Colocar as palavras "em nome do Senhor Jesus Cristo" e semelhantes, ao fim das orações, tem sido a praxe por tempos imemoriais. Para muitos são apenas as palavras finais de qualquer prece, vindo depois, automaticamente, o Amém. Parece que a prece fica incompleta sem estas palavras. É fácil aprender a terminar as orações com elas, sem refletir e entender o verdadeiro significado que elas têm.
Regra geral, a expressão "em nome de …" , é usada para denotar a representação de uma pessoa por outra. Por exemplo, freqüentemente um assistente ou secretário assina uma carta ditada ou redigida pelo seu chefe, após as letras "p.p." (por procuração) indicando assim que embora ele próprio esteja assinando, ele o faz com autorização do chefe, cujo nome aparece logo embaixo. O chefe assume toda a responsabilidade, embora a assinatura não seja dele, desde que o assinante realmente tenha a sua autorização e com as letras p.p. ou de outra forma ateste que assina em seu nome.
O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "… eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (João 14:13-14). Observemos bem a clareza com que Ele determina a Quem o pedido deve ser feito (ao Pai), Quem vai atender ao pedido (o Filho), quem faz o pedido (os discípulos), em nome de Quem (do Filho) e a finalidade (para que o Pai seja glorificado no Filho). Segundo a regra acima, Ele estava ensinando que tudo o que fosse pedido pelos discípulos ao Pai com a autorização e sob a responsabilidade dEle, Ele o faria.
Não só os discípulos a quem o Senhor Jesus falava adquiriram a Sua autorização para orar em Seu Nome. O apóstolo Paulo esclareceu aos crentes da igreja de Corinto: "… haveis sido lavados, haveis sido santificados, haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus" (1 Coríntios 6:11). E, aos crentes colossenses: "quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Colossenses 3:17). Como os membros da igreja em Corinto, todo aquele que foi lavado, santificado e justificado em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito Santo, tem por obrigação só falar e agir com a autorização e sob a responsabilidade do Senhor Jesus, dando graças a Deus Pai por Ele. Isso inclui as orações feitas a Deus Pai.
Este é o padrão elevado para a vida de todo o crente, como o apóstolo Paulo escreveu aos crentes da Galácia: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim". A chamada "regra de ouro" para o crente é ter sempre em mente a pergunta: "O Senhor Jesus faria - ou diria - isto?" antes de qualquer ação ou palavra, pois estamos agindo em Seu nome.
Todavia, mesmo depois de sermos salvos pela nossa fé em Cristo, e de sermos selados pelo Espírito de Deus, temos em nós ainda nossa velha natureza, que batalha com a nova que recebemos de Deus. "O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade" (2 Timóteo 2:19).
Se usamos o nome de Cristo diante do mundo, tenhamos cuidado com o nosso testemunho: não devemos estar vivendo em pecado. Infelizmente existem aqueles que declaram veementemente que seguem fielmente a boa doutrina apostólica, mas não suportam nem mostram qualquer amor, paciência, longanimidade, pelos seus irmãos em Cristo, ou são apanhados em outros pecados igualmente graves. O Senhor vê o coração e conhece aqueles que são Seus, mas o mundo só vê o exterior.
Não haveria necessidade da exortação para nos apartarmos da iniqüidade se automaticamente todos os nossos atos e palavras proviessem do Senhor Jesus. Temos portanto que admitir que, infelizmente, nem sempre estamos agindo ou falando com a autorização e sob a responsabilidade de Cristo. Nem quando oramos.
Dizer formalmente "em nome do Senhor Jesus Cristo" não dá autenticidade a nenhuma oração. É necessário que quem a faz, e o seu teor, tenham sido autorizados por Ele: somente têm a Sua autorização os Seus discípulos e aqueles que O receberam como Senhor e Salvador, e Ele só se responsabiliza pelos pedidos feitos por eles segundo a Sua vontade.
Orar em nome do Senhor Jesus Cristo significa estar no lugar dEle, identificado com Ele, em comunhão com Ele. Nenhum pecador pode se aproximar de Deus em seu próprio nome, e Ele só vai ouvir as orações que forem feitas pelo Seu Filho, através dos Seus servos: os que O receberam como Senhor das suas vidas. Deus vai responder à oração que permite que Ele seja glorificado em Seu Filho.
Assim, quando oramos em nome do Senhor Jesus, não estaremos orando por algo que desejamos de forma egoísta para nós próprios, mas por Ele, por Sua obra, por aquilo que sabemos ser da Sua vontade. Estaremos também vivendo em obediência ao Senhor Jesus, pois a promessa de atendimento é feita aos que O amam, e a evidência de que O amamos está em obedecermos aos Seus mandamentos, dos quais amarmos uns aos outros é o primeiro.
Finalmente, seria então uma redundância terminarmos uma oração com as palavras "em nome do Senhor Jesus"? Mesmo assumindo que somos Seus servos obedientes, e que o que pedimos está em conformidade com a Sua vontade, nunca é demais, ou redundante, declararmos claramente, para que todos possam ouvir, que não estamos pedindo em nosso próprio nome, o que seria inaceitável, mas unicamente pelos méritos e em nome do nosso Senhor e Salvador.
É verdade que Deus conhece os nossos corações, e sabe se assim é, mas ao pronunciarmos essas palavras estamos dizendo que obedecemos ao Seu mandado, e nos recordamos dEle. Também dessa forma O anunciamos a todos os que nos ouvem, com o propósito de que o Pai seja glorificado no Filho, como é o desejo dEle. Como poderá isto ser feito se Ele nem sequer for mencionado?
Mas há que se ter cuidado com as dissimulações! O uso dessas palavras por quem não está autorizado, ou pedindo algo que não está de conformidade com a vontade do Senhor Jesus Cristo, não fará com que seu pedido seja aceito.