Todos os quatro Evangelhos contribuem com detalhes sobre a noite entre nosso sábado e o domingo quando se deu a ressurreição do Senhor Jesus. Vamos incluí-los todos neste estudo, ou seja, esse texto de Mateus e também Marcos 16:2 a 11, Lucas 24:1 a 12 e João 20:1 a a 10, e procurar harmonizar as quatro narrativas o quanto possível.
Destacamos os seguintes fatos:
Pouco depois do pôr-do-sol que terminava o sábado judeu, um anjo do Senhor desceu do céu com um grande terremoto, e afastou a pedra na entrada do túmulo onde havia sido depositado o corpo do Senhor Jesus, abrindo passagem.
O túmulo já estava vazio: exatamente três dias e três noites depois do sepultamento o espírito do Senhor Jesus voltou e o corpo fora transformado, obtendo novas características gloriosas (comp. 1 Coríntios 15:35-52). Este corpo não podia ser contido por barreiras materiais.
O anjo assentou-se na pedra. Sua aparência (conforme vista pelos guardas), era "como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve", assustando tanto os guardas que eles tremeram de medo e ficaram como mortos por algum tempo.
Em seguida, os guardas se levantaram e saíram correndo (as mulheres ainda estavam a caminho - ver. 11). Alguns deles foram até a cidade e contaram o que havia ocorrido aos chefes dos sacerdotes. Estes convocaram uma reunião e decidiram dar um grande suborno aos soldados para que dissessem que haviam dormido, e enquanto dormiam os discípulos haviam entrado na sepultura e furtado o corpo. Prometeram que não seriam castigados.
Esta versão inacreditável foi divulgada no primeiro século. Outras versões igualmente inverossímeis foram propostas através dos séculos, mas nenhuma pode desfazer a realidade bíblica dos fatos.
Maria Madalena, Salomé e a outra Maria (mãe de Tiago) haviam saído de casa (Betânia) antes do pôr-do-sol do sábado para ver o sepulcro, levando aromas para ungir o corpo do Senhor.
Ao chegarem lá, encontraram a pedra removida, e um jovem vestido de roupas brancas (o anjo) lhes disse que Jesus que foi crucificado não estava mais ali, pois havia ressuscitado como Ele tinha dito. Entrou com elas para mostrar o lugar, agora vazio, onde o corpo havia sido colocado, e pediu que elas fossem contar o fato aos discípulos e informar que Ele ia adiante deles para a Galiléia, onde os encontraria.
As três mulheres saíram depressa do sepulcro, tremendo e assustadas, e duas delas não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas (Marcos 16:8).
Mas Maria Madalena foi até Pedro e João e disse que haviam levado o Senhor do sepulcro (João 20:2); eles correram até lá, entraram e viram os lençóis e o lenço que estivera na cabeça, mas não o corpo. Voltaram para casa, e João creu (João 20:1-10).
Maria Madalena também foi novamente ao sepulcro, olhou dentro, e viu dois anjos vestidos de branco que lhe perguntaram porque chorava. Voltando-se ela, teve um comovente e surpreendente encontro com o Senhor, ressuscitado. Ele ainda não havia subido para o Pai. Em seguida, Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos o que lhe havia acontecido. Mas eles não creram. (João 20:11-17).
Já ao amanhecer, outras mulheres que haviam vindo da Galiléia também subiram de Jerusalém, levando as especiarias que haviam preparado, e a elas se juntaram Salomé e a mãe de Tiago. Acharam a pedra revolvida e não acharam o corpo do Senhor Jesus, mas dois homens com as roupas resplandecentes pararam junto delas e perguntaram: "Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite."(Lucas 12:1-7)
As mulheres saíram depressa do sepulcro, amedrontadas e cheias de alegria. Quando corriam para anunciar aos discípulos o que tinha acontecido, de repente o Senhor Jesus lhes saiu ao encontro e saudou-as. Elas, chegando, abraçaram os seus pés e adoraram. Note-se que, desta vez, Ele permitiu que elas o tocassem, logo, no intervalo, Ele já tinha ido ao Pai e voltado.
Novamente receberam a ordem para dizer aos discípulos para irem para a Galiléia, onde eles O veriam - note-se que Ele agora os chama de "Meus irmãos". Também quando falava com Maria Madalena Ele disse "vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus".
Agora, completada a redenção, Seus discípulos já haviam sido adotados como filhos por Deus, introduzindo o relacionamento filial a Deus de todo aquele que recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador (João 1:12). E o Senhor Jesus dá a honra aos Seus discípulos de chamá-los de "irmãos" por terem o mesmo Pai. Notemos, porém, que é condescendência da parte dele, e que nunca, na Bíblia, lemos que algum discípulo, mesmo seus irmãos carnais e espirituais Tiago e Judas se atreveram a chamá-lo de "Irmão". Sua divindade o faz sublime demais para tomarmos essa liberdade.
As mulheres foram, e contaram tudo aos discípulos, mas eles não acreditaram nas mulheres; as palavras delas lhes pareciam loucura (Lucas 24:11).
Pedro novamente "correu até o sepulcro, abaixou-se e viu as faixas de linho e mais nada; afastou-se, e voltou admirado com o que acontecera." (Lucas 24:12). Leia também AQUI.
Dois discípulos que moravam em Emaús, uma aldeia a 60 estádios (10,8 km) de Jerusalém, estavam voltando para casa nesse dia, depois desses eventos, e estavam conversando sobre as coisas extraordinárias que haviam acontecido nos últimos dias.
No caminho, o Senhor Jesus se chegou a eles, mas eles não O reconheceram.
O Senhor indagou sobre o que falavam, e eles contaram o que havia acontecido com "Jesus de Nazaré, um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo" (Lucas 24:19): sua entrega pelos chefes dos sacerdotes e suas autoridades para ser condenado à morte e crucificação, enquanto os discípulos esperavam que fosse Ele que iria trazer a redenção a Israel.
Contaram também do susto que haviam levado de manhã com as mulheres que tinham encontrado o túmulo vazio e tiveram uma visão de anjos que lhes disseram que Ele estava vivo. Alguns dos seus companheiros tinham ido ao sepulcro e comprovaram que ele estava vazio, mas não viram o Senhor.
O Senhor repreendeu a demora deles a entender e crer em tudo o que os profetas falaram. Perguntou se o Cristo não devia sofrer estas coisas para entrar na Sua glória? E procedeu a lhes explicar o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.
Quando já estava ficando tarde, concordou em ficar em sua casa depois de muita insistência da parte deles, mas ao se iniciar a refeição, tendo Ele dado graças e partido o pão eles O reconheceram. No mesmo instante Ele desapareceu da sua vista. Os dois discípulos se levantaram e voltaram imediatamente a Jerusalém, às pressas.
Encontraram os onze apóstolos e outros discípulos reunidos, que estavam comentando que a ressurreição era verdade, pois o Senhor havia também aparecido a Pedro (não temos o relato desse encontro). Os dois discípulos começaram a contar sua própria experiência, mas foram interrompidos pela aparição do próprio Senhor Jesus Cristo, ressuscitado, entre eles.
O Senhor os cumprimentou e, para que não houvesse mais dúvidas (pensavam que fosse um espírito) Ele se identificou mostrando suas mãos e seus pés e pediu que O tocassem para provar que tinha carne e ossos. Como não cressem ainda, tão cheios estavam de alegria e de espanto, Ele pediu comida, deram-lhe um pedaço de peixe assado, e Ele o comeu na presença deles.
Este foi o domingo mais memorável de toda a história.
Evangelho de Mateus, capítulo 28, ver. 1 a 15:
1 E, no fim do sábado, quando já se aproximava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
2 E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela.
3 E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como neve.
4 E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos.
5 Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
6 Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.
7 Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito.
8 E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos.
9 E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.
10 Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão.
11 E, quando iam, eis que alguns da guarda, chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as coisas que haviam acontecido.
12 E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
13 Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram.
14 E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.
15 E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado este dito entre os judeus, até ao dia de hoje.
Evangelho de Marcos, capítulo 16 ver. 2 a 11:
2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
4 E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande.
5 E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.
6 Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram.
7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
8 E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.
9 E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
10 E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando.
11 E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
Evangelho de Lucas, capítulo 12, ver. 1 a 15
1 E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas.
2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
3 E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
4 E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.
5 E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
6 Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,
7 Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
8 E lembraram-se das suas palavras.
9 E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos.
11 E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.
12 Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.
Evangelho de João, capítulo 20, ver. 1 a 10
1 E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.
2 Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.
3 Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro.
4 E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
5 E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.
6 Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,
7 E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.
8 Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.
9 Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos.
10 Tornaram, pois, os discípulos para casa.