O milênio aqui referido são os mil anos que sucedem ao período da Tribulação (Apoc. 20.6 e 7), e terminam com a rebelião e juízo finais.
São dois versículos no Apocalipse, mas encontramos informações detalhadas nas profecias do Velho Testamento sobre esse período, particularmente no que diz respeito ao povo de Israel. Mas sobre a igreja de Cristo especificamente pouco encontramos ali pois ainda era um mistério para ser revelado.
O Novo Testamento nos diz mais, particularmente nos ensinos por parábolas do Senhor Jesus, no entanto é preciso ter discernimento para distinguir bem o que Ele revelou a respeito da Igreja de um lado e Israel de outro. Existem várias interpretações por causa disso, mas eu vou me ater apenas àquela que me parece ser a mais correta.
Em vista do seu arrebatamento, a igreja desaparece da profecia no livro do Apocalipse a partir do capítulo 5 - salvo a sua provável representação nas pessoas dos vinte e quatro anciãos - mas retorna como a esposa do Cordeiro no capítulo 19 ver. 7, significativamente pouco antes da segunda vinda de Cristo à terra para derrotar a besta e os seus exércitos, aprisionar o diabo e assumir o seu reino milenar.
No versículo 5 desse capítulo é anunciado que são chegadas as Bodas do Cordeiro, no versículo 7 vê-se esposa e não noiva e logo depois, no versículo 11 o Noivo, que é Cristo, se prepara para descer à terra e assumir o Seu reino.
Para explicar as Bodas do Cordeiro é necessário compreender como se faziam os casamentos entre os judeus, particularmente na época quando esta profecia foi escrita; temos algumas descrições informativas nos Evangelhos (Mateus 25.1-13, por exemplo).
O noivo ia buscar a noiva e a trazia para a sua casa, onde se realizava o casamento na presença de alguns familiares e amigos íntimos, depois havia a festa das bodas, para a qual todos os amigos eram convidados. O belíssimo Salmo 45 é uma profecia das bodas do Cordeiro (Hebreus 1.8,9), a primeira metade dirigida ao Noivo, que é Rei, o mais formoso dos filhos dos homens e também Deus, e a segunda metade à noiva, que esquece o seu povo e a casa do seu pai, formosa e lindamente ataviada (Apocalipse 19.7,8). O Noivo virá buscar a Sua noiva, a igreja, nos ares para estarmos eternamente com Ele. Note-se que a Igreja só se compõe daqueles que são salvos mediante a sua fé em Cristo desde o seu início com o batismo do Espírito Santo no dia de Pentecostes, pouco depois da ascensão do Senhor Jesus, até a Sua vinda para arrebatá-la.
Algo significativo como a cerimônia de casamento se dará no céu, e depois Cristo e a sua igreja virão para a ceia das bodas do Cordeiro (Apoc. 19.9) na terra, quando Ele assumirá o seu reino milenar (e também eterno, porque continuará no novo céu e nova terra).
Todos os santos que morreram antes de Cristo, bem como os fiéis mortos durante o período da Tribulação, serão ressuscitados no início do milênio, terminando assim a primeira ressurreição; junto com os justos vivos, eles participarão da festa das bodas durante o milênio: esses são os bem-aventurados que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro (Apoc. 19.9).
Isto posto, percebemos que a Igreja estará com Cristo durante o seu reino na terra - não faria sentido uma festa das Bodas sem a nova esposa. E, como a esposa aprende a viver e a trabalhar em harmonia com o seu marido, a Igreja vai viver e trabalhar em perfeita harmonia com o Senhor Jesus, em toda a Sua glória.
O Noivo, o Filho de Deus, será o supremo Rei da terra durante esses mil anos. Todos os santos (Velho Testamento, Igreja, Tribulação) governarão com Ele, em seus corpos de glória. O seu reino consistirá de duas áreas principais:
Israel, sob o rei Davi. Será dividida em doze tribos sob a autoridade dos doze apóstolos. Haverá também príncipes e juizes em seus corpos naturais, e Israel liderará as nações.
As nações gentias, que serão governadas:
pelos membros da igreja de Cristo (Salmo 149.6-9, Daniel 7.9,18,27, Rom. 8.17, 1 Cor. 6.2-4, 2 Tim. 2.12, Heb. 12.28, Apoc. 1.6, 2:26-27, 3.21, 5.10, 12.5, 20.4). Eles se sentarão em tronos - e a autoridade de cada um será outorgada diante do tribunal de Cristo depois do arrebatamento, de conformidade com a sua fidelidade como servos de Cristo durante a sua vida na terra (Lucas 19.12-17).
pelos santos da tribulação: os que foram degolados por causa do testemunho de Jesus durante a primeira metade do período da tribulação e foram mencionados na abertura do quinto selo, e os que não adoraram a besta ou a sua imagem, nem receberam a marca 666 na sua testa ou sua destra, ou seja, os da segunda metade da tribulação.
também existirão reis em seus corpos naturais.
Quando o reino milenar começar, todos os homens em seus corpos naturais serão "justos". Os judeus todos se converterão logo antes da segunda vinda de Cristo. Os gentios terão sido julgados durante um pequeno intervalo de setenta e cinco dias entre o fim da tribulação e o início do reino milenar, segundo a maneira como trataram os judeus durante a tribulação. Aos justos, "benditos de Meu Pai", será dada a posse do reino, bem como a vida eterna. Os maus, "malditos", serão removidos indo para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:31-46).
A população, em seus corpos naturais, vai se multiplicar naturalmente e seus descendentes todos herdarão ainda a natureza pecaminosa, precisando de regeneração. Os que não o fizerem serão julgados ao completarem cem anos e morrerão (Isaías 65:20). Os regenerados, assim como os justos no início, não morrerão pois terão também a vida eterna. Logo não haverá outra ressurreição dos justos, sendo a que precede o milênio o fim da primeira ressurreição. Todos vão gozar de paz, prosperidade e justiça.
Terminado o milênio, depois do juízo final e da substituição do atual céu e terra por novos, lemos da descida da Nova Jerusalém, também chamada noiva, a esposa do Cordeiro (21.9), a nossa morada permanente, cuja descrição nos deixa maravilhados pela sua imensidão, preciosidade, fulgor e santidade.
Que destino sublime têm diante deles os que tiverem recebido ao Senhor Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador antes de Sua volta para buscar a Sua igreja! Vale a pena no presente, por breve tempo, se necessário, serem contristados por várias provações (1 Pedro 1.6), e sofrer um pouco antes de chegar à eterna glória de Deus (1 Pedro 5.10). Seu futuro é garantido e certo porque é a promessa infalível do nosso Deus.