Duas vezes na Epistola aos Hebreus, o Espírito Santo refere-se ao Senhor Jesus como "fiel" – no sentido de ser leal a Deus. Em 2.17 vemos que Ele é "fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus", e em 3.1-2 somos chamados a contemplar a Jesus Cristo, "apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, o Qual é fiel ao que O constituiu" – isto é, a Deus. Jesus cumprirá os Seus deveres como Sumo Sacerdote tão fielmente como cumpriu a Sua missão como "Apóstolo" (isto é, Mensageiro). O fiel Apóstolo mostrar-se-á igualmente fiel como Sumo Sacerdote, pois a fidelidade é uma das qualidades intrínsecas e eternas do Seu caráter divino.
Esta fidelidade a Deus foi demonstrada constantemente durante a vida de Jesus na terra. Até mesmo antes da Sua encarnação, o Filho de Deus escolheu entrar no mundo como filho de mulher pobre, em vez de tomar uma posição exaltada na sociedade. Que sofrimento e desprezo teria evitado, se não tivesse escolhido ser "filho de carpinteiro" e "nazareno".
Quando menino de apenas 12 anos, mostrou-Se fiel a Deus. Regressando de Jerusalém, Jesus, em vez de ficar brincando com os seus coleguinhas, voltou para o templo, onde conversava com os doutores religiosos acerca das coisas de Deus. "Não sabeis que me convém tratar das coisas de meu Pai?"
Em Mateus 3.15, vemos como Jesus se submeteu ao batismo de João Batista, "para cumprir toda a justiça", embora não houvesse Nele pecados para confessar. Que Lhe significava, então, esse batismo?... Era a Sua própria morte, à qual Se submeteria, três anos depois, para salvar o mundo. Batismo fiel!
Logo seguiu-se outro exemplo de fidelidade – a tentação no deserto. Quantos milhares de pessoas já cederam a semelhantes tentações – os desejos do corpo, a ostentação, a ambição – em plena desobediência a Deus! Porém Jesus deu a resposta firme: "Está escrito... Não Farás..." e não houve mais discussão. Ele venceu Satanás por ficar fiel ao mandamento de Deus. Oh, que nós fossemos tão fiéis assim!
Durante os três anos do Seu ministério público, vemos muitos exemplos desta mesma lealdade à missão que o Pai deu a Jesus. Em Mateus 16.21-23, o Salvador revela aos discípulos que será rejeitado e crucificado pelos chefes religiosos; Pedro, horrorizado quer dissuadi-lo de tal caminho, mas Jesus recusa terminantemente a sugestão satânica. Ele seguirá fielmente o caminho marcado por Deus.
Duas vezes – uma no princípio e outra no fim do Seu ministério – vemos como Jesus, no Seu zelo pela Casa de Deus, entrou no pátio do templo e expeliu os vendedores com as suas mercadorias (até os animais), assim arriscando a Sua vida na Sua fidelidade à honra do Pai - João 2.13-22; Mateus 21. 12-13.
Na verdade, este Mensageiro fiel declarou enfaticamente ao povo, com respeito às Suas palavras; "Eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, Ele me deu o mandamento sobre o que hei de dizer... O que eu falo, falo-o como o Pai me tem dito" João 12.49-50.
Não somente as palavras do Pai, como também as Suas obras, Jesus as cumpriu fielmente (João 5.36;10.25), mesmo até a última e maior "obra" de todas – a Sua crucificação, que nos trouxe a nossa salvação eterna.
Vejamos a fidelidade no Getsêmani ("Não se faça a Minha vontade, mas a Tua"), perante Caifás ("Eu sou, e vereis"), perante Pilatos ("Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz") – e na cruz ("Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz!").
Este fiel "Apóstolo da nossa confissão", tendo consumado a obra que o Pai Lhe deu para fazer, está exaltado na Sua ressurreição e apontado a ser "grande sacerdote sobre a casa de Deus" Hb 10.21 – "Sacerdote fiel para expiar os pecados do povo" 2.17. "Consideremos a Jesus", então, e a Sua perfeita fidelidade, para que nós também sejamos "fiéis até a morte" Ap 2.10 para recebermos a coroa da vida.