Israel, tendo conquistado a maior parte do território ao leste do Jordão, acampou nas campinas de Moabe. Eram as terras que os moabitas haviam perdido para os cananeus, e os israelitas haviam depois conquistado para si. Os moabitas continuavam a habitar o resto do seu território, ao sul.
O rei dos moabitas, Balaque, ficou muito apreensivo com as vitórias dos israelitas e com o seu grande número, e angustiado porque representavam um perigo para o seu próprio povo. Não podia entrar em guerra contra eles porque eram mais poderosos, e procurou então uma solução "espiritual": contratar os serviços de um profeta famoso chamado Balaão, que morava na distante Caldéia, para amaldiçoar os israelitas, assim permitindo que Balaque depois os pudesse vencer em batalha.
Balaão é o profeta venal típico, mercadejando com o seu dom. Este é o "caminho de Balaão" (2 Pedro 2:15) que caracteriza os falsos ensinadores. O "erro de Balaão" (Judas 11) foi que ele não compreendia que o povo de Israel havia sido redimido pelo SENHOR, mas via apenas um povo como outro qualquer; os falsos ensinadores também erram quando não levam em conta que Deus é justo e justificador dos que crêem em Cristo (Romanos 3:26). A "doutrina de Balaão" (Apocalipse 2:14) trata do seu conselho a Balaque para que corrompesse o povo, que ele não podia amaldiçoar (Números 31:16, 25:1-3; Tiago 4:4).
Balaão conhecia o Deus verdadeiro, embora também recorresse a augúrios (v.7, cap. 24:1) e adivinhações (Josué 13:22). Tendo recebido o pedido dos mensageiros de Balaque, ele esperou que o SENHOR o instruísse durante a noite sobre o que deveria dizer. E assim aconteceu: o SENHOR o instruiu claramente a não voltar com eles, nem amaldiçoar o povo, porque era povo abençoado (por Ele).
Balaão, obediente, recusou ir com os mensageiros explicando que o SENHOR recusava deixá-lo ir com eles.
Quando chegaram de volta à sua terra, e contaram o sucedido a Balaque, este logo concluiu que Balaão precisava de um incentivo maior. Mandou então uma comitiva maior, de gente mais importante, com o mesmo pedido e oferecendo lhe dar tudo o que ele quisesse.
Balaão disse que mesmo que Balaque lhe desse sua casa cheia de prata e de ouro, ele não poderia desobedecer o mandado do SENHOR seu Deus. Ele já havia recebido uma mensagem bem clara do SENHOR na vez anterior, mas ele deve ter tido alguma esperança que o SENHOR abrandasse sua proibição, porisso pediu que os moabitas esperassem até a manhã seguinte para que ele soubesse o que o SENHOR lhe diria.
O SENHOR compreendeu o dilema que atormentava Balaão (ele queria ir com os moabitas) e permitiu que fosse com eles, desde que eles viessem chamá-lo, e que somente falasse o que o SENHOR lhe dissesse. Deus também muitas vezes nos permite fazer aquilo que queremos, mesmo quando não é o Seu desejo, mas tenhamos cuidado, porque teremos que arcar com as conseqüências!
Mas Balaão não esperou os moabitas: logo de manhã ele albardou a sua jumenta e foi-se com eles. O SENHOR se irou por isso e interveio no caminho, como lemos no episódio extraordinário da jumenta. Era uma questão de obediência: a permissão do versículo 20 era um teste no qual Balaão falhou. Ele havia escolhido fazer o que ele próprio desejava, para o seu próprio proveito, amando o prêmio da injustiça.
É o que acontece com os falsos profetas (2 Pedro 2:15-16). Infelizmente muitos líderes cristãos hoje em dia, bem como entidades que se consideram evangélicas, também são motivados pela recompensa financeira sobre tudo.
Quando o Anjo do SENHOR falou com Balaão, ele reconheceu o seu pecado, e até ofereceu voltar. Mas o Anjo do SENHOR permitiu que ele continuasse, mas que só falasse aquilo que o SENHOR lhe dissesse.
Balaão continuou o seu caminho, e Balaque foi ao seu encontro, até a fronteira do seu território, o rio Arnom. Balaque presumiu que a vinda de Balaão significava que ele amaldiçoaria Israel, mas Balaão preveniu a Balaque que só falaria as palavras que o SENHOR pusesse em sua boca: era uma declaração habilmente inócua, pois Balaão sabia que o SENHOR não permitiria que ele amaldiçoasse Israel, mas não queria dizer isto a Balaque.
Os dois foram, com suas comitivas, a Quiriate-Huzote onde comeram uma boa refeição. Na manhã seguinte subiram ao alto de um monte de onde podiam ver um pouco do acampamento dos israelitas do outro lado da fronteira.
Neste local, Bamote-Baal (altos de Baal), fizeram sete altares e sacrificaram um novilho e um carneiro em cada um. O SENHOR encontrou-se com Balaão e pôs-lhe a palavra na boca. Ele então afirmou (em resumo) que Israel não podia ser amaldiçoado, pois era uma nação separada de todas as demais e um povo tão grande que mesmo a quarta parte do que ele podia ver não se podia enumerar, e que ele desejava poder morrer partilhando das bênçãos de Israel. Não era, de forma alguma, o que Balaque queria que ele dissesse, e Balaque não gostou.
Depois de fazer seu protesto, Balaque levou Balaão para o cume de Pisga, no campo de Zofim, de onde podiam ver outra parte do acampamento dos israelitas. Novamente fizeram sete altares e ofereceram um novilho e um carneiro sobre cada um. Pela segunda vez o SENHOR encontrou-se com Balaão e pôs-lhe a palavra na boca. Transmitindo essa palavra, Balaão disse a Balaque que o SENHOR havia abençoado a Israel, portanto ele não podia ser amaldiçoado, pois o SENHOR cumpre as suas promessas; que Deus não havia visto iniqüidade ou desventura naquele povo, e que os israelitas agiam com o poder de Deus, não valendo encantamento ou adivinhação contra ele. Balaque se desgostou mais ainda e disse a Balaão para não amaldiçoar mas também não abençoar Israel.
Balaque, apesar disto, perseverou e levou Balaão para o cume da montanha de Peor. Novamente construíram sete altares e sacrificaram um novilho e carneiro em cada um, mas Balaão não foi procurar a palavra do SENHOR como das outras vezes, pois já não tinha mais dúvidas de que deveria realmente abençoar a Israel. O Espírito de Deus então veio sobre ele, e ele profetizou de olhos abertos, ou seja, com perfeita visão espiritual.
Em sua profecia, ele prevê as vitórias de Israel sobre os seus inimigos, sua prosperidade, seu domínio, terminando com as palavras benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem. Balaque desta vez se enfureceu, mandando que fosse embora e afirmando que não lhe pagaria nada por causa da sua obediência ao SENHOR.
Balaão lembrou-o de que havia advertido seus mensageiros que mesmo que Balaque lhe desse sua casa cheia de prata e ouro, ele somente falaria as palavras que lhe fossem dadas pelo SENHOR. Prosseguiu, ainda, em sua profecia, predizendo a vinda do rei de Israel e a vitória sobre Moabe, Edom, Amaleque e os queneus, o cativeiro assírio de Israel e sua aflição por povos do Mediterrâneo. Em seguida ele partiu de volta para sua terra, e Balaque voltou pelo seu caminho.
Nas profecias de Balaão, Deus dá testemunho a favor do Seu povo ao invés de dá-lo contra ele, como das outras vezes. Esse testemunho é devido à sua posição como povo redimido por causa da serpente de metal que foi levantada, e da água procedente da rocha que fora ferida. O povo pecava (capítulos 20:11, 21:5-9) e Deus o disciplinava, mas não o submetia à condenação. A interpretação das profecias é literal quanto a Israel, e figurativa para o crente. Porque Cristo foi levantado (João 3:14), a posição do crente é segura e perfeita eternamente, embora seu comportamento possa exigir a disciplina do Pai (1 Coríntios 11:30-32; 2 Coríntios 1:4-13); todavia Deus é por ele, contra todos os inimigos (Romanos 8:31).
Capítulo 22:
1 Depois, partiram os filhos de Israel e acamparam-se nas campinas de Moabe, desta banda do Jordão, de Jericó.
2 Viu, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus.
3 E Moabe temeu muito diante deste povo, porque era muito; e Moabe andava angustiado por causa dos filhos de Israel.
4 Pelo que Moabe disse aos anciãos dos midianitas: Agora lamberá esta congregação tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Naquele tempo, Balaque, filho de Zipor, era rei dos moabitas.
5 Este enviou mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio, na terra dos filhos do seu povo, a chamá-lo, dizendo: Eis que um povo saiu do Egito; eis que cobre a face da terra e parado está defronte de mim.
6 Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; para ver se o poderei ferir e o lançarei fora da terra; porque eu sei que a quem tu abençoares será abençoado e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.
7 Então, foram-se os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas com o preço dos encantamentos nas mãos; e chegaram a Balaão e lhe disseram as palavras de Balaque.
8 E ele lhes disse: Passai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o SENHOR me falar; então, os príncipes dos moabitas ficaram com Balaão.
9 E veio Deus a Balaão e disse: Quem são estes homens que estão contigo?
10 E Balaão disse a Deus: Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas, mos enviou, dizendo:
11 Eis que o povo que saiu do Egito cobriu a face da terra; vem, agora, amaldiçoa-mo; porventura, poderei pelejar contra ele e o lançarei fora.
12 Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás a este povo, porquanto bendito é.
13 Então, Balaão levantou-se pela manhã e disse aos príncipes de Balaque: Ide à vossa terra, porque o SENHOR recusa deixar-me ir convosco.
14 E levantaram-se os príncipes dos moabitas, e vieram a Balaque, e disseram: Balaão recusou vir conosco.
15 Porém Balaque prosseguiu ainda em enviar mais príncipes e mais honrados do que aqueles,
16 os quais vieram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,
17 porque grandemente te honrarei e farei tudo o que me disseres; vem, pois, rogo-te, amaldiçoa-me este povo.
18 Então, Balaão respondeu e disse aos servos de Balaque: Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia traspassar o mandado do SENHOR, meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande;
19 agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que o SENHOR me dirá mais.
20 Veio, pois, o Senhor a Balaão, de noite, e disse-lhe: Se aqueles homens te vieram chamar, levanta-te, vai com eles; todavia, farás o que eu te disser.
21 Então, Balaão levantou-se pela manhã, e albardou a sua jumenta, e foi-se com os príncipes de Moabe.
22 E a ira de Deus acendeu-se, porque ele se ia; e o Anjo do SENHOR pôs-se-lhe no caminho por adversário; e ele ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus moços com ele.
23 Viu, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que desviou-se a jumenta do caminho e foi-se pelo campo; então, Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho.
24 Mas o Anjo do SENHOR pôs-se numa vereda de vinhas, havendo uma parede desta banda e uma parede da outra.
25 Vendo, pois, a jumenta o Anjo do SENHOR, apertou-se contra a parede e apertou contra a parede o pé de Balaão; pelo que tornou a espancá-la.
26 Então, o Anjo do SENHOR passou mais adiante e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita nem para a esquerda.
27 E, vendo a jumenta o Anjo do SENHOR, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão.
28 Então, o SENHOR abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes?
29 E Balaão disse à jumenta: Porque zombaste de mim; tomara que tivera eu uma espada na mão, porque agora te mataria.
30 E a jumenta disse a Balaão: Porventura, não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo que eu fui tua até hoje? Costumei eu alguma vez fazer assim contigo? E ele respondeu: Não.
31 Então, o SENHOR abriu os olhos a Balaão, e ele viu o Anjo do SENHOR, que estava no caminho, e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça e prostrou-se sobre a sua face.
32 Então, o Anjo do SENHOR lhe disse: Por que já três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu saí para ser teu adversário, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim;
33 porém a jumenta me viu e já três vezes se desviou de diante de mim; se ela se não desviara de diante de mim, na verdade que eu agora te mataria e a ela deixaria com vida.
34 Então, Balaão disse ao Anjo do SENHOR: Pequei, que não soube que estavas neste caminho para te opores a mim; e, agora, se parece mal aos teus olhos, tornar-me-ei.
35 E disse o Anjo do SENHOR a Balaão: Vai-te com estes homens, mas somente a palavra que eu falar a ti, esta falarás. Assim, Balaão foi-se com os príncipes de Balaque.
36 Ouvindo, pois, Balaque que Balaão vinha, saiu-lhe ao encontro até à cidade de Moabe, que está no termo de Arnom, na extremidade do termo dele.
37 E Balaque disse a Balaão: Porventura, não enviei diligentemente a chamar-te? Por que não vieste a mim? Não posso eu na verdade honrar-te?
38 Então, Balaão disse a Balaque: Eis que eu tenho vindo a ti; porventura, poderei eu agora de alguma forma falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, esta falarei.
39 E Balaão foi com Balaque, e vieram a Quiriate-Huzote.
40 Então, Balaque matou bois e ovelhas; e deles enviou a Balaão e aos príncipes que estavam com ele.
41 E sucedeu que, pela manhã, Balaque tomou a Balaão e o fez subir aos altos de Baal. E viu Balaão dali a última parte do povo.
Capítulo 23
1 Então, Balaão disse a Balaque: Edifica-me aqui sete altares e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.
2 Fez, pois, Balaque como Balaão dissera; e Balaque e Balaão ofereceram um bezerro e um carneiro sobre cada altar.
3 Então, Balaão disse a Balaque: Fica-te ao pé do teu holocausto, e eu irei; porventura, o SENHOR me sairá ao encontro, e o que me mostrar te notificarei. Então, foi a um alto.
4 E, encontrando-se Deus com Balaão, lhe disse este: Preparei sete altares e ofereci um bezerro e um carneiro sobre cada altar.
5 Então, o SENHOR pôs a palavra na boca de Balaão e disse: Torna para Balaque e fala assim.
6 E, tornando para ele, eis que estava ao pé do seu holocausto, ele e todos os príncipes dos moabitas.
7 Então, alçou a sua parábola e disse: De Arã me mandou trazer Balaque, rei dos moabitas, das montanhas do oriente, dizendo: Vem, amaldiçoa-me a Jacó; e vem, detesta a Israel.
8 Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? E como detestarei, quando o SENHOR não detesta?
9 Porque do cume das penhas o vejo e dos outeiros o contemplo: eis que este povo habitará só e entre as nações não será contado.
10 Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? A minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu.
11 Então, disse Balaque a Balaão: Que me fizeste? Chamei-te para amaldiçoar os meus inimigos, mas eis que inteiramente os abençoaste.
12 E ele respondeu e disse: Porventura, não terei cuidado de falar o que o SENHOR pôs na minha boca?
13 Então, Balaque lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro lugar, de onde o verás; verás somente a última parte dele, mas a todo ele não verás; e amaldiçoa-mo dali.
14 Assim, o tomou consigo ao campo de Zofim, ao cume de Pisga; e edificou sete altares e ofereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.
15 Então, disse Balaão a Balaque: Fica aqui ao pé do teu holocausto, e eu irei ali ao seu encontro.
16 E, encontrando-se o SENHOR com Balaão, pôs uma palavra na sua boca e disse: Torna para Balaque e fala assim.
17 E, vindo a ele, eis que estava ao pé do holocausto, e os príncipes dos moabitas, com ele; disse-lhe, pois, Balaque: Que coisa falou o SENHOR?
18 Então, alçou a sua parábola e disse: Levanta-te, Balaque, e ouve; inclina os teus ouvidos a mim, filho de Zipor.
19 Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?
20 Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar.
21 Não viu iniqüidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó; o SENHOR, seu Deus, é com ele e nele, e entre eles se ouve o alarido de um rei.
22 Deus os tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio.
23 Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; neste tempo se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus tem feito!
24 Eis que o povo se levantará como leoa e se exalçará como leão; não se deitará até que coma a presa e beba o sangue de mortos.
25 Então, Balaque disse a Balaão: Nem totalmente o amaldiçoarás, nem totalmente o abençoarás.
26 Porém Balaão respondeu e disse a Balaque: Não te falei eu, dizendo: Tudo o que o SENHOR falar, aquilo farei?
27 Disse mais Balaque a Balaão: Ora, vem, e te levarei a outro lugar; porventura, bem parecerá aos olhos de Deus que dali mo amaldiçoes.
28 Então, Balaque levou Balaão consigo ao cume de Peor, que olha para a banda do deserto.
29 Balaão disse a Balaque: Edifica-me aqui sete altares e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.
30 Balaque, pois, fez como dissera Balaão e ofereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.
Capítulo 24
1 Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do SENHOR que abençoasse a Israel, não foi esta vez como dantes ao encontro dos encantamentos, mas pôs o seu rosto para o deserto.
2 E, levantando Balaão os olhos e vendo a Israel que habitava segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus.
3 E alçou a sua parábola e disse: Fala Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos;
4 fala aquele que ouviu os ditos de Deus, o que vê a visão do Todo-poderoso, caindo em êxtase e de olhos abertos:
5 Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas as tuas moradas, ó Israel!
6 Como ribeiros se estendem, como jardins ao pé dos rios; como árvores de sândalo o SENHOR as plantou, como cedros junto às águas.
7 De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; e o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será levantado.
8 Deus o tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio; consumirá as nações, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas setas os atravessará.
9 Encurvou-se, deitou-se como leão e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.
10 Então, a ira de Balaque se acendeu contra Balaão, e bateu ele as suas palmas; e Balaque disse a Balaão: Para amaldiçoar os meus inimigos te tenho chamado; porém agora já três vezes os abençoaste inteiramente.
11 Agora, pois, foge para o teu lugar; eu tinha dito que te honraria grandemente; mas eis que o SENHOR te privou desta honra.
12 Então, Balaão disse a Balaque: Não falei eu também aos teus mensageiros, que me enviaste, dizendo:
13 Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e ouro, não posso traspassar o mandado do SENHOR, fazendo bem ou mal de meu próprio coração; o que o SENHOR falar, isso falarei eu.
14 Agora, pois, eis que me vou ao meu povo; vem, avisar-te-ei do que este povo fará ao teu povo nos últimos dias.
15 Então, alçou a sua parábola e disse: Fala Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos;
16 fala aquele que ouviu os ditos de Deus e o que sabe a ciência do Altíssimo; o que viu a visão do Todo-poderoso, caído em êxtase e de olhos abertos:
17 Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas e destruirá todos os filhos de Sete.
18 E Edom será uma possessão, e Seir também será uma possessão hereditária para os seus inimigos; pois Israel fará proezas.
19 E dominará um de Jacó e matará os que restam das cidades.
20 E, vendo os amalequitas, alçou a sua parábola e disse: Amaleque é o primeiro das nações; porém o seu fim será para perdição.
21 E, vendo os queneus, alçou a sua parábola e disse: Firme está a tua habitação, e puseste o teu ninho na penha.
22 Todavia, o queneu será consumido, até que Assur te leve por prisioneiro.
23 E, alçando ainda a sua parábola, disse: Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?
24 E as naus das costas de Quitim afligirão a Assur; também afligirão a Héber; e também ele será para perdição.
25 Então, Balaão levantou-se, e foi-se, e voltou ao seu lugar, e também Balaque se foi pelo seu caminho.
Números capítulos 22 a 24