Bem antes de Abraão chegar ali, parece que Jerusalém foi escolhida por Deus para ser o centro de Seu trabalho entre os homens, pois Melquisedeque já era "rei de Salém" quando saiu para encontrar o patriarca (Gn 14.18) e era, também "sacerdote do Deus Altíssimo" – tipo do Senhor Jesus Cristo, sacerdote real que consumaria séculos depois, a obra de nossa redenção.
O nome original da cidade – Salém – significa "paz" (Sl 76.2; Hb 7.2), porém, a sua história tem sido bastante tempestuosa desde a sua tomada por Josué até aos nossos dias.
Nos tempos de Josué e dos Juízes a cidade tinha o nome de Jebus (Js 15.8 e 18.28; Jz 19.10-11); pertencia juntamente às tribos de Judá e de Benjamim, mas os jebuseus continuaram a ocupar a parte mais alta e forte, chamada Sião, até o reinado de Davi. Este tomou a fortaleza e fez Jerusalém a sua cidade capital (2º Sm 5; 1º Cr 11), mil anos a.C.. Salomão edificou ali o primeiro Templo, que ficou sendo o centro da religião judaica divinamente dada por meio de Moisés.
No ano 606 a.C., Nabucodonozor venceu a Jeoaquim rei de Judá, levando-o preso a Babilônia (2º Cr 36.5-7; Dn 1.1-2). Em 597 a. C., Nabucodonozor veio de novo, tomou a cidade e levou cativo o rei Jeoaquim, a família real, os nobres e a maior parte da população da cidade, deixando Zedequias como rei tributário.
Mas, quando este se rebelou, no ano 589 a.C. os babilônios vieram pela terceira vez, sitiaram a cidade por quase dois anos e, tomando-a queimaram o Templo e todas as casas e derribaram as muralhas, deixando a cidade inteiramente em ruína (2º Rs 25). A queda de Jerusalém incitou o ministério dos profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Em 536 a.C., Ciro, rei dos persas, permitiu que os judeus voltassem a Jerusalém; o alicerce do segundo Templo foi posto logo depois (Ed 3), mas, devido à oposição dos inimigos, a construção foi proibida até ao reinado de Dario, o Grande (Ed 6.1) e completada finalmente em 515 a.C.
Em 445 a.C., Neemias recebeu a "ordem para restaurar e para edificar Jerusalém" Ne 2; Dn 9.25; assim, esta data marca o começo do período profético de "setenta semanas" isto é, 490 anos de Daniel 9.24-27, com respeito a Israel e Jerusalém.
Reedificada e fortificada , a cidade continuou debaixo da soberania dos persas até 330 a.C, quando os gregos se tornaram império mundial. Nesses tempos os judeus prosperaram, mas afinal, o rei Antíoco IV da Síria, cheio de ódio contra eles, furiosamente tentou extermina-los completamente.
Em 168 a.C., ele devastou Jerusalém, torturou e escravizou milhares de judeus. No ano seguinte os judeus se revoltaram e, chefiados pela maravilhosa família dos macabeus, reconquistaram Jerusalém e reedificaram o Templo; essa família governou a Judéia como província independente por mais de cem anos, trazendo-lhe glória e prosperidade.
No ano 63 a.C. os romanos conquistaram o país e apontaram uma família de descendência edomita – os Herodes – como reis da Judéia, Herodes, o Grande, fortificou e adornou a cidade e reconstruiu o Tempo numa escala magnífica; mas era cruel e ambicioso (Mt 2).
Seu filho, Herodes Antipas, ordenou a morte de João Batista e se uniu com Pilatos na crucificação de Jesus Cristo (Lc 23).
Com a morte do Messias no ano 32 da nossa era, isto é, exatamente 483 anos depois do decreto de Neemias 2, terminou o período de "sete semanas e setenta e duas semanas" da profecia de Daniel (cap. 9.25-26).
Parece que a última "semana" (isto é, 7 anos) está ainda para se cumprir.
Em 70 a.D., os judeus se revoltaram contra os romanos e estes "o povo do príncipe que há de vir" destruíram a cidade e o Templo; morreram mais de um milhão de judeus e quase mil foram levados cativos.
No ano 135 a. D., um falso messias, Barcocheba, chefiou uma revolta e tentou reedificar o Templo, porém os romanos o venceram e devastaram a Judéia. Foi proibido aos judeus entrarem na cidade sob pena de morte.
Em 326 a.D., a cidade foi feita um centro "cristão" debaixo de Constantino. Em 617 a.D., os maometanos tomaram Jerusalém e com exceção de uns 100 anos no período das Cruzadas ela permaneceu nas mãos islamíticas até 1917, quando os aliados da primeira guerra mundial a tomaram.
Durante o Mandato britânico milhares de judeus voltaram à Palestina e em 1948 foi criado o Estado de Israel independente. Mas a maior parte da cidade ainda pertencia ao reino árabe da Jordânia até que neste ano de 1967 (*) os judeus atacados pelos árabes, rapidamente os venceram e tomaram Jerusalém e o resto da Judéia árabe.
Assim Jerusalém, pela primeira vez desde a sua tomada por Nabucodonozor, não está "pisada pelos gentios" (Lc 21.24). Os "poderes grandes" do Oriente e do Ocidente, perplexos, estão debatendo entre si as possibilidades da atual situação; há ameaça de nova guerra local ou mundial e Israel terminantemente recusa ceder Jerusalém.
Já se findaram "os tempos dos gentios?..." por enquanto não podemos ter certeza; talvez estejamos vendo o princípio dos últimos sete anos (a septuagésima "semana") da profecia de Daniel em que será manifestado "o homem do pecado, o filho da perdição" 2ª Ts 2.3.
Uma coisa fica certa – "a figueira e todas as árvores (Israel e as antigas nações bíblicas) estão começando a brotar" Lc 21.29-30 e podemos saber que está próximo o Reino de Deus.
Vigiemos, pois, e oremos!
(*) 1967 foi o ano em que foi escrito este artigo. Pouco depois Israel foi obrigado pela ONU a devolver os territórios conquistados bem como uma parcela de Jerusalém, onde se encontra uma mesquita sobre parte da área antigamente ocupada pelo templo.