Débora (“abelha” no hebraico), era mulher de Lapidote (“lâmpadas” no hebraico): este pode ser o nome do seu marido, ou o nome de um lugar, ou pode também indicar que fazia mechas para as lâmpadas do tabernáculo, como entendem alguns rabinos. É a única vez que essa palavra aparece na Biblia. Débora julgava Israel assentada debaixo da “palmeira de Débora” entre Ramá e Betel, numa região montanhosa ocupada pela tribo de Efraim.
Dos treze juizes de Israel mencionados no livro de Juízes, que abrangeu 410 anos da sua história, ela foi a única mulher. Em sua função judicial, ela corrigia os abusos e injustiças entre o povo, especialmente os que envolviam seu relacionamento com Deus. Os israelitas vinham até ela de todas as partes para obter o seu julgamento em questões difíceis sobre as quais os levitas não encontravam solução na lei escrita de Moisés.
Também era uma profetisa, significando que foi usada por Deus para transmitir as Suas relevantes mensagens ao povo.
Desde a morte do juiz Eúde, que a precedera, os filhos de Israel haviam voltado a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, e porisso o Senhor os havia “vendido na mão” de Jabim, rei de Canaã que reinava em Hazor.
Esta é uma maneira de dizer que, enquanto o povo de Israel obedecia a Deus, este era o seu Senhor, não permitindo que povo algum interviesse em seu relacionamento. Mas quando o povo se afastava de Deus, desobecendo à Sua direção, Deus permitia que outros povos os dominassem, assim os “vendendo” (significando que “entregava” – NVI).
A opressão que sofriam nessa situação fazia com que os israelitas se lembrassem novamente do Senhor, e clamassem pelo Seu socorro. Vendo o seu arrependimento e desejo de reconciliação, o Senhor, sempre fiel, cuidava do seu livramento.
Desta vez o Senhor usou uma mulher, Débora, como instrumento para instruir um homem, chamado Baraque, a reunir um exército para enfrentar os seus opressores. Explica-se a escolha de Débora porque Baraque, talvez o único homem confiável naquela ocasião, revelou-se ser tímido: exigiu que Débora o acompanhasse, senão não iria.
Débora se prontificou a ir com ele, mas lembrou a Baraque que com isto ele perderia a honra da vitória sobre Sísera, o chefe do exército inimigo. A honra seria dela, uma mulher.
Acompanhado de Débora, Baraque conseguiu reunir os guerreiros de duas tribos, Zebulom e Naftali, e na guerra que se sucedeu os israelitas derrotaram o poderoso inimigo que veio contra eles, com seus temidos novecentos carros de ferro.
Não restou um só homem do exército inimigo, mas o comandante Sísera conseguiu fugir a pé e aceitou refúgio na tenda de um amigo a convite da sua mulher, chamada Jael (“cabra selvagem” no hebraico). Mas era uma cilada e, enquanto estava dormindo, Jael o matou cravando uma estaca em sua testa.
Assim, o Senhor usou duas mulheres como instrumentos para livrar o povo de Israel dos seus algozes. Depois disto os israelitas acabaram destruindo Jabim, rei de Canaã e tiveram sossego por quarenta anos (capítulo 5:31).
Débora compôs e cantou, acompanhada por Baraque, um hino de louvor ao Senhor pela vitória alcançada (Juízes 5:31). Nele ela começa louvando o Senhor pela entrada triunfal do povo de Israel na terra que Deus lhe prometera. Em seguida fala das condições em que o povo se encontrava em seus dias, com as estradas principais abandonadas por causa dos salteadores e a violência reinando por toda a parte, tendo Israel perdido todas as suas armas de combate. Tudo isto porque o povo se entregara à idolatria.
Quando Deus levantou Débora e Baraque, alguns chefes de Israel e homens de algumas tribos se dispuseram a enfrentar o inimigo, mas outros se recusaram.
Num toque bem feminino, Débora declara em seu hino que Jael “será bendita entre as mulheres nômades” (Maria a mãe de Jesus, foi a única outra mulher na Bíblia a respeito de quem se diz que será “bendita entre as mulheres”), e lembra a trágica decepção da mãe do comandante Sísera. O hino termina desejando o fim de todos os inimigos do Senhor e o fortalecimento de todos os que O amam.