Seu nome vem do hebraico yesh-ah-yaw’-hoo que, como Josué, se traduz como “Javê salva”, “Javê é salvação”, ou mesmo “salvação de Javê”.
Era filho de Amoz (“Homem Forte”), do qual pouco se sabe, mas alguns julgam que se tratava do “homem de Deus” mencionado em 2 Crônicas 25:7-8.
A tradição rabínica mantém que Isaías era descendente da casa real de Judá e Tamar, e que seu pai Amoz era irmão do rei Amazias de Judá, sendo ele então primo do rei Uzias. A sua alta posição se evidencia pelo seu fácil acesso ao rei (Isaías 7:3) e intimidade com o sacerdote (Isaías 8:2).
A única fonte de informações que temos sobre a vida de Isaías é a Bíblia. Não se sabe se Deus já usava seus serviços antes da visão notável que descreveu no capítulo 6, que aconteceu no ano 759 a.c., quando morreu o rei Uzias do reino de Judá (Isaías 6:1).
Isaías chamava sua esposa de profetisa (Isaías 8:3), seja porque ela própria havia profetizado como havia Débora (Juízes 4:4) e Hulda (2 Reis 22:14-20), ou simplesmente porque era sua esposa. Tiveram dois filhos, a quem deu nomes simbólicos: Sear-Jasube (“um remanescente voltará”- Isaías 7:3) e Maer-Salal-Has-Baz (“veloz como o inimigo ao despojo” - Isaías 8:3), referindo-se à louca cobiça da Assíria à conquista de outros povos.
Isaías profetizava ousadamente, com a autoridade e firmeza do SENHOR, sem esconder nada nem demonstrar qualquer medo do homem. Destacou-se também pela sua espiritualidade e pela sua profunda reverência ao Senhor, o Santo de Israel (Isaías 10:20, etc.).
O seu ministério profético prosseguiu durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, sucessores de Uzias (Isaías 1:1).
Se viveu ainda por alguns anos após a morte de Ezequias em 698 a.c., o que é bem possível, Isaías teria sido também contemporâneo do rei Manassés por algum tempo.
Concluímos, em vista disso, que Isaías poderá ter vivido por um século, mais ou menos, tendo profetizado durante um período de, pelo menos, sessenta e quatro anos.
Quando muito jovem, Isaías já estaria presente por ocasião da invasão de Israel pelo monarca Pul da Assíria em 771 a.c. (2 Reis 15:19). Este foi, segundo alguns historiadores, o rei que se converteu pela pregação do profeta Jonas.
Os reis da Síria rendiam homenagem e davam tributo a Pul, e por causa dessa invasão o rei Menaém, de Israel, também lhe deu um tributo de mil talentos de prata, para que lhe ajudasse a firmar o reino na sua mão, extorquindo o dinheiro dos mais poderosos e ricos em Israel (2 Reis 15:19-20).
No ano em que Uzias morreu, Isaías estava aparentemente no templo e ali foi chamado para o seu ministério profético (Isaías 6:1-13). Segundo lemos em João 12:37 foi o Filho de Deus, que depois se encarnou como Jesus Cristo, que falou com Isaías nessa visão. Ele respondeu com notável entusiasmo e aceitou sua missão, embora soubesse desde pronto que consistia em uma advertência e exortação que não prometia sucesso.
Vinte anos mais tarde, depois de ter recebido aquela visão, houve a invasão de Israel e da Síria por parte de Tiglate-Pileser da Assíria em sua carreira de conquista pelo Oriente Médio.
Muitos historiadores consideram que Pul e Tiglate-Pileser eram uma só pessoa: Pul seria seu nome como rei da Babilônia, e Tiglate-Pileser III seu título como rei da Assíria. Pul fundou o segundo império da Assíria, e consolidou e organizou as suas conquistas em grande escala. Sua ambição era fundar um reino que abrangesse o mundo civilizado inteiro, tendo como centro a cidade de Nínive.
Nesta oportunidade Acaz, o rei de Judá, recusou-se a cooperar com os reis Peca de Israel e Rezin da Síria em oposição aos assírios. Por causa disso, em 741 a.c., Peca e Rezin com seus exércitos atacaram e venceram o exército do rei Acaz de Judá numa batalha (2 Reis 16:5; 2 Crônicas 28:5,6).
Acaz, humilhado, alinhou-se com a Assíria, e procurou o auxílio de Tiglate-pileser contra Israel e a Síria. Tiglate-pileser trouxe o seu exército no ano seguinte, derrotou Israel e a Síria, e levou muitos cativos com ele de volta para a Assíria (2 Reis 15:29, 16:9, 1 Crônicas 5:26). Logo após, um novo rei da Assíria, Salmanasar V, se dispôs a eliminar o reino de Israel e em 722 a.c. tomou e destruiu Samaria.
Já o reino de Judá teve tranquilidade por estar aliado aos assírios enquanto Acaz reinou; mas em 726 a.c. seu sucessor, Ezequias, revoltou-se contra o rei da Assíria (2 Reis 18:7) e entrou em uma aliança com o rei do Egito (Isaías 30:2-4). Fora incentivado a isso por Isaías, que exortou seu povo a depositar toda a sua dependência em Jeová (Isaías 10:24; 37:6),
O rei da Assíria ficou ameaçando Ezequias, mas só anos depois Senaqueribe (701 a.c.) levou um exército poderoso para invadir a terra de Judá. Ezequias se desesperou e rendeu-se aos assírios (2 Reis 18:14-16).
Mas após um breve intervalo eles se desentenderam outra vez, e novamente Senaqueribe levou seu exército para lá, e um destacamento ameaçou Jerusalém (Isaías 36:2-22; 37:8). Isaías novamente incentivou Ezequias a resistir os Assírios (Isaías 37:1-7), provocando Senaqueribe a enviar cartas ameaçadoras a Ezequias. Este as estendeu perante o SENHOR e fez uma oração declarando a sua fidelidade e pedindo socorro a Deus.
Isaías mandou dizer a Ezequias que, por ter feito sua súplica a Deus contra Senaqueribe, o SENHOR lhe mandava a sua palavra declarando que esse rei da Assíria havia afrontado e blasfemado contra o Santo de Israel. Portanto ele não entraria na cidade nem lançaria nela flecha alguma, mas voltaria pelo caminho por onde tinha vindo, pois o SENHOR defenderia a cidade para a livrar, por amor de Si próprio e por amor do Seu servo Davi.
Então “saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos.” (Isaías 37:36).
Em vista disso Senaqueribe se retirou e foi-se, indo habitar novamente em Nínive. Ele nunca se recuperou do choque do desastre que sofrera em Judá. Cessou de mandar expedições militares para agredir Judá e o Egito.
Os anos restantes do reinado de Ezequias foram pacíficos (2 Crônicas 32:23,27-29). Isaías provavelmente viveu até a sua morte e durante alguns anos no reinado de Manassés, mas, assim como com o seu nascimento, o momento e a forma da sua morte são desconhecidos. Há uma tradição antiga encontrada em livros apócrifos dos judeus segundo a qual ele sofreu o martírio nas mãos do rei Manassés.
Embora tenha sido conselheiro político e religioso da nação de Judá, o seu horizonte profético não tinha limites, sendo considerado por muitos como “o profeta universal de Israel”.
Segundo alguns, Isaías profetizou e descreveu tantas coisas aplicáveis à era cristã, escondida no Velho Testamento, que dá a impressão que não estava profetizando, mas contando a história de acontecimentos já passados. É quem mais se destaca entre os profetas escritores, e seu livro é um dos dos mais profundos, realçando o tema da salvação pela fé.
Todo o livro é uma visão profética (capítulo 1:1), escrito como poema, em versos, no original. Envolve três períodos históricos distintos:
1. A 2ª. metade do oitavo século A.C., nas invasões dos assírios (cap. 1 a 39).
2. A 1ª. metade do sexto século A.C., no exílio na Babilônia (cap. 40 a 55).
3. A 2ª. metade do sexto século A.C., na volta do exílio (cap. 56 a 66).
Encontram-se, entremeiadas nas mensagens, profecias sobre Jesus Cristo, cumpridas no Novo Testamento e outras ainda no futuro, por exemplo cap. 9:6 (Lucas 2:11 e Efésios 2:14-18), cap. 50:6 (Mateus 26:67, 27:26,30), cap. 61:1,2 (Lucas 4:17-19), o cap. 52:13-53:12 descreve o Cordeiro de Deus, etc., Seu ministério, crucificação, e volta ainda futura como Rei.