Seu nome vem do hebraico ´elîyâh ´elîyâhû que se traduz “cujo Deus é Jeová”.
Elias é introduzido no Velho Testamento numa ocasião quando lhe coube entregar uma mensagem do Senhor para Acabe, rei de Israel. Havia uma cidade chamada Tisbe no território da tribo de Gileade, de onde veio o profeta.
A mensagem foi que não haveria orvalho nem chuva naqueles anos senão pela sua palavra. Tendo entregue a mensagem a Acabe, Elias se retirou sob o comando de Deus para um esconderijo junto ao ribeiro de Querite, além do Jordão, onde tinha água e foi sustentado pelos corvos trazendo-lhe pão e carne pela manhã e à tarde.
Decorridos alguns dias o ribeiro secou por falta de chuva, e ?Deus o enviou para uma viúva a quem Ele havia ordenado que o sustentasse, em Sarepta, uma cidade no litoral do mar Mediterrâneo entre Sidom e Tiro.
Ao encontrar a viúva, Elias mandou que lhe fizesse um bolo de azeite e farinha. Embora a viúva só tivesse o suficiente para ela e seu filho para uma refeição, ela creu na palavra de Elias que não teria falta, e obedeceu. Na realidade ela estava dando primeiro lugar a Deus, que lhe havia mandado Elias, e o sustento que lhe veio depois ilustra que os que poem Deus em primeiro lugar nunca carecem das necessidades da vida.
De fato, a vasilha de farinha não se acabou, nem faltou azeite na botija pelo espaço de dois anos que durou a seca. Durante este período, o filho da viúva adoeceu e morreu, mas foi ressuscitado por Elias (1 Reis 17:2-24).
Uma fome prevaleceu na terra durante esses dois anos, oportunidade para Elias se retirar em preparação para o seu trabalho, como também aconteceu com o apóstolo Paulo (Gálatas 1:17,18) e no final deste período o Senhor mandou Elias apresentar-se ao rei Acabe, pois mandaria chuva sobre a terra.
No caminho, Elias se encontrou com Obadias, um dos oficiais de Acabe que temia o Senhor e com o rei estava à procura de pastagens para seus animais. Elias persuadiu Obadias a ir informar Acabe que se encontrava ali (Acabe já antes havia procurado Elias por onde podia, sem o encontrar).
O rei veio até Elias e o acusou de ser o perturbador de Israel. Elias retrucou que não era ele o perturbador mas sim Acabe e a família do seu pai, que haviam levado o povo à idolatria. Mandou que reunisse todo o povo a ele no monte Carmelo, bem como os oitocentos e cinquenta falsos profetas idólatras. “Então Acabe convocou todos os filhos de Israel, e reuniu os profetas no monte Carmelo”.
Elias repreendeu o povo pela sua indecisão religiosa, entre o Senhor e Baal, mas o povo nada respondeu. Então Elias lhes disse que só ele havia ficado dos profetas do Senhor, mas de Baal havia quatrocentos e cinquenta (os outros falsos profetas, de Azerá, não compareceram).
Como prova da sua autenticidade, Elias propôs que se sacrificassem dois novilhos. Um seria preparado pelos profetas de Baal, que o cortariam em pedaços e os colocariam sobre a lenha. Ele próprio prepararia o outro. Não deveriam por fogo em nenhum deles, mas invocariam os seus respectivos deuses e o que respondesse por meio de fogo provaria ser o verdeiro Deus. Todo o povo respondeu concordando.
Os profetas de Baal não conseguiram qualquer manifestação do seu deus, mas após uma oração de Elias caiu fogo do céu “e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego”. “Quando o povo viu isto, prostraram-se todos com o rosto em terra e disseram: O senhor é Deus! O Senhor é Deus!” (1 Reis 18:17-40).
Assim, foi realizado o grande trabalho do ministério de Elias. Os profetas de Baal foram mortos por ordem de Elias. Nenhum deles escapou. Então, imediatamente isto foi seguido de chuva, segundo a palavra de Elias, e em resposta à sua oração (Tiago 5:18).
A rainha idólatra Jezabel, esposa de Acabe, furiosa com o destino que se abatera sobre os seus sacerdotes de Baal, ameaçou matar Elias (1 Reis 19:1-13. Ele se atemorizou e fugiu para Berseba, e dali fez um dia de viagem para o deserto, e sentou-se desanimado debaixo de um zimbro (um junípero) e adormeceu. Nisto um anjo o tocou, e disse-lhe: "Levanta-te e come, porque demasiado longa te será a viagem."
Ao se levantar, encontrou um bolo e uma botija de água. Depois de comer essa refeição milagrosa, teve condições para prosseguir na sua viagem solitária durante quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus (Sinai), onde passou a noite em uma caverna.
Aqui o Senhor lhe apareceu e disse: "Que fazes aqui, Elias?" Em atenção à resposta desconsolada de Elias, Deus lhe manifestou a Sua glória, e em seguida mandou que voltasse a Damasco para ungir Hazael como rei sobre a Síria e Jeú sobre Israel, e Eliseu como profeta em seu lugar (1 Reis 19:13-21, e compare com 2 Reis 8:7-15, 9:1-10).
Cerca de seis anos depois disso, Elias preveniu Acabe e Jezabel das mortes violentas que logo iam ter (1 Reis 21:19-24, 22:38). Quatro anos depois também advertiu Acazias, o sucessor de seu pai Acabe, que sua morte estava próxima (2 Reis 1:1-16).
Durante os intervalos nada se sabe sobre suas atividades, assumindo-se que, provavelmente, Elias se retirou para algum lugar afastado para gozar de alguma tranquilidade. Sua entrevista com os mensageiros de Acazias no caminho para Ecrom, e o relato da destruição de seus dois capitães com os seus cinquenta cada um, sugerem que ele estava residindo no Monte Carmelo.
Agora se aproximava o dia quando Elias estava para ser levado ao céu (2 Reis 2:1-12). Ele tinha um pressentimento do que estava para vir e desceu a Gilgal, onde viviam os filhos dos profetas (2 Reis 4:38), e também seu sucessor Eliseu, a quem ele tinha ungido alguns anos antes.
Eliseu sentiu sua responsabilidade de acompanhar Elias a esta altura dos acontecimentos, e insistiu em ir com ele no resto da sua viagem. Sua decisão foi acertada pois os filhos dos profetas pelo caminho confirmaram que o Senhor estava em vias de levar Elias para Si.
Juntos passaram por Betel, Jericó, e atravessaram o rio Jordão, cujas águas se separaram quando feridas pela capa de Elias. Cinquenta homens de entre os filhos dos profetas os acompanhavam e testemunharam esse fato. Elias então disse a Eliseu “Pede-me o que queres que eu te faça, antes que seja tomado de ti”, ao que Eliseu respondeu “Peço-te que haja sobre mim dobrada porção de teu espírito”.
Só Deus podia fazer tal coisa. Elias considerou que era coisa muito difícil o que Eliseu pedia, mas informou-lhe que, se fosse permitido a Eliseu ver com seus olhos seu arrebatamento, isso seria sinal de o que pedia lhe seria concedido. Tendo Elias feito oito milagres relatados na Bíblia, Eliseu fez dezesseis, ilustrando o cumprimento do desejo de Eliseu. Estavam agora em Gileade, que Elias havia deixado muitos anos antes (1 Reis 17:1), e “E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”.
Eliseu exclamou “Meu pai, meu pai! o carro de Israel, e seus cavaleiros!” Interpreta-se como uma afetuosa despedida de Elias, seu pai espiritual e a maior força espiritual que aquele reino de Israel tinha em seu tempo. Em seguida tomou para si a capa de Elias, que simbolizava a sua autoridade de profeta do Senhor.
Elias é o profeta do Velho Testamento mais frequentemente mencionado no Novo Testamento, onde aparece 30 vezes. Ele compareceu com Moisés no “monte da transfiguração” para falar com Jesus (Mateus 17:3, Marcos 9:4, Lucas 9:30), e, conforme a profecia de Malaquias (4:5) ele será enviado à terra “antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”, a chamada “grande tribulação” que virá antes da segunda vinda de Cristo para instalar seu reino neste mundo. É provável que Elias seja um dos dois profetas e testemunhas mencionados em Apocalipse 11:3-12.
Esta profecia foi lembrada pelos judeus quando o Senhor Jesus veio à terra pela primeira vez, pois ignoravam que não era essa a ocasião da profecia, e pensavam que João Batista fosse Elias pois se vestia e se comportava como ele. Mas Zacarias foi informado por um anjo que “(João) irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido” (Lucas 1:17). João não era Elias, embora tivesse o seu espírito e poder.