O nome Malaquias, tradução do hebraico “mal'a¯khi¯” que se traduz “meu mensageiro”, não aparece em qualquer outro livro da Biblia. Alguns supõem que o nome do livro é simplesmente um título descrevendo a função do autor - mensageiro do SENHOR - e não o seu nome.
Não se sabe ao certo quando a profecia foi dada, mas é o último livro no Velho Testamento a ser escrito, isso ao redor do ano 420 AC segundo alguns comentaristas. Nela são mencionadas as condições encontradas por Neemias quando voltou a Jerusalém na sua segunda viagem em 432 AC, portanto o autor era possivelmente contemporâneo de Neemias (compare Malaquias 2:8, 2:10-16, com Neemias 13:15; 13:23), tendo escrito a profecia pouco antes ou depois da volta de Neemias da Pérsia (Neemias 13:6), e certamente depois de Ageu e Zacarias, pois não é mencionado por Esdras; a construção do templo havia sido concluída (nada se diz sobre sua reconstrução), os rituais reintroduzidos e os muros de Jerusalém reconstruídos.
O profeta exortou o povo a se lembrar da lei de Moisés, que foi lida em público por Esdras em 444 AC. Textos do livro são citados seis vezes no Novo Testamento, dos quais cinco pelo Senhor Jesus, mas seu nome não é mencionado (Mateus 11:10, 17:12; Marcos 1:2, 9:11,12; Lucas 1:17; Romanos 9:13). Segundo a tradição judaica o autor pertencia à "grande sinagoga" e era um levita originário de Sufá no sudeste do mar Morto.
Malaquias registra o último apelo feito pelo SENHOR ao Seu povo no Velho Testamento, apontando a necessidade de grandes reformas para preparar o caminho do Messias que haveria de vir. Não houve mais profetas para serem ouvidos até João Batista, quatro séculos depois.
O livro pinta um triste quadro do povo escolhido de Deus naquele tempo, pois o declínio espiritual havia se estabelecido novamente. Malaquias era um escritor corajoso e severo, empenhado em chamar o seu povo para voltar ao relacionamento que havia pactuado com o SENHOR.
Através do livro o profeta lembra Israel do amor do SENHOR para com ele. O conteúdo do livro está dividido em quatro capítulos, mas consiste de três seções, depois desta introdução. No texto hebraico os capítulos 3 e 4 são juntados em um só.
A primeira seção (cap. 1:6 - 2:9) é dirigida aos sacerdotes que haviam desdenhado o nome do SENHOR, e haviam liderado um desvio da Sua adoração; contém uma advertência severa a eles por isso, e por sua parcialidade na administração da lei.
A segunda seção (cap. 2:9-16) é dirigida àqueles entre o povo que haviam se casado com gentios idólatras.
A terceira seção (cap. 2:17-4:6) é dirigida ao povo em geral, advertindo-o da vinda de Deus para juízo, precedido da vinda do Messias.
O SENHOR tinha uma advertência (um oráculo, profecia, julgamento) para Malaquias transmitir a Israel. O SENHOR não havia desistido do seu convênio com Israel, nem haveria de esquecer das promessas que havia feito aos seus patriarcas.
O templo já havia sido reconstruído um século atrás e o povo estava perdendo a sua piedade. Havia apatia e desilusão porque as profecias animadoras messiânicas de Isaías, Jeremias e Miquéias não haviam se cumprido ainda. Muitos dos pecados que mereceram a atenção de Neemias e Oséias estavam sendo praticados novamente. Malaquias apresenta um diálogo figurado entre um Deus justo e o Seu povo empedernido.
O SENHOR apela para o Seu amor por Israel, no entanto o povo pergunta "De que maneira nos amaste?" Haviam ficado cegos ao amor de Deus. Grandemente envolvidos nas pressões do dia-a-dia, eles já não pensavam mais em tudo aquilo que Deus havia feito por eles no passado.
Deus os lembra como Ele havia preferido seu ancestral Jacó ao seu irmão gêmeo Esaú (Gênesis 25:19-26). Esaú foi o primeiro a nascer, portanto tinha o direito à primogenitura, envolvendo a herança das propriedades do pai, bem como, segundo pensava, as promessas de bênção de Deus a Abraão, passadas ao seu pai, Isaque.
Mas desde cedo Esaú tinha dado pouco valor às coisas espirituais, enquanto Jacó ansiava tanto pela bênção que estava disposto a usar de chantagem com seu irmão e enganar o seu pai na tentativa de herdá-la ele próprio.
Deus cuidou do povo de Israel de uma maneira especial, porque ele escolhera a Jacó, a quem ele deu esse nome de Israel, para ser aquele de quem viria a nação através da qual o mundo seria abençoado, como prometera a Abraão. Ironicamente, esse povo rejeitou a Deus várias vezes embora tivesse sido escolhido por Ele.
A frase "rejeitei Esaú" não significa um ódio implacável contra Esaú ou o seu destino eterno. Significa apenas que Deus escolhera Jacó, e não o seu irmão Esaú, para ser o homem através de quem a nação de Deus e o Messias haveriam de vir (veja Romanos 9:10-13).
Deus também permitira a Esaú ter uma nação como sua descendência, mas essa nação, Edom, mais tarde se tornou em um dos inimigos principais do povo de Israel, e Deus o castigou por causa disso. Edom significa "vermelho" e o nome foi dado ao povo descendente de Esaú por causa do ensopado vermelho que ele aceitou de Jacó em troca pelo seu direito à primogenitura (Gênesis 25:30).
A terra de Edom se estendia a partir do norte do golfo de Acaba até o sul do mar Morto (1 Reis 9:26), e é onde hoje se encontra o reino da Jordânia. É uma região montanhosa, e ainda hoje é uma área selvagem e acidentada, atravessada por vales férteis. Os primeiros habitantes eram os horeus, mas foram destruídos pelos edomitas (Deuteronômio 2:12). Estes mais tarde recusaram passagem aos israelitas pela terra que haviam conquistado (Números 20:14-21), e depois sempre mantiveram uma atitude de hostilidade para com eles.
Foram vencidos e conquistados pelo rei Davi, mas se rebelaram contra o seu descendente, o malvado rei Jeorão de Judá, e se tornaram independentes outra vez. Eles se juntaram aos caldeus quando Nabucodonozor tomou Jerusalém, e depois invadiram e tomaram posse do sul da terra de Israel até Hebrom. Mas, eventualmente, Edom desvaneceu debaixo do poder crescente dos caldeus (Jeremias 27:3,6).
Sua antiga capital era conhecida como Bozra (Isaías 63:1), e existe uma cidade daquele nome naquela região hoje. Mas recentemente a cidade rochosa de Selá (Isaías 16:1, Obadias 1:3), melhor conhecida agora pelo seu nome grego Petra (rocha) (2 Reis 14:7) foi redescoberta pelo mundo ocidental e tem sido reconhecida como a verdadeira capital antiga de Edom. Está perto do monte Hor, próxima ao deserto de Zin, e a sua destruição havia sido profetizada.
Sua população a abandonou por completo no quinto século d.C., e é agora visitada por turistas, que se maravilham com a grande cidade cavada nas rochas.
Existem muitas profecias concernentes a Edom (Isaías 34:5, 6; Jeremias 49:7-18; Ezequiel 25:13; 35:1-15; Joel 3:19; Amós 1:11; Malaquias 1:3, 4) que foram cumpridas fielmente. A desolação em que aquela terra se encontra atualmente é um testemunho concreto da inspiração de Deus dessas profecias. Depois de uma existência através de mais de setecentos anos como um povo, os edomitas desapareceram completamente e até o seu idioma foi esquecido para sempre.
O livro de Malaquias é comentado AQUI.