O testemunho de João: este é o primeiro evento na vida de João Batista relatado neste Evangelho. Ele é confrontado por emissários das autoridades religiosas em Jerusalém, que vieram ver João Batista por várias razões:
Seu dever como guardiães da fé os obrigava a investigar qualquer pregação nova (Deuteronômio 13:1-5; 18:20-22).
Eles queriam descobrir se João tinha as credenciais de profeta.
João tinha muitos seguidores e o número estava crescendo.
Provavelmente estavam ciumentos e desejavam descobrir por que este homem era tão popular.
Para os fariseus, havia quatro possibilidades quanto à identidade de João Batista: ele seria:
o Messias (Daniel 9:25,26),
Elias (Malaquias 4:5),
o profeta predito por Moisés (Deuteronômio 18:15), ou
um falso profeta (Deuteronômio 13:1-5, 18:22).
Fizeram-lhe a pergunta: Quem é você? Isto ofereceu a João uma oportunidade para se engrandecer aos olhos dos líderes da nação; porém, fiel à sua missão, ele se negou a fazer tal coisa: confessou que não era o Messias, negou que fosse Elias, ou o profeta.
Em seguida perguntaram: Então quem é você? Queriam que falasse sobre si próprio. Considerando que ele negou ser um dos primeiro três, nas mentes deles ele seria agora classificado como um falso profeta. Em resposta, João se identificou simplesmente como “A voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías” (Isaías 40:3). Uma voz é tudo que João se chama: um mensageiro para dizer ao povo que preparasse o caminho para o Messias. Os fariseus queriam saber quem era João, mas João queria que todo o mundo soubesse quem era Jesus.
O batismo de João: João estava batizando os judeus. O essênios (uma seita judaica daquele tempo que professava uma vida austera) praticava o batismo para purificação, mas normalmente só eram batizados os gentios que se convertiam ao judaísmo.
Quando os fariseus questionaram a autoridade de João para batizar, eles estavam perguntando quem deu a João o direito de tratar as pessoas escolhidas de Deus (os judeus) como se fossem gentios. João disse, "eu batizo com água": ele estava apenas ajudando as pessoas a praticar um ato simbólico de arrependimento, pois João realmente batizava com o batismo de arrependimento, dizendo às pessoas que elas deveriam crer naquele que viria depois dele, isto é, em Cristo Jesus (Atos 19:4). Mas logo viria Alguém que realmente perdoaria pecados, algo que só o Filho de Deus, o Messias, poderia fazer.
De acordo com o costume daquele tempo, um criado devia fazer toda tarefa exigida pelo seu senhor, enquanto que um discípulo devia fazer tudo menos desatar os seus calçados. Ao dizer que não era digno de desatar a correia da alparca daquele que estava para vir, João significava que ele próprio nem merecia ser o Seu servo, tão exaltado era Ele.
João estava batizando num lugar chamado Betabara (casa do vau), na vila chamada Betânia na margem oriental do rio Jordão (não confundir com a outra Betânia próxima a Jerusalém por onde o Senhor costumava passar quando ia lá). Pode ter sido o vau pelo qual Jacó cruzou quando ele voltou da Mesopotâmia, perto de Jaboque (Gênesis 32:22, também veja Juízes 7:24, 12:4). Ainda tem o nome de "o vau", aproximadamente 25 milhas de Nazaré.
O Cordeiro de Deus é identificado: João Batista identificou o Senhor Jesus claramente como Messias, chamando-o de “Cordeiro de Deus” (Isaías 53:7). No idioma simbólico da Bíblia, o cordeiro é tipo da mansidão e da inocência (Isaías 11:6; 65:25; Lucas 10:3; João 21:15, 1 Pedro 1:19). O cordeiro era um símbolo de Cristo (Gênesis 4:4; Êxodo 12:3; 29:38; Isaías 16:1; 53:7; João 1:36; Apocalipse 13:8). Cristo é chamado de Cordeiro de Deus, como o grande sacrifício do qual os sacrifícios anteriores eram só tipos (Números 6:12; Levítico 14:12-17; Isaías 53:7; 1 Coríntios 5:7): todas as manhãs e noites, um cordeiro era sacrificado no templo pelos pecados das pessoas (Êxodo 29:38-42).
Isaías profetizou que o Messias, o servo de Deus, seria conduzido ao sacrifício como um cordeiro. Para pagar a penalidade pelo pecado, uma vida tinha que ser dada e Deus escolheu prover o sacrifício Ele próprio. Os pecados do mundo (não só dos judeus) seriam afastados quando Jesus morresse como o sacrifício perfeito. Este é o modo em que nossos pecados são perdoados (1 Coríntios 5:7). Ele tira o pecado do mundo, passado, presente e futuro, o que significa o pecado individual de cada pessoa no mundo inteiro que confessa o seu pecado a Ele e pede o Seu perdão (1 João 1:9).
Os judeus não esperavam um Messias sofredor (João 12:34), nem mesmo os discípulos no princípio (Marcos 9:32; Lucas 24:21). Mas João, o Precursor do Messias, teve a perspicácia profética para reconhecer o Messias como sendo o Cordeiro Pascal, já encontrado em Isaías 53, embora os rabinos não o tivessem feito. Simeão compreendeu vagamente (Lucas 2:35), mas João o fez mais claramente.
Eu não O conhecia... João diz isto duas vezes. Ele tinha predito e descrito o Messias antes de conhecer e batizá-lO. João e Jesus eram parentes (Lucas 1:36), logo João provavelmente o conhecia como pessoa apenas. Mas não foi até o Seu batismo que João recebeu confirmação que Ele era o Messias. O propósito do ministério de João era manifestar para Israel, com os privilégios espirituais daquele povo (João 1:49), a chegada do Messias das suas profecias; por isto batizava dentro do rio esses que confessavam os seus pecados (Marcos 1:5). De fato, sabemos que ele reconheceu Jesus como Messias quando Ele veio se batizar, antes da vinda do Espírito Santo sobre Ele (Mateus 3:14). Mas a visão do Espírito descendo como uma pomba sobre Jesus no batismo (Marcos 1:10; Mateus 3:16; Lucas 3:22) tornou-se em prova permanente para ele, porque Deus lhe havia dito anteriormente que esta seria a marca de identificação (os judeus consideravam a pomba como um símbolo do Espírito de Deus).
Esse é o que batiza no Espírito Santo: O batismo de João com água era preparatório, porque era para arrependimento e simbolizou a lavagem dos pecados. Jesus, em contraste, batizaria no Espírito Santo. Ele enviaria o Espírito Santo sobre todos os crentes; não só alguns, mas todo crente é batizado no Espírito Santo, sendo identificado assim com o corpo de Cristo do qual ele se torna parte, e é assim autorizado a viver em Cristo e a passar aos outros a mensagem de salvação (1 Coríntios 12:13).
Esta efusão do Espírito veio depois que Jesus ressuscitou e ascendeu ao céu (Atos 1:5,8). O Senhor Jesus também batizará com fogo (Mateus 3:11 e Lucas 3:16): este é o batismo de julgamento que virá sobre a terra, quando Ele vier pela segunda vez.
Este é o Filho de Deus: o título “Filho de Deus” aparece na profecia contida no Salmo 2, é implícito no Salmo 89:26,27 e foi usado por Satanás nas tentações que seguiram o batismo de Jesus (Mateus 4:3,6). Foi dado a Jesus depois do Seu batismo por uma voz de céu, de Deus o Pai, (Mateus 3:17) que teria sido ouvida por João Batista. Aparece muitas vezes no Novo Testamento para designar a segunda Pessoa da Santa Trindade, o Senhor Jesus Cristo. Esta declaração é a conclusão do testemunho de João, que Ele é o Filho de Deus, que Ele tem uma natureza divina. João não o disse apenas por ouvir dizer, mas deu testemunho do que viu. As testemunhas de Cristo eram testemunhas oculares, merecedoras do maior crédito (2 Pedro 1:16).
1:19 E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
20 Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo.
:21 Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.
22 Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
23 Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
25 Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
26 Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
27 aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
28 Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia.
Joh 1:31 Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água.
32 E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
33 Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo.
34 Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus.
Evangelho de João, capítulo 1, versículos 19 a 34