Dominic (Domingos) Lipsi nasceu em uma família italiana, sua mãe era católica romana e seu pai era ateu. Quando ele tinha 11 anos de idade, resolveu seguir seu pai, e nunca mais freqüentou a igreja. No final de sua adolescência, durante a grande depressão econômica, ele aceitou trabalhar para a máfia, em Nova Jersey. Algum tempo depois, ele deixou a máfia e começou a procurar a verdade acerca da vida após a morte.
Ele e seu amigo Charlie foram visitar o Sr. Taylor, um professor de uma escola vocacional. O Sr. Taylor explicou o caminho da salvação e convidou os dois rapazes a visitá-lo em seu lar. Sua esposa deu ao Domingos dois folhetos, “Salvação Simplificada” e “O Remédio de Deus para o Pecado, Medo e Morte”. Ele leu ambos os folhetos viajando de trem para um acampamento do Corpo de Conservação Civil (um tipo de Guarda Civil desenvolvido para manter ocupados jovens durante a grande depressão) em Georgetown, Delaware. Naquela noite Deus falou com ele de uma forma poderosa, ele aceitou a Jesus como seu Salvador e Senhor, e sua vida foi completamente transformada.
Ele deixou o acampamento, voltou para casa e foi visitar o casal Taylor, que o ajudou no seu grande desejo de conhecer mais a Bíblia. Naquele verão ele foi todas as noites para as reuniões em uma tenda perto da residência do casal, onde a cada semana havia alguns dos melhores ensinadores dos EUA, e alguns da Inglaterra, que ensinavam as Escrituras. No outono ele freqüentou a Escola Bíblica de Camden e participava fielmente na Igreja.
Nas reuniões na tenda, ele ouviu muitos bons missionários falarem acerca da necessidade daqueles que nunca tinham ouvido o Evangelho, ficou muito impressionado por um missionário do Brasil e desde então sentiu um grande desejo de servir o Senhor aqui. Seis anos depois de sua salvação ele veio para o Brasil. Domingos falava italiano no seu lar e isto foi uma grande ajuda para aprender o português.
Eu, Margery Riecke Lipsi, nasci num lar protestante, onde aprendemos a respeitar e amar a Deus. Pensávamos que iríamos para o céu baseados nas nossas boas obras. Quando eu tinha 14 anos de idade fiz minha “confirmação” (profissão de fé) em uma igreja luterana. Mais tarde um pastor modernista, que negava a autoridade das Escrituras, se tornou o pastor daquela igreja.
Minha irmã mais velha, Louise, foi com amigos para a Escola Bíblica de Philadelphia e lá ela foi salva. Já que o pastor luterano não pregava as Escrituras, ela deixou a igreja e me levou com ela para uma igreja bíblica grande, onde fui confrontada com a verdade que só Jesus salva, não as boas obras. Através do testemunho de minha irmã, de uma excelente professora de Escola Dominical e da pregação da Palavra, eu fui salva.
Ouvimos muito acerca de missões e tínhamos missionários que visitavam a igreja freqüentemente; eu estava muito interessada. Na véspera de Natal daquele ano eu aceitei o Senhor Jesus como meu Salvador e Senhor e, naquela noite, sozinha em meu quarto, eu dei minha vida a Ele para O servir. Eu tinha 14 anos de idade e daquele momento em diante, ansiava ser uma missionária.
Pensava que seria na China, pois seis anos depois de ser salva a Louise foi até a China onde serviu ao Senhor fielmente por 51 anos. Foi através do marido dela que entramos numa igreja evangélica independente, não denominacional. No meu último ano de Escola Bíblica vim a conhecer o Domingos na reunião missionária de jovens na igreja. Tivemos simpatia um pelo outro por causa do nosso interesse mútuo por missões. Um ano e meio depois de começarmos a andar juntos, nós nos casamos.
Não podíamos sair logo rumo ao Brasil por causa da 2a. Guerra Mundial, pois a ninguém era dado passaporte para deixar o país. Depois do nascimento de Louise e David pudemos sair. A igreja com que nos reuníamos, Ashland Gospel Chapel, nos recomendou ao serviço do Senhor no Brasil.
Ao final de 1947 chegamos em São Paulo onde fomos recebidos, animados e ajudados de muitas formas pelo irmão Edward Hollywell com quem nos correspondíamos. Quanto à China, o Senhor sabe, a porta se fechara para aos missionários e Domingos deixou claro que se eu fosse me casar com ele, eu teria que vir para o Brasil!
Depois de alguns meses na cidade de São Paulo, Domingos começou a procurar um lugar onde o Evangelho ainda não havia sido proclamado, pois concluiu que havia muitos brasileiros bem dotados assim como missionários pregando o Evangelho naquela cidade. Edgard de Almeida falou ao Domingos sobre Campinas e as oportunidades ali, portanto Domingos foi a Campinas de trem e visitou o Seminário Presbiteriano onde encontrou um jovem que o ajudou a procurar uma casa.
Após várias visitas ele encontrou uma e na semana seguinte ele me levou com as crianças para vê-la. Quando Domingos foi pagar o aluguel dos primeiros meses foi-lhe dito que tinha que pagar um suborno de cento e cinqüenta reais, ao que respondeu que ele não usaria o dinheiro do Senhor para pagar um suborno e isso foi o fim daquilo.
Na semana seguinte ele foi outra vez de trem para Campinas e encontrou o seu amigo Antônio do seminário. Estavam no centro de Campinas sem saber onde procurar, quando um homem se aproximou. Domingos pediu ao Antônio para perguntar-lhe se sabia de alguma casa para alugar, mas Antônio teve vergonha. Então Domingos, que já falava alguma coisa em português, dirigiu a pergunta ao homem.
Ele respondeu que não sabia de casas em Campinas, mas sabia de uma casa que estava sendo construída em Sousas, e assim na semana seguinte ele foi a Sousas de bonde. Foi-lhe dito que o alfaiate, que também possuía o armazém, era o dono da casa nova em cima do morro. Quando Domingos foi ver o alfaiate, ele descobriu que o alfaiate era o mesmo homem que ele havia encontrado na rua em Campinas! Domingos alugou a pequena casa na hora e foi assim que aterramos em Sousas.
Embora tenhamos tido dificuldades (nosso carro foi certa vez atirado dentro do rio) os anos em Sousas têm sido frutíferos e felizes. Não havia um protestante ou estrangeiro na cidade, por isso éramos uma verdadeira novidade, e isso ajudou porque o povo queria conversar conosco. Com a ajuda do Senhor iniciamos a igreja de Sousas, depois tivemos reuniões em uma casa em Campinas (que tornou-se numa obra) depois demos início ao acampamento Betel.
Dois anos mais tarde começamos a igreja de Vila Mimosa, em Campinas. Domingos viajou para outros lugares, e esteve com os índios em Mato Grosso. Uma das maiores bênçãos em nossas vidas é que os nossos 5 filhos seguiram ao Senhor e, crescendo, ajudaram muito no trabalho do Senhor. Desde que Domingos foi para o lar do céu, em setembro de 2002, eles continuaram a ajudar nas igrejas e no acampamento. Davi e Jônatas agora moram nos Estados Unidos, mas são uma parte importante do trabalho aqui. Durante estes últimos 10 anos o Timóteo tem continuado o trabalho do acampamento com a ajuda dos seus dois filhos e os outros netos. Louise, Gary Bryar e Jeanne também têm dado muita ajuda.