São conhecidos por "néo-pentecostais" ou "carismáticos" aqueles que pensam que depois de sua conversão, o crente ainda precisa receber o "batismo do Espírito Santo": segundo eles esse batismo é acompanhado de dons espirituais, particularmente o dom de línguas, profecia, e curas. A palavra original grega charisma significa presente divino.
Essa doutrina surgiu inicialmente em 156 a.D. com um ensinador chamado Montanus, mas foi rejeitada pelas igrejas da época. Ela foi ressuscitada em 1826 por um ministro presbiteriano chamado Edward Irving, que, sendo por isso expulso da igreja presbiteriana, fundou sua própria igreja, que ele chamou de igreja católica apostólica, pois ele cria na renovação dos dons espirituais que desapareceram na época apostólica.
Sua idéias foram sendo ao pouco disseminadas, chegando aos Estados Unidos em 1896 onde um pastor batista chamado Richard Sparling declarou que os dons do primeiro século do cristianismo estavam sendo restaurados; entre os seus "convertidos" estavam dois irmãos que fundaram a Igreja de Deus do Sul.
De 1907 a 1940 houve um crescimento rápido do movimento carismático, mas pouca unidade. As igrejas foram se dividindo à medida que novas idéias foram surgindo sendo transformadas em doutrinas; chegaram a tal ponto que, em Detroit, uma senhora chamada Mrs. Beal começou um trabalho de distribuição de dons espirituais em massa, incluindo o dom de mandar gente para o inferno e de falar em uma língua qualquer: o resultado foi vários colapsos nervosos e mesmo suicídios.
Depois da segunda grande guerra o movimento teve um novo impulso com o surgimento de Oral Roberts, que, ajudado por Damus Shacarian, dirigiu-se à classe média prometendo comunicação imediata com Deus mediante o "batismo do Espírito Santo", e assim deu início ao "Full Gospel Businessmen Association", que passou a financiar todo o movimento.
As doutrinas dos "carismáticos" variam muito entre si, e por isso são muito divididos, alguns chegando a idéias das mais absurdas a fim de cativar os incautos. Por falta de espaço, vamos nos limitar, como nos outros casos, às suas heresias básicas.
Segundo eles, esse batismo vem a ser um dom que é concedido a quem o pede. O entendimento de quando se faz o batismo varia de um grupo para outro: para alguns, não importa se a pessoa já se converteu a Cristo, para outros, só é possível aos convertidos, para outros ainda esse batismo só pode ser obtido depois de uma santificação. A maneira do batismo também varia entre uma experiência individual, e uma experiência coletiva, ou mediante a intercessão ou imposição de mãos por pastores ou presbíteros.
Na verdade, a Palavra de Deus nada nos ensina sobre um "segundo" batismo: por sua imensa importância ele seria sem dúvida mencionado clara e repetidamente nas epístolas do Novo Testamento. Ao contrário, a doutrina dos apóstolos ensina que há um só batismo, mediante o qual passamos a pertencer ao corpo de Cristo (Efésios 4:5, Romanos 6:3-4, 1 Coríntios 12:13, Gálatas 3:27 e Colossenses 2:12.), e o dom do Espírito Santo é concedido pela graça de Deus a todos, sem exceção, por ocasião da conversão de cada um (Atos 10:44, 1 Coríntios 12:13); esse ato de Deus une o novo nascido a Cristo em sua morte, sepultura e ressurreição, não somente fazendo-o membro do corpo de Cristo, a igreja verdadeira, mas também dando-lhe a base para santificação e para a vida de vitória em Cristo (Romanos 6:1-13) .
Eles ensinam que o crente sente, mediante experiência física e emocional, quando o Espírito Santo desce sobre ele, fazendo com que ele passe a falar em "línguas".
Mas isto é apenas em uma generalização e distorção do que aconteceu, em circunstâncias especiais, no início da igreja: o dom de línguas estrangeiras foi dado aos primeiros membros da igreja, em grupos: aos discípulos em Jerusalém, aos gentios, e finalmente aos discípulos de João Batista como sinal aos judeus (Atos 2:4-11, Atos 10:46, 19:6, 1 Coríntios 14:21-22.). Não há registro nas escrituras do recebimento deste dom em particular por mais ninguém! Pedro, ao defender-se por ter entrado e comido em casa de gentios, declara que "caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós no princípio (oito anos antes)" - evidência que não houvera acontecido outra vez, particular ou coletivamente.
Eles sustentam que atingimos um novo período em que Deus derrama seu Espírito sobre seu povo, com sinais e prodígios, da mesma forma como aconteceu no dia de Pentecostes (donde a denominação pentecostal que muitos deles tomam). Como modelo, eles tomam o capítulo 12 e 14 de I Coríntios, esquecendo-se do capítulo 13 onde a palavra de Deus nos diz que profecias, línguas e ciência haveriam de desaparecer, cessar, passar, quando viesse aquilo que é perfeito (1Coríntios 13:8-10), ou seja, a completa revelação do evangelho através dos apóstolos culminando com a revelação de Jesus Cristo no Apocalipse (Apocalipse 22:18-19).
A igreja em Corinto estava contaminada com os maus costumes e imoralidade do meio em que se encontrava, a tal ponto que o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, teve que consignar um de seus membros a Satanás! Era uma igreja carismática, imatura, imoral, seus membros se embriagavam na Ceia do Senhor, ensoberbecida, indiferente, herege subvertendo o que Paulo ensinava, dividida, seus mestres eram eloqüentes em filosofias mundanas, também era preguiçosa, jactanciosa por causa dos seus "dons", levavam suas contendas aos tribunais, havia infiltração de ensinos errados sobre casamento e conduta sexual, praticavam o divórcio, os mais humildes eram desprezados, as mulheres estavam ensinando, falando e tomando posições de autoridade na igreja, eles não compreendiam o significado dos dons espirituais mas eram "dotados" de uma memória fraca pois logo esqueciam a mensagem que os salvara.
Ainda mais importante, eles estavam cedendo a pressões de ordem social, e lhes faltava o verdadeiro amor (1Coríntios 1:7,10,13, 27-2:5; 3:1, 5, 17, 18; 4:1-7; 5:1-5; 6:1-7,12-13,15-18; 7:1,11; 8:7-13; 11:3,18-19,21,23-33; 12:1; 14:20,26-34; 15:1,12,34; 16:1,13-14; 2 Coríntios 11:3; 13:5). Nas cartas escritas por Paulo, está é a única igreja no Novo Testamento onde aparece o "dom de línguas". Longe de aprovar o balbuciar extático praticado na igreja de Corinto, Paulo estava obviamente o condenando. Embora a igreja tivesse bastante conhecimento e ensino, incluindo o do apóstolo Paulo, ela estava doente e não alcançara a maturidade (1 Coríntios 2:12,13).
Pensava que tinha todos os dons; era ensinada pelos melhores "doutores", no entanto seus membros ainda eram bebês espirituais, cujos sintomas são diagnosticados por Paulo: egoísmo, demonstrado por moverem ações judiciais entre si (1 Coríntios 6:7) e pela insistência em fazer o que desejassem sem medir as conseqüências para os outros; divisões entre si ao invés de separarem-se do mundo; críticas dirigidas ao homem de Deus Paulo, e uma tremenda tolerância do mal ((1 Coríntios 4:19, 11-13, etc.)