estar debaixo do poder do Espírito Santo, e implicava a transmissão da Palavra de Deus. Como Balaão profetizou (sem querer) o sucesso de Israel, é possivel que esses profetas profetizaram o sucesso de Davi, e por fim Saul também o fez (a contra gosto).
Procurado por Davi, Jônatas, filho de Saul, intercedeu por ele junto a Saul, mas sem sucesso. Então Davi foi para o exterior, passando pelo deserto e pela Filístia, onde quase foi apanhado, mas fingiu-se de louco e escapou para uma caverna, chamada Adulão. Em Hebreus 11:38 lemos entre os herois da fé daqueles que foram “errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra”, talvez uma referência a Davi. Foi ali que escreveu o Salmo 142:1-7.
Ali ele reuniu um grupo de exilados como ele,” todos os que se achavam em aperto, todos os endividados, e todos os amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles; havia com ele cerca de quatrocentos homens” (1 Samuel 22:2). Com estes homens ele atacava e saqueava inimigos que assediavam o povo de Israel. Saul, por sua vez, usou seu exército para procurar apanhar Davi para matá-lo, mas sem sucesso. No entanto, Davi teve pelo menosx duas oportunidades de matar Saul, mas não o quis, porque Saul era o “ungido do Senhor” (1 Samuel 24:6, 26:9-11).
Eventualmente Saul se suicidou em uma batalha que estava perdendo contra os filisteus. Davi lamentou a sua morte, e compôs uma linda elegia, considerado o mais belo de todos os poemas líricos entre todos os existentes em Hebraico, uma " lamentação, mandando que fosse ensinada aos filhos de Judá; eis que está escrita no livro de Jasar” (2 Samuel 1:18-27). O livro de Jasar não foi preservado, e não é parte do cânone das Escrituras Sagradas, mas esta elegia ficou registrada.
Davi, sua família e seus homens foram bem recebidos em Hebrom sob direção divina (2 Samuel 2:1-4) e ele foi ungido rei com a idade de cerca de trinta anos de idade.
Mas as demais tribos ainda quiseram manter a dinastia de Saul e coroaram como rei Isbosete, seu único filho capacitado restante, apoiado pelo general Abner. Seguiu-se então uma guerra civil em Israel, mas o exército de Davi vencia todas as batalhas que se seguiram, pelo espaço de mais de sete anos. Finalmente Isbosete foi morto traiçoeiramente por dois cananeus e Davi ficou sem outro rival, sendo então ungido rei de todo o Israel (2 Samuel 4:1-12).
O rei Davi procurou uma nova sede mais adequada do que Hebron para ser a capital do seu império. Nessa época havia uma fortaleza sobre a colina de Sião, chamada Jebus, habitada por cananeus. Davi tirou os jebuseus, fez dela a capital de Israel, estabeleceu a sua residência ali e construiu para si mesmo um palácio.
Os filisteus, que tinham há algum tempo observado uma espécie de trégua, fizeram guerra contra Davi mas foram derrotados. Mais uma vez invadiram a terra e foram outra vez vencidos e assim Israel foi livrado dos seus inimigos. Davi em seguida trouxe a Arca da Aliança para sua nova capital (2 Samuel 6) de onde ainda se encontrava, na casa de Abinadabe em Quiriate-jearim, cerca de 7 km de Jerusalém (1 Samuel 6; 7). Veja o Salmo 24:1-10). Foi colocado em um nova tenda ou Tabernáculo que Davi erigiu para esse fim.
Em seguida Davi definiu cuidadosamente toda a ordem do serviço divino em Jerusalém, junto com Abiatar o sumo sacerdote (1 Crônicas 16). Começou uma nova era religiosa. O serviço de louvor foi pela primeira vez introduzido no culto público. Sião tornou-se doravante "o santo monte de Deus."
Davi em seguida desenvolveu uma série de conquistas que muito alargaram e fortaleceram o seu Reino (2 Samuel 8). Em poucos anos todo o território do rio Eufrates até o rio Nilo no Egito, e da faixa de Gaza a oeste, até além do rio Eufrates estava sob sua influência (2 Samuel 8:3-13).
Esse foi o auge de sua glória. Ele governou um vasto império, e sua capital foi enriquecida com os despojos de muitas terras. Após o encerramento bem-sucedido de todas as suas guerras, Davi quis construir um templo para a arca de Deus, mas Deus não o permitiu porque ele tinha sido um homem de guerra e lhe mandou Nathan com uma mensagem gentil. Ao recebê-la Davi entrou no santuário do tabernáculo onde a arca se encontrava, sentou-se diante do Senhor e deu-lhe graças e louvor por todas as bênçãos que lhe havia concedido (2 Samuel 7). A honra de construir o templo foi reservada para seu filho Salomão, que seria um homem de paz (1 Crônicas 22:9, 28:5).
Infelizmente, depois de todo este sucesso, Davi se manchou com o pecado de adultério (2 Samuel 11:2-27). Observa-se que, enquanto seus triunfos militares foram registrados em alguns poucos versículos, a triste história da sua queda é dada em detalhes, por ser um sério aviso. A tentativa de esconder o crime, o levou a outro. Assassinou o marido ultrajado colocando-o na frente de uma batalha onde a morte era quase certa. Foi alertado pelo profeta Natã que Deus sabia o que havia feito, e ao dar-se conta da sua hediondez arrependeu-se amargamente. Deus o perdoou mas teve que sofrer mais tarde com crimes entre seus filhos e a rebelião do seu filho Absalão (2 Samuel 7:1-17; 12:1-23).
Cometeu ainda um segundo grande pecado (veja AQUI), pelo qual o povo foi castigado, o que o entristeceu ainda mais do que se o castigo fosse diretamente sobre ele.
Os demais atos do rei Davi, não serão relatados aqui mas poderão ser encontrados neste site conforme o índice AQUI. Das suas profecias encontradas em vários dos cerca de oitenta salmos colecionados no livro de Salmos, algumas já se cumpriram e de outras ainda se espera o cumprimento. O Espírito Santo falou por ele em suas últimas palavras antes de morrer, contrastando quem governa com justiça, como ele e a sua casa, e os ímpios destinados ao fogo.
Depois de um reinado de quarenta anos e seis meses (2 Samuel 5:5, 1 Crônicas 3:4). Davi morreu (1015 B.C.) aos setenta anos de idade e foi enterrado na cidade de Davi. Seu túmulo é ainda visto no Monte Sião.
Davi é um nome que, na Bíblia, só foi dado a este personagem mas ele aparece em 891 versículos da Bíblia. Muitas são as profecias a respeito dele, sendo que, ressuscitado no início do milênio (Isaías 26:19; Daniel 12:2), ele reinará novamente sobre Israel (Jeremias 30:9, Ezequiel 34:23-24, 37:24-25, Oséias 3:5). Sobre o milênio, leia AQUI.