Liderado por Moisés, o povo de Israel havia chegado até a fronteira da terra de Canaã e se acampara nas planícies de Moabe, em um lugar chamado Sitim (árvores de acácia), junto ao rio Jordão. Os moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão, e falavam um idioma quase idêntico ao hebraico, mas eram idólatras.
Embora o deus nacional dos moabitas fosse Quemós (Números 21:29), o Baal-Peor, ou Baal de Peor era o deus mais popular de todos os deuses entre os povos daquela região, representado por um touro, símbolo de força e de fertilidade e considerado o deus das chuvas e das colheitas. Por ser tão popular, o nome Baal veio a ser frequentemente usado de maneira genérica para todos os deuses da localidade.
Balaque, o rei dos moabitas, receoso que Israel avançasse contra o seu povo, contratou um homem da Mesopotâmia chamado Balaão, renomado como tendo poderes sobrenaturais, para amaldiçoar os israelitas. Mas o Senhor interveio e ditou a Balaão o que devia dizer.
Temendo o Deus verdadeiro, Balaão disse as palavras que o Senhor mandou que falasse, que eram de bênção para Israel. Tempos depois somos informados que Balaão aconselhou Balaque a infiltrar mulheres moabitas no arraial dos israelitas, para que se casassem com eles e introduzissem a idolatria para afastá-los do Senhor que os protegia (Números 31:16, Apocalipse 2:14).
O maior perigo que o povo de Israel tinha que enfrentar não era os exércitos dos povos que habitavam na terra prometida, mas sim a corrupção com as religiões e costumes dos cananeus. A corrupção sucedia quando caíam na tentação da carne, o desejo de comer e beber, e levantar para divertir-se (1 Coríntios 10:7, Êxodo 32:6,19). Através dos séculos, depois de entrar na terra prometida, o povo de Israel se deixou vencer vez após vez por esta tentação, sucumbindo afinal completamente, o que fez com que, como nação, perdesse a terra e fosse disperso pelo mundo (Salmo 106:40-41).
Essa tentação se apresenta de diversas formas na área cristã, e é um dos maiores fatores no afastamento da sã doutrina e da fidelidade ao Evangelho de Cristo. Abrange as explorações religiosas nas igrejas, no rádio, na televisão, no chamado evangelho da prosperidade, nos cultos de louvor em que o que se cultua é apenas as emoções, com música instrumental ensurdecedora, chegando aos disparates do “Toronto blessing”, do comportamento insano, etc., para o aproveitamento financeiro de falsos pastores. É a corrupção do Evangelho. O que menos se encontra nesses meios é o ensino puro da Palavra de Deus.
As mulheres moabitas foram até o acampamento de Israel a mando de Balaque, praticaram a imoralidade com alguns de seus homens (1 Coríntios 10:8), e os levaram à idolatria. A ira do Senhor se acendeu novamente contra o povo por causa disso. Ele ordenou a Moisés que enforcasse publicamente todos os líderes do movimento de adoração a Baal. Em obediência, Moisés convocou os juízes (os setenta - capítulo 11), e mandou que cada um matasse os homens sob sua responsabilidade que haviam sucumbido à idolatria em Baal-Peor. Era necessário tomar essa medida radical para eliminar a contaminação que se espalhava, como praga, pelo povo. O número era grande, pois morreram vinte e quatro mil, vinte e três mil em um só dia (1 Coríntios 10:8).
Este foi o efeito da doutrina de Balaão sobre o povo de Israel. Nosso Senhor nos ensina, no livro do Apocalipse, que a mesma doutrina era seguida por alguns na igreja de Pérgamo, o que é também um aviso para nós hoje (Apocalipse 2:14). Como acontecia com Israel naquele tempo, a igreja não pode ser molestada por agentes externos pois é protegida pelas mãos de Deus, mesmo quando perseguida e martirizada, mas pode ser subvertida pelo casamento com o mundo.
Historicamente, a igreja de Pérgamo (no grego antigo significa: “muito casamento”) representou a ocasião em que o mundo se uniu com a igreja. O mundo entrou numa torrente volumosa e o diabo assumiu o controle. As perseguições violentas anteriores somente a haviam fortalecido, mas com a entrada do mundo ela perdeu toda a sua vida espiritual, como vemos mais tarde em Tiatira, Sardes e Laodiceia.
Enquanto o povo chorava diante do tabernáculo, o filho de um dos príncipes do povo trouxe a seus irmãos uma midianita, filha do líder de uma das tribos midianitas (aliadas aos moabitas), à vista de Moisés e à vista de toda a congregação dos filhos de Israel, e a levou para dentro da sua tenda. Os midianitas, como os israelitas, eram descendentes de Abraão, mas através de Midiã ("briga"), o quarto filho de sua concubina e segunda esposa Quetura (Gênesis 25:2, 1 Crônicas 1:32), enquanto os moabitas eram descendentes de Ló (Gênesis 19:37). Moisés havia se casado com uma midianita, tendo vivido entre eles por quarenta anos. Compreende-se, então, que os israelitas e particularmente Moisés teriam simpatia por eles, embora fossem idólatras.
Fineias, neto de Arão, prontamente foi atrás daquele casal e os executou com uma lança. Deus se agrada em exercer a sua misericórdia para com muitos em troca da fidelidade de poucos. Este ato simbolizou a justa repulsa do sacerdócio verdadeiro, arônico, pela prática da idolatria pelo povo de Israel, assim fazendo expiação pela nação. O Senhor Se agradou da ação de Fineias, e Sua ira contra o povo cessou evitando mais mortes.
Por causa do zelo de Fineias em preservar a fidelidade ao seu Deus, ao ponto de destemidamente executar um príncipe de Israel que desafiava sua autoridade, o SENHOR o honrou dando-lhe a Sua aliança de paz: o sacerdócio perpétuo a ele e à sua descendência.
Mas ao povo de Israel o SENHOR ordenou através de Moisés que afligisse e ferisse os midianitas por causa da sua conivência com os moabitas para levá-los à idolatria, e por causa do engano de Cozbi ("enganadora"), a filha de Zur, um chefe dos midianitas. Também nós devemos agir com firmeza contra tudo aquilo que nos tenta para o pecado mesmo que, por alguma razão, tenha a nossa simpatia. É um bom exemplo para nós, que muitas vezes temos que enfrentar o mundo e agir de forma a desagradar os outros em nosso zelo para servir e sermos fieis ao nosso Deus.