Os vencedores são os que são nascidos de Deus, ou seja, os que tendo crido que Jesus é o Filho de Deus, nasceram de novo por obra do Espírito Santo. São geralmente chamados “santos” no Novo Testamento, por terem sido santificados diante de Deus pela oferta do corpo de Cristo (Hebreus 10:10). O mundo consiste em um sistema rebelde a Deus, humanista, em sua maior parte ateu, mas que também abraça falsas religiões inventadas pelos homens ou inspiradas pelo diabo.
O mundo oferece muitas atrações que vão desde a sensualidade até atividades que frontalmente transgridem os mandamentos de Deus, por isto é uma fonte de corrupção, da qual os santos devem se guardar isentos a fim de participar da natureza divina (2 Pedro 1:4, Tiago 1:27). O mundo é inimigo do crente, e a amizade do mundo é inimizade contra Deus (Tiago 4:4). Paulo disse: “longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6:14). Morrer para o mundo assegura a vitória sobre ele e essa morte só pode se realizar com o novo nascimento pela fé em Cristo.
Como lemos em Hebreus 11:1, “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêm”. A fé dá uma dimensão completamente diferente à vida, pois o crente passa a ver pela perspectiva divina, e à eternidade, pois vê o âmbito espiritual, muito mais amplo do que o material. Com esta visão ele é capaz de comparar as coisas passageiras e perecíveis deste mundo que nossos olhos naturais podem ver, com as riquezas inefáveis do âmbito espiritual invisíveis aos nossos olhos naturais. Havendo incompatibilidade entre os dois, o crente opta pelo que é espiritual, sabendo que tem muito mais valor. Como diz o comentarista W. MacDonald, “a visão da glória de Deus no rosto de Jesus ofusca a glória deste mundo.” Esse é o âmbito das promessas aos “vencedores” que veremos a seguir, todas encontradas no livro do Apocalipse, capítulos 2 e 3.
1. “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus”. Apocalipse 2:7. A igreja de Éfeso, para a qual foi dirigida esta primeira carta, fora repreendida por ter deixado “o seu primeiro amor” e precisava arrepender-se e voltar a praticar as primeiras obras. As obras são a manifestação da fé salvadora. No âmbito pessoal, individual, a salvação é dada pela graça de Deus, pela fé em Cristo. Todos os que são salvos comerão da árvore da vida, no sentido de alcançar a vida eterna em sua plenitude no paraíso de Deus, no céu. Aqui na terra serão vencedores, mostrando pelas suas obras que sua fé é genuína.
2.”O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte”. Apocalipse 2:11. A igreja de Esmirna sofria tribulação, era pobre em coisas deste mundo e estava para padecer muito com a forte perseguição que viria. Mesmo que os santos fossem morrer pela sua fé, eles deveriam se animar com esta promessa, segundo a qual o vencedor não sofrerá o dano da segunda morte, que é a separação eterna de Deus ao ser lançado no lago de fogo (Apocalipse 20:14). O vencedor está livre do julgamento final e da punição eterna, ao qual serão submetidos todos os incrédulos.
3. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. Apocalipse 2:17. A igreja de Pérgamo estava começando a ser corrompida porque alguns dos seus membros estavam se comprometendo com o mundo, e também aceitando as doutrinas dos nicolaítas. O Senhor mandou que a igreja se arrependesse, senão Ele viria trazendo juízo sobre os que estavam promovendo esses desvios. Os santos não admitiam tais coisas, sendo por este motivo humilhados e até mesmo excomungados pelas instituições religiosas oficiais. Estas promessas lhes dariam novo ânimo:
O vencedor receberá do maná escondido: embora a igreja apóstata tenha escondido a Palavra de Deus, o vencedor ainda terá todo o alimento espiritual de que tiver necessidade. O maná tipifica o Senhor Jesus, que é o verdadeiro “Pão do Céu” (João 6:32-33) e Ele sustentará o que tem comunhão com Ele.
Também uma pedrinha branca, e sobre ela escrito um nome novo, secreto: era um símbolo de sua aprovação e aceitação por Deus, e do seu relacionamento íntimo com Cristo, que pessoalmente lhe dá um novo nome que é só seu (por exemplo, Isaías 62:2, 65:15).
4. “Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da manhã“. Apocalipse 2:26-28. A igreja de Tiatira era uma igreja relaxada e libertina, embora tivesse amor, fé, serviço, perseverança e crescente atividade. Confraternizava com o mundo ao seu redor e tomava parte em suas práticas imorais e participava na sua religião. Recebera a oportunidade de arrepender-se, mas não quis. Para os santos que viveram durante a grande Inquisição, sujeitos a terríveis torturas e mortes cruéis por parte da igreja apóstata, período que se identifica profeticamente com essa igreja, estas promessas seriam especialmente preciosas. Quem persevera nas obras de Cristo, mesmo destituído de tudo sobre a terra, terá um dia autoridade e poder (com Cristo e os demais santos), sobre as próprias nações (Apocalipse 20:4); ele também receberá a estrela da manhã, uma figura do Senhor Jesus (capítulo 22:16), com cuja sublime presença contará para sempre.
5. O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Apocalipse 3:5. Em Sardes, onde a igreja estava morta, ainda existiam algumas pessoas que não se deixaram envolver pela corrupção reinante, e permaneciam fiéis a Cristo. Estas se contam entre os vencedores, e serão vestidas de vestiduras brancas (a salvação conforme capítulo 7:14, também triunfo, pureza e glória), e seu nome não será apagado do livro da vida (nunca perderão a sua salvação, não importando se foram "excomungados" pela falsa autoridade eclesiástica em seu país); o Senhor Jesus vai declarar diante do Seu Pai e dos anjos que eles Lhe pertencem, embora sua igreja estivesse morta. A salvação é dada pela graça de Deus, e é eterna, portanto, uma vez escrito no livro da vida, o nome de um santo nunca será apagado.
6. A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome. Apocalipse 3:12. A igreja de Filadélfia era pequena, e sem influência, mas aprendeu e obedeceu fielmente à Palavra de Deus, e não se envergonhou, nem se amedrontou, em ser conhecida como cristã, ou seguidora do Senhor Jesus. Era desprezada, mas zelava em proclamar o Evangelho de Cristo pelo mundo. Esta promessa é semelhante à anterior acrescentando o aspecto de integração perpétua na igreja de Deus, como uma coluna sustenta um edifício e dele não pode ser tirada (2 Coríntios 6:16). Sobre o vencedor será escrito o nome de Deus indicando que é Sua propriedade, o nome da nova Jerusalém indicando cidadania, e o novo nome de Cristo, participando portanto com Ele na sua segunda vinda para julgar e reinar no mundo (capítulo 19:12).
7. Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono. Apocalipse 3:21. A igreja de Laodicéia, democrata e arrogante, identificada como símbolo do “cristianismo” atual, era composta de gente que se dizia cristã, mas não pertencia a Cristo, portanto Ele estava pronto a repudiá-la. Seus membros se orgulhavam de ser ricos e abastados, auto-suficientes, não carecendo de nada; mas eram espiritualmente infelizes, necessitados, cegos, nus, como todos os incrédulos. O Evangelho ainda está disponível a eles, e o Senhor promete ter comunhão para quem O receber. Ao vencedor, o que nascer de novo de Deus, será dado o supremo privilégio de participar do poder e da glória de Cristo, tão certamente quanto o Senhor Jesus está agora no céu participando do poder e da glória do Pai. Com Cristo ele reinará sobre a terra durante o milênio, um contraste com a vida de humildade, rejeição, e sofrimento que tenha sofrido aqui.
... Aos que justificou, a estes também glorificou... em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou (Romanos 8:29-37). Estes (a besta e os poderes do mundo) combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, os chamados, e eleitos, e fiéis. (Apocalipse 17:14).