Em Mateus 16.18 lemos que o Senhor Jesus disse: "Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja" - a "pedra" sendo o próprio Senhor Jesus mesmo, "o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (v.16), como o apóstolo Pedro afirma claramente na sua primeira epístola (1a Pedro 2.4-7). O Filho de Deus declarou, pois, que Ele "edificaria" a Sua igreja, que até aquele momento não estava em existência - ela era um "mistério" desconhecido nos tempos do Velho Testamento, mas revelada aos apóstolos pelo Espírito Santo.
Na igreja, judeus e gentios crêem no Senhor Jesus Cristo como Filho de Deus e único Senhor e Salvador deles, são unidos pelo Espírito Santo em um só corpo - um organismo vivo, habitado por Cristo mesmo, a "esperança da glória" (Colossenses 1.26-27).
Esta época da igreja começou no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre a companhia de homens e mulheres no cenáculo em Jerusalém, "no princípio" (Atos 11.15). Desde então, o único povo de Deus no mundo é a igreja, que consiste principalmente em gentios de todas as nações, salvos pela fé em Cristo. Antes de Pentecostes, a "eleita de Deus" era Israel Isaías 45.4, porém durante esta época atual os Seus eleitos são os membros da Sua igreja (Romanos 8.33; Colossenses 3.12; 1a. Pedro 2.9). Futuramente, Israel será outra vez a nação escolhida e abençoada (Romanos 11.26-28).
No dia da Sua ascensão, os discípulos perguntaram ao Senhor se o Pentecostes que Ele tinha prometido seria a ocasião da restauração de Israel, e Ele respondeu: "Não vos compete conhecer os tempos e as épocas que o Pai reservou para a Sua exclusiva autoridade" (Atos 1.7). Muitos acontecimentos futuros, com seus "tempos e épocas", são de fato revelados na Bíblia, porém, a duração da atual época da igreja não está revelada.
O tempo da vinda de Cristo para a Sua igreja, então, não o sabemos, porém a constante esperança da igreja tem sido a volta do Senhor (Filipenses 3.20; 1a. Tessalonicenses) 1.9-10, conforme a Sua promessa: "Quando Eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estou estejais vós também" (João 14.3).
Também disseram os dois anjos, depois da ascensão do Senhor : "Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como O vistes ir para o céu" (Atos 1.11). O Senhor tinha ensinado aos discípulos a esperar a Sua volta a qualquer momento (Lucas 12.35-40), e a primitiva igreja vivia na constante expectativa da volta do seu Senhor. Todavia, Paulo sabia que dificuldades, perseguições e a morte estavam diante dele (Atos 20.23, 29; 21.11; 2a Timóteo 4.6), e os escritores inspirados predisseram dissensão e apostasia na igreja (1a. Timóteo 4.1-3; 2a. Timóteo 3.1-5; 2a Pedro 2.1-3; Judas 18), embora estas coisas não necessitariam de prolongada demora; já estão na igreja há muito tempo.
O nosso Senhor prometeu levar os Seus discípulos ao céu quando Ele voltar; porém, quando Ele vier com poder, para reinar na terra, o Seu povo remido - a igreja - estará já com Ele, e virá com Ele (1a. Tessalonicenses 3.13; Apocalipse 19.14); é claro, então, que antes disso terão sido tirados da terra. A explicação está em 1a Tessalonicenses 4.14-18 e também em 1a Coríntios 15.51-52. Esta vinda do Senhor, anelada pela igreja, será instantânea, inesperada pelo mundo, e terminará a época da igreja no mundo. Realizar-se-á antes do cumprimento das profecias acerca de Israel restaurado, que se acham em Daniel e outros livros do Velho Testamento.
A vinda do Senhor e a instantânea trasladação da igreja são uma base de conforto para o cristão (1a Tessalonicenses 4.18; 5.11), e devem ser motivo de cada vez maior esforço da parte de todo crente, no seu testemunho para o mundo, como também para atingir o que Paulo chama "o alvo - o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3.14).
Não cabe ao crente tentar calcular o ano, mês e dia da vinda do Senhor, embora seja possível "ver que o dia se aproxima" (Hebreus 10.25); não deve "apanhar-nos de surpresa" aquele dia, pois somos "filhos da luz", mas devemos "vigiar e ser sóbrios" em nossa maneira de viver, buscando não "sinais" e, sim, "sobriedade de conduta".
Hoje em dia vemos no mundo religioso e político certas tendências indicativas da iminência do "Dia do Senhor" - mas 60 anos atrás, depois da primeira Guerra Mundial, houve semelhantes tendências, e pregava-se com muita confiança a iminente vinda do Senhor. Se hoje em dia a Sua vinda parece ainda mais perto, vamos fortificar a nossa vida espiritual, orar com mais fervor, procurar mais íntima comunhão com o nosso Salvador, e cumprir mais diligentemente a nossa tarefa de testemunhas dEle para o mundo.
"Vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse dia como ladrão vos apanhe de surpresa, porquanto vós sois filhos da luz, e filhos do dia. Assim pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios" (1a Tessalonicenses 5.4-6).