Nós todos desejamos o perdão dos pecados, e com razão; porém isso é só o primeiro, e o mais baixo degrau da experiência cristã. O auge desta experiência é quando a pessoa pode dizer: "Pois bem, agora além do perdão eu quero conhecer a Deus, Deus mesmo na minha vida como uma realidade íntima". Muitas vezes desejamos o poder espiritual, a habilidade em serviço, e vários outros dons. Até um certo ponto temos razão em desejar tais bênçãos; porém, se avaliamos estas coisas antes do conhecimento de Deus, proclamamos que somos cristãos imaturos.
Ás vezes como filhos de Deus, pedimos-Lhe muitas bênçãos, sem todavia estarmos interessados nEle mesmo, mas só no Seu poder para dar-nos coisas boas. Desejamos as bênçãos, porém não temos gozo na própria Pessoa que no-las dá.
Eis um assunto profundo, infelizmente é possível passar a vida orando dia após dia, sem jamais reconhecer que o ponto supremo da experiência cristã é chegar face a face com Deus, para adorá-Lo no Espírito. Reconhecemos, ou não, que estamos tratando diretamente com o Deus vivo? Sentimos a Sua presença? Ele é uma realidade para nós?
O apóstolo Paulo diz esta mesma coisa em Filipenses 3.8 "Deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor". Note a sua ambição. Não era a de ser um grande pregador, nem mesmo um grande pescador de almas. Ele queria fazer isso, sim, e com toda razão, porém não era a sua ambição suprema; ele queria, além de tudo (e incluindo tudo), o conhecimento de Cristo Jesus – não somente como Salvador, mas como o seu Senhor vivo, seu Amigo íntimo, seu Deus único e pessoal.
Paulo tinha visto o rosto do Cristo vivo, o Senhor ressurrecto; porém ele ainda anela este conhecimento mais profundo, mais íntimo – um conhecimento pessoal, uma revelação mais compreensiva do seu Senhor e seu Deus.
O velho apóstolo João, escrevendo a sua Carta Geral aos cristãos, diz-lhes que o seu grande desejo para eles é que "o vosso gozo se cumpra" (1ª João 1.4). De que maneira?.. "Para que tenhais comunhão conosco, …e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo" (v.3). Isto não quer dizer somente "ser crente", ou "ser obreiro evangélico"; naturalmente inclui isto, mas há um nível muito mais alto – o de conhecer a Deus mesmo.
Na verdade nisto temos a autoridade do próprio Senhor Jesus quando citou o "maior mandamento de todos" Mt 22.37 – "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento"… Eis a coisa mais importante da vida – conhecermos a Deus de tal maneira que O amemos de todo o nosso ser. Ficarmos satisfeitos com qualquer coisa menor do que isso, é perder o propósito e o fim da salvação cristã. Não é somente o perdão, nem o ser salvo do inferno; o alvo é o conhecimento de Deus. "A vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem Tu enviaste" (João 17.3).