O “nome” é “a palavra ou locução com que se designa uma classe de coisas, pessoas, animais, um lugar, um acidente geográfico, um astro etc.; denominação, designativo, designação” (Dic. Houaiss). Neste artigo nos propomos verificar alguns dos nomes mais importantes na Bíblia, e os seus significados.
“El “: é uma denominação geral de Deus no singular em hebraico. Era a mais usada no Oriente Médio na antiguidade, tanto de forma isolada como combinada com outras, inclusive em nomes pessoais (como Emanuel, Ezequiel, Daniel, Gamaliel etc.). É traduzida para o português como “Deus”.
“Eloim”: é o plural de “El”. Surge logo no início da Bíblia: “No princípio criou Deus (“Eloim”) os céus e a terra”. Estando no plural, é considerada a primeira referência à Trindade divina. É digna do máximo respeito, já que se trata da suprema Autoridade. Também é traduzida como “Deus”.
"YHWH": são quatro consoantes hebraicas, sem vogais, escritas cuidadosamente pelos escribas israelitas em suas cópias do Pentateuco como Seu nome pessoal, pelo qual se relaciona com o Seu povo hebreu: “E Deus (“Eloim”) disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR (YHWH) o Deus (“Eloim”) de vossos pais, o Deus (“Eloim”) de Abraão, o Deus (“Eloim”) de Isaque, e o Deus (“Eloim”) de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente, e este é o meu memorial de geração em geração” (Êxodo 3:15). Não se conhece o seu significado exato, nem sua pronúncia, pois os israelitas preferiram respeitosamente usar a palavra “'adonai” que significa “Senhor de tudo” em lugar daquele nome sagrado, assim evitando o perigo de tomá-lo em vão, que seria uma transgressão do mandamento: “Não tomarás o nome do SENHOR (YHWH) teu Deus em vão; porque o SENHOR (YHWH) não terá por inocente aquele que tomar o Seu Nome em vão” (Êxodo 20:7).
Esse nome aparece primeiro em Gênesis 2:4 referindo-se ao dia em que o SENHOR (YHWH) Deus (Eloim) fez a terra e os céus. Vemos aqui a Sua clara identificação como a segunda pessoa da Trindade que veio ao mundo e se encarnou tomando o nome de Jesus, o Messias (Colossenses 1:16). “YHWH” foi pela primeira vez invocado pela humanidade no tempo de Sete (cerca de trinta e seis séculos antes de Cristo) e aparece outras 6.826 vezes na Bíblia.
Em português costumava-se traduzir o nome "YHWH" por “Jeová” ou “Javê” mas nas versões mais recentes das traduções convencionou-se usar a palavra SENHOR em letras maiúsculas, assim se conformando com o “adonai” hebraico.
“Theos”: significa a Divindade; acompanhada do artigo “o”, o supremo Deus.
“Kurios”: a suprema Autoridade, o Controlador, traduzida para o português como Deus, Senhor ou Mestre (como em “Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” - Atos 19:20).
“Pater”: o Pai, usada muito pelo Senhor Jesus nos Evangelhos, começando em Mateus 5:16. Ele ordenou aos Seus discípulos que orassem “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu NOME...” (Mateus 6:9). Aos filhos de Deus temos a instrução: “enchei-vos do Espírito... sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:19-20). Frequentemente se descuida dessas instruções, confundindo o Pai com o Filho, ou dirigindo-se simplesmente a Deus esquecendo-se que o Senhor Jesus nos pediu, como filhos de Deus, para orar a Deus o Pai em Seu nome, Deus o Filho.
“Iēsoús”: a segunda pessoa da Trindade, o YHWH do Velho Testamento, que tomou forma de homem e o nome de JESUS em Sua humanidade. No Novo Testamento Ele é chamado por muitos nomes além desse, como Emanuel, o Senhor, o Cristo, a Palavra, o Filho etc., e o apóstolo Paulo o chamou pelo nome de Senhor Jesus Cristo (1 Corintios 1:10), o que fazemos bem em imitar. Somos informados que ainda vai receber um novo nome (Apocalipse 3:12, 19:12). O Senhor Jesus revelou-Se como sendo o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade, e tem o nome de “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:16). Assim é identificado como o “Adonai” hebraico, usado para YHWH. Quando veio ao mundo, ao nascer recebeu o nome popular de Jesus, Joshua em hebraico, que significa “YHWH é salvação” mas depois da Sua morte, ressurreição e ascensão é raramente chamado apenas por este nome na Bíblia, sendo sempre acrescentados os nomes qualificativos Senhor e Cristo (Messias em hebraico).
“Agios pneuma”: a terceira pessoa da Trindade, chamado pelo mesmo nome em hebraico no Velho Testamento, “codesh ruach”, traduzido como “Espírito Santo”. A Sua ação, ativa, é amplamente encontrada em toda a Biblia.
Os vários nomes de Deus são usados descuidada e corriqueiramente pelo mundo em expressões como “ó meu Deus”, “se Deus quiser”, “pelo amor de Deus”, "vá com Deus", "fique com Deus", “o SENHOR te guarde”, “ele me fez de Cristo”, “vou te encontrar no Cristo” (referindo-se à estátua de pedra no Corcovado) etc. Se usarmos essas expressões, que seja sempre consciente, respeitosa e intencionalmente lembrando o seu sentido solene. A Lei de Deus dada através de Moisés aos israelitas declara: “Aquele que blasfemar o nome do SENHOR (YHWH) certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome, será morto” (Levítico 24:16).
É comum o descuido de chamar o nosso Salvador vulgarmente apenas pelo Seu nome humano “Jesus” como se fosse alguma pessoa qualquer. Nem Seus discípulos faziam isto, mas respeitosamente O chamavam de Mestre e Senhor (João 13:13). Ele é o Senhor dos senhores! Se tememos a Deus, devemos lembrar o Seu mandamento para não tomar o Seu Nome em vão. Lembremos estas profecias:
“Portanto o SENHOR (“YHWH”) mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel (“Deus conosco”)” (Isaías 7:14), e “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). YHWH aqui profetiza a Sua própria encarnação!
“Eu sou o SENHOR (“YHWH”); este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas. Quanto ao nosso Redentor, o SENHOR (“YHWH”) dos exércitos é o seu nome, o Santo de Israel. Pois eu sou o SENHOR (“YHWH”) teu Deus (Eloim), que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas. O SENHOR (“YHWH”) dos exércitos é o seu nome” (Isaías 42:8, 47:4, 51:15). “Não é semelhante a estes aquele que é a porção de Jacó; porque ele é o que forma todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança. SENHOR (“YHWH”) dos exércitos é o seu nome” (Jeremias10:16).
Vemos nestas expressões a sublimidade do nosso Redentor e Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Então, “Quem não te temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo; por isso todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Apocalipse 15:4).
Comparando-se a um bom Pastor, o Senhor Jesus chamou Seus discípulos de “pequeno rebanho” (Lucas 12:32). Mais tarde informou que “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16). Mediante mais leitura do Novo Testamento, aprendemos que o “rebanho” a que se referia era o conjunto de cristãos que reuniam em determinado lugar, assim como o conjunto de todos os que se salvaram em Seu nome: “Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue” (Atos 20:28) e “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade” (1 Pedro 5:2).
A palavra “igreja” é uma tradução de “ekklesia” (retirada) em grego, significando uma congregação política, religiosa etc., e a expressão “igreja” na Bíblia denominava a congregação dos santos em determinada localidade, por exemplo: “Saudai também a igreja que está na casa deles” (Romanos 16:5).
O povo de Deus faz bem em conservar esse nome “igreja” apenas para as suas congregações. Dar esse mesmo nome para um edifício ou uma organização, embora permitido pela semântica e tradições, é um despropósito e desvirtuamento do seu sentido original bíblico. Procure substituir por “edifício” a palavra “igreja” em todos os lugares em que aparece na Bíblia e verá que resulta num contrassenso. Em função dele surgiram vícios de linguagem como “almoço na igreja” em vez de "com a igreja", “vou à igreja” em vez de "vou me reunir com a igreja" e outros mais, o que faríamos bem em evitar.
Para evitar isso, outros nomes têm sido escolhidos para o edifício onde uma igreja se reúne. Um deles é “templo”, mas este nome é também inadequado (Efésios 2:21). O nome “Casa de Oração”, em função da citação de Isaías 56:7 pelo Senhor Jesus do nome do templo do milênio é razoável, desde que não seja usado como uma denominação da própria igreja, como já tem sido feito por alguns.
Não é correto para alguns membros da igreja usarem prefixos aos seus nomes a fim de distingui-los do resto da congregação, como “pastor”, “presbítero”, “bispo”, “diácono”, “reverendo” e outras mais. Isto fere o principio ensinado pelo Senhor Jesus, que ninguém procure se exaltar assim: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo” (Mateus 23:7 a 10). “Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado” (Mateus 23:12).
Finalmente, “Deus O exaltou soberanamente, e lhe deu o Nome que é sobre todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. Tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 2:9, Colossenses 3:17, 2 Tessalonicenses 1:12). AMÉM.