Inevitavelmente, essa é a pergunta que é feita tanto pelos que crêem na existência do Deus criador, como pelos incrédulos ateus, quando há um acontecimento desastroso de grandes proporções, geralmente relacionado a fenômenos naturais, provocando morte e destruição. Aqueles porque procuram uma justificativa nobre para o acontecimento, estes para desafiarem a existência de um Ser superior.
Novamente a pergunta surgiu nestes dias quando um “tsunami” gigantesco se levantou nos mares do oceano Índico, devastando o litoral de vários países asiáticos com perda de vida humana acima de 280.000, segundo os últimos cálculos.
Procura-se uma causa de ordem natural para a catástrofe, que vai satisfazer ao incrédulo. A causa natural para esse “tsunami” já foi encontrada e explicada pelos geólogos: devido a um movimento de camadas da crosta terrestre sujeitas a grande pressão no fundo do mar, houve um maremoto com força equivalente a um milhão de bombas atômicas do tipo lançado sobre Hiroshima no fim da última grande guerra. Dizem que teve efeito até sobre a rotação do globo terrestre.
Já o crente procura uma razão superior, pois a Bíblia diz “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.” (Mateus 10:29-31). E o incrédulo diz: “se Deus é assim Todo-Poderoso e cheio de amor, porque então permite tanto sofrimento e morte?”.
Foi Deus quem criou o universo, e as leis naturais também. A lei natural que chamamos de “gravidade” pode produzir a morte de um passarinho, de mínimo valor para nós; também a lei natural segundo a qual uma pressão crescente entre camadas da crosta terrestre resulta em terremoto, e maremoto, pode causar grande morte humana e destruição, de muito valor para nós. Ambas as leis foram criadas por Deus.
Ficamos impressionados com a violência das catástrofes espetaculares, pois fogem da nossa experiência rotineira. No entanto, diariamente, centenas de milhares de pessoas estão morrendo pelo mundo afora - de todas idades, a partir dos recém-nascidos até os mais velhos. Muitos sofrem de enfermidades bem mais dolorosas do que um repentino afogamento. Poderíamos perguntar então por que Deus permite qualquer sofrimento e morte do ser humano? Mesmo se todos gozassem de boa saúde e nunca morressem, salvo um só, isto não seria falta de amor?
A resposta é simples e clara, e se encontra bem no início da Bíblia, no capítulo 3 de Gênesis. Deus havia criado um mundo perfeito, bom aos Seus olhos. O sofrimento e a morte surgiram mais tarde, por causa da rebeldia do ser humano contra Deus. Quando procuramos entender as coisas a partir do ponto de vista divino (se é que isso é possível), vemos que não há qualquer injustiça na morte de qualquer um de nós, sejam quais forem as circunstâncias.
Deus é soberano e não é possível ao ser humano fazer qualquer julgamento a respeito das suas ações. Jó, que Deus qualificou de “irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1:8), sofreu pessoalmente uma catástrofe atrás da outra, perdendo todos os seus bens, seus filhos e ainda ficando com uma dolorosa enfermidade. Seus amigos vieram para acusá-lo de estar sendo castigado por más ações que teria feito. Ele, sabendo que era inocente, se lamentava de não poder discutir a aparente injustiça da sua situação frente a frente com Deus. Finalmente Deus mostrou a Jó a Sua suprema sabedoria e Jó, humilhado, se calou ante a grandeza de Deus. Ele reconheceu a soberania de Deus e a sua total incapacidade de entender as coisas (Jó 41:2-3).
Lemos em Lucas 13:1-5 sobre duas catástrofes quando o Senhor Jesus estava na terra, resultando em mortes. Muitos poderiam pensar que as vítimas foram mortas por serem mais pecadoras ou mais culpadas do que os demais, mas Ele esclareceu que não era assim: quem não se arrependesse “pereceria” de igual modo.
O homem é um ser composto de corpo, alma e espírito. Por causa do seu pecado, o corpo está destinado a se corromper e morrer, e sua alma e espírito permanecem por toda a eternidade, em sofrimento, longe de Deus: isto é “perecer”, como Ele dizia.
Deus é misericordioso e longânimo (2 Pedro 3:9). Ele demonstrou Seu amor pela humanidade que havia criado, agora rebelde, dando Seu Filho para vir até aqui e sofrer a agonia e morte da cruz a fim de que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. A vida eterna é conhecer o Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou (João 17:3). O crente já tem a vida eterna e, embora seu corpo passe pela morte, ele será ressuscitado com novo corpo glorioso “no último dia” (João 6:40).
Esta é a grande demonstração do amor de Deus, muito superior ao simples alívio do sofrimento e morte em nossa passageira vida aqui na terra. A vida eterna é concedida gratuitamente e sem reservas a todo aquele que crê em Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
A terra foi maldita por Deus em virtude da desobediência do homem, e enfermidades, tragédias e catástrofes são conseqüências. Mas um dia a maldição será retirada e não haverá maldição nenhuma (Apocalipse 22:2). Isto acontecerá no futuro, dentro da agenda divina.
Aos seus filhos, Deus não promete livramento das aflições e da morte aqui no mundo. Mas de uma coisa estamos certos: nenhum de nós morre “antes do seu tempo”. Deus nos dá oportunidade de serviço enquanto estamos aqui, e nos leva para o Seu lar apenas quando Lhe convém.
Soubemos de casos notáveis no episódio deste último “tsunami”:
O irmão Peter Ferry, que trabalhou por muitos anos como missionário nas regiões mais atingidas, contou que em duas vilas de pescadores na Tailândia, onde há uma igreja e um ponto de pregação, os crentes perderam grande parte dos seus bens materiais; mas Deus preservou a vida de todos os crentes conhecidos por ele, mesmo os que trabalham no setor turístico de Phuket, em hotéis e restaurantes que foram duramente atingidos.
As crianças de um orfanato cristão no litoral de Sri Lanka, agrupadas numa reunião de oração, e os adultos que estavam com elas, tiveram tempo de se abrigar num barco de fibra de vidro que lhes fora doado por uma igreja do Reino Unido, e escaparam incólumes enquanto que o orfanato e tudo que ele continha foi arrasado.
Duas irmãs hospedadas num dos hotéis destruídos haviam ido a uma reunião dominical numa igreja próxima, mas afastada do alcance da enchente, e nada sofreram.
Finalmente, a maioria da população das áreas atingidas pelo “tsunami” é de muçulmanos, muitos dos quais são da linha mais radical e têm perseguido de maneira selvagem, até chacinado, os cristãos que ali vivem. Oremos para que a Obra do Senhor nestas áreas seja fortalecida, e que esta catástrofe conduza pelo menos alguns dos que foram atingidos a procurar o Deus Verdadeiro para obter perdão dos seus pecados e a salvação da ira de Deus, mediante a fé no Seu Filho.