William Tyndale (c. 1494-1536), um grande batalhador pela tradução e disponibilização das Escrituras Sagradas em meio às trevas medievais, esclareceu que a palavra grega “Evangelion” (que chamamos evangelho) significa notícias boas, joviais, de grande contentamento e júbilo, que alegram o coração do homem e o fazem cantar, dançar e pular de alegria.
Foi Tyndale quem primeiro traduziu a Bíblia diretamente dos textos hebraico e grego para o inglês popular do seu tempo, e usou a imprensa inventada por Guttenberg naqueles dias para divulgar sua tradução ao povo. Combatido ferozmente por autoridades civis impulsionadas pelas grandes instituições religiosas, foi eventualmente encarcerado no castelo de Vilvoorde em Bruxelas por mais de um ano, acusado e condenado à morte como herege, sendo então estrangulado e queimado em um poste à vista do público, acrescentando assim seu nome ao de milhares de mártires executados durante as décadas da chamada Reforma Protestante.
Estes homens deram a sua vida para levar o Evangelho a povos dominados pela falsa “Igreja”, que os proibia de aprender as boas novas da salvação gratuita obtida mediante a fé em Cristo, para obrigá-los a ficar submissos e sustentar, a duras penas, o luxo, ostentação, poder e glória da instituição papal, ou de outras que surgiram por conveniências políticas.
As vidas sacrificadas por esses pioneiros não foi em vão, pois outros batalhadores surgiram e o Evangelho foi anunciado, proclamado e ensinado pelos quatro continentes então conhecidos, enfrentando a poderosa oposição e influência dessa e outras “igrejas” apóstatas, particularmente nos países latinos.
Embora a oposição física ao Evangelho tenha quase terminado no ocidente, surgiram seitas cheias de heresias enganando a muitos e confundindo os incrédulos. As religiões falsas, espíritas, que vêm desde a antigüidade e o maometanismo (islamismo) fundado no século 7 depois de Cristo cresceram, e acrescentaram sua influência contrária ao Evangelho.
Dois séculos atrás o inimigo deu início a uma ideologia que se espalhou e está se tornando no maior obstáculo à fé cristã: o materialismo, subjacente no homem impiedoso, foi inflamado por teorias enunciadas por Darwin, e conduziu ao evolucionismo.
Declarando-se ser a verdadeira ciência, o evolucionismo nega a existência de Deus e procura de todas as formas interpretar a origem do universo como sendo algo fortuito, um efeito sem causa, uma perfeição saída do caos (conceitos nada científicos…). A sua oposição é vigorosa contra o Evangelho, atacando diretamente o conceito de uma realidade espiritual, um Deus criador, a criação especial do homem, o pecado, a redenção, a vida eterna, etc.
O mundo, inimigo de Cristo, recebe bem o evolucionismo, porque justifica a sua impiedade, e o faz sentir-se irresponsável pelos seus atos diante de um Ser supremo. O evolucionismo é ensinado nas escolas e nas universidades como se fosse verdade incontestável, provado, segundo dizem, pela evidência dos fósseis, das descobertas arqueológicas, etc., vistos pelo seu prisma. Os cientistas que não aceitam o evolucionismo, porque sabem e podem provar toda a sua fragilidade e inconsistência, são desprezados e impedidos de proclamar os seus protestos.
Em suma, através dos séculos o Evangelho tem enfrentado:
1. A oposição violenta do paganismo no início - a dedicação dos apóstolos e a dos seus discípulos fez com que o Evangelho fosse proclamado, com o poder do Espírito Santo, e se espalhasse pelo mundo conhecido.
2. A oposição violenta da falsa “igreja” durante a Idade Média - ela quase conseguiu emudecer o Evangelho, mas novamente o Espírito Santo impeliu homens corajosos a disseminá-lo com o risco das suas vidas, e a sua mensagem salvadora se espalhou pelo mundo.
3. A apatia gerada pelo evolucionismo - talvez a maior barreira de todas, convencendo o mundo da inexistência de uma realidade espiritual, ou Deus. Em outro contexto, mas bastante semelhante, a Bíblia nos diz: “E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça” (2 Tessalonicenses 2:11,12). O mundo está voltando à situação lamentável de que lemos na passagem de Romanos 1: 22 a 32.
A barreira só pode ser derrubada com a convicção e a proclamação da verdade absoluta da Palavra de Deus, em sua integridade, por homens esclarecidos e cheios do Espírito Santo. Encontramos muitos hoje comprometendo a sua fé sincera em Cristo ao dizerem: “A Bíblia trata de coisas espirituais, e os relatos do Gênesis não têm base científica”, ou procurando acomodar a criação e o dilúvio com as teorias evolucionistas. Não existe compatibilidade: o evolucionismo é ateísta por excelência. Felizmente todas as descobertas científicas se coadunam perfeitamente com o relato bíblico (e não com o evolucionismo), havendo já missões cristãs que usam cientistas de renome para provar isso aos que se encontram em dúvida.
A alma do incrédulo está sedenta, o pecado continua a pesar em sua consciência, e o evolucionismo não lhe dá segurança, nem conforto, nem esperança. Ele precisa de “boas-novas de uma terra remota”. O Evangelho supre essas necessidades, é a água fresca para sua alma sedenta.
O Evangelho desde o início se propagou mediante três métodos, e ainda são os que usamos hoje:
1. Evangelizando: este verbo vem do grego “euaggelizo”, usado em Atos 8:4,35, 5:42 e vários outros lugares. Os crentes que foram dispersos, Filipe, e os que iam de casa em casa evangelizavam, ou sejam, contavam as alegres notícias do Evangelho aos outros, pessoalmente. Era algo excelente que queriam participar aos seus parentes, amigos, vizinhos e todos que quisessem ouvir. Estamos felizes com a nossa salvação? Contemos aos outros.
2. Proclamando: na Bíblia o verbo grego é “kerusso”, encontrado cinqüenta e nove vezes, inclusive em Marcos 16:15, Lucas 4:18,19, Romanos 10:14,15. Hoje em dia há muitos meios de fazer a proclamação: a congregações dentro e fora dos recintos, a todos os que estiverem ouvindo por rádio ou televisão, aos que buscarem nosso site na internet. Paulo declara: “Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas!” (Romanos 10:15).
3. Ensinando: grego “didasko”, dos três o mais usado na Bíblia, sendo encontrado 105 vezes. É instruir, participar conhecimento, logo quem instrui deve aprender primeiro. O Senhor Jesus era um grande e admirado ensinador, pois era autoridade na matéria mais do que ninguém (Mateus 5:2, 7:29, etc.). As Escrituras devem ser ensinadas “a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2:2). Os bispos de uma igreja devem ser aptos para ensinar (1 Timóteo 3:2).
Na situação em que nos encontramos agora, o mandamento do Senhor Jesus continua sendo: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus 28:19,20). Esta é a única maneira de penetrar a barreira construída pelo “príncipe deste mundo”. Paulo declarou que não se envergonhava do Evangelho, que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
Não podemos deixar de mencionar que hoje, mais do que nunca, somos devedores a todos, sábios ou ignorantes, de levar-lhes as Boas-Novas do Evangelho assim como as recebemos, pois são como água fresca para as almas sedentas.
Muitas novas maneiras engenhosas e imaginativas de apresentar o Evangelho estão sendo experimentadas, às vezes parecendo que visam mais a diversão do que a conversão. Podemos nos sentir desconfortáveis ao vê-los, ou duvidar dos motivos. Mas Paulo nos ensina: “Mas que importa? Contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei."
Façamos a nossa parte, sejamos fiéis ao que fomos mandados, e Deus nos abençoará, não necessariamente com conversões, pois a semente pode não cair em terra fértil, mas nosso trabalho nunca é vão no Senhor (1 Coríntios 15:58).
Como água fresca para o homem sedento, tais são as boas-novas de terra remota.
(Provérbios 25:25)