O nome Zacarias, tradução do hebraico“Zecharjah”que se traduz “Jah se lembrou”, foi dado a uns trinta homens que aparecem na Bíblia. Este se identifica como filho de Berequias, que por sua vez era filho de Ido, um dos chefes das famílias sacerdotais que voltaram com Zorobabel da Babilônia (Zacarías 1:1, 7 e Esdras 5:1 e 6:14).
Ciro, rei da Pérsia, derrotou a Babilônia em 539 AC e tinha decretado que os cativos no exílio poderiam retornar para sua pátria. Nascido na Babilônia durante o exílio, Zacarias era um homem relativamente jovem quando retornou com os primeiros que voltavam a Jerusalém em 538 AC (Zacarias 2:4).
Como profeta (e possivelmente sacerdote) Zacarias começou seu ministério ao mesmo tempo que o profeta Ageu (520-518 AC), e a sua primeira profecia foi entregue em 520 AC, dois meses após a primeira de Ageu. Como Ageu, Zacarias encorajou a população a continuar a reconstrução do templo, que havia sido interrompida por quase 10 anos. Zacarias combateu a apatia espiritual do povo, o desespero devido às pressões dos seus inimigos, e o desânimo sobre a menor escala dos alicerces do novo Templo. A negligência das nossas prioridades espirituais no cumprimento do propósito de Deus pode ser igualmente devastadora hoje.
No prefácio do seu livro (capítulo 1:1-6), Zacarias recorda a história do passado da nação, com a finalidade de apresentar um aviso solene para a geração dele. Em seguida, conta uma série de oito visões (capítulos 1:7 a 6:8), seguindo-se uma à outra na mesma noite, como um símbolo da nação de Israel, que se destinam a fornecer consolação aos exilados que voltaram e promover esperança entre eles. O ato simbólico da coroação de Josué (capítulo 6:9-15), descreve como os reinos do mundo se tornarão no reino de Deus em Jesus Cristo no milênio.
Dois anos mais tarde a palavra do SENHOR veio ao povo através de Zacarias, explicando por que razão o juízo viera sobre a nação (capítulos 7 e 8). Deus tinha chamado o povo a praticar a justiça, a misericórdia e a compaixão, mas ele não quiz ouvir. Como consequência a ira divina caíra sobre Israel, sua oração não era atendida, e finalmente fora disperso entre as nações e sua terra foi desolada. Eles agora perguntavam se deviam jejuar, mas o mal que estavam sofrendo era resultado do seu próprio pecado e desobediência. Aos olhos de Deus os Seus mandamentos e ordenanças nunca substituem a justiça e a fé do Seu povo. Terminou com um incentivo para o povo, garantindo-lhes que ainda queria abençoá-los.
Depois de um intervalo, cuja duração não se pode determinar, o profeta descreve dois fardos que leva (capítulos 9 a 14):
1. Ele apresenta um esboço do caminho levado nas relações providenciais da parte de Deus para com o Seu povo, até a primeira vinda de Cristo:
As nações inimigas de Israel serão castigadas (capítulo 9:1 a 8), em seguida o povo de Deus é incentivado pela promessa da vinda do Messias (Rei). O versículo 9:9 descreve a Sua primeira vinda, humilde, num jumento. Tanto Mateus como João citam este versículo como referindo-se à chamada "Entrada triunfal" de nosso SENHOR em Jerusalém. O versículo 9:10 nos leva à Sua segunda vinda, quando vier em poder e grande glória. As armas de guerra serão abolidas, e Cristo reinará "de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra" (Zacarias está aqui citando o Salmo 72:8). A presente era da igreja de Cristo fica oculta entre os versículos 9 e 10, pois era um mistério até que foi revelado (veja AQUI).
2. O segundo fardo (capítulos 12- 14) aponta as glórias que esperam por Israel, no último dia, o conflito final e a vitória do reino de Deus:
Em uma data futura Jerusalém será uma "fonte de atordoamento" para todas as nações ao redor, e também para Judá, durante um cerco contra Jerusalém. Ela será como uma pedra pesada para todos os povos, e todos os que combaterem contra ela serão gravemente feridos. O SENHOR há de bater os invasores, inimigos dos judeus, com loucura e pânico, e os judeus hão de finalmente reconhecer Deus como a sua força (capítulo 12:5). Jerusalém será habitada novamente pelos judeus. O SENHOR fortalecerá os habitantes de Jerusalém, destruirá todas as nações que vierem contra ela e sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém derramará o espírito de graça e de súplicas. “E olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.” Naquele dia haverá grande pranto em Israel. “Aquele a quem trespassaram” é uma referência a Jesus Cristo, o SENHOR. O luto por um filho único era o acontecimento mais triste para um israelita. O primeiro versículo do capítulo 13 está intimamente ligado com o capítulo anterior. Após o povo de Judá e de Israel serem levados ao arrependimento pela rejeição do Messias, seguir-se-á um grande dia nacional de expiação. A fonte para a limpeza abriu-se no Calvário, mas Israel como nação não entra em suas bênçãos até a segunda vinda de Jesus Cristo. Esta é descrita no último capítulo, bem como a transformação geográfica que se dará em Jerusalém e arredores. Ele é o SENHOR ("YHWH" – veja AQUI ). Termina com uma descrição de Jerusalém e dos povos no reino milenar de Cristo (veja AQUI).
Após descrever a gloriosa expectativa do reino de Deus sobre a terra, Zacarias terminou com essa frase; "naquele dia não haverá mais cananeu na casa do SENHOR dos exércitos." Os cananeus foram os habitantes originais da terra prometida a Abraão e os seus descendentes. Deus ordenou aos israelitas que fossem todos eliminados completamentamente por ocasião da conquista da terra, devido à sua idolatria e perversidade. Mas não foram, e os remanescentes tornaram-se nos inimigos mais ferrenhos de Israel. O novo templo será inacessível aos inimigos de Deus e do seu povo, para conservar a sua santidade.