Atualmente o lugar onde Deus é adorado é irrelevante, como o próprio Senhor Jesus ensinou. O importante não é onde, mas como, nós O adoramos. Não precisamos ir a algum lugar ou edifício especial porque Deus é Espírito e Ele pode ser encontrado em qualquer lugar. Os verdadeiros adoradores O adoram em espírito e em verdade (João 4:21-24).
Nos velhos tempos foi do agrado de Deus instruir o Seu povo Israel, através do Seu servo Moisés, para Lhe construir um tabernáculo, que era um templo ou santuário portátil, para que Ele pudesse habitar no meio deles (Êxodo 25:8). A arca era o trono de Deus e foi a primeira peça de mobiliário que deviam fazer. O SENHOR tomou o lugar de um rei numa nação teocrática. Séculos depois, o rei Davi pouco antes de morrer instruiu seu filho, Salomão, e os príncipes de Israel, para construirem uma “casa” ao nome do SENHOR, para ser o seu santuário (1 Crônicas 22:19).
O rei Salomão edificou um templo suntuosamente decorado em Jerusalém, segundo a planta que lhe dera o seu pai. Mas na inauguração, ele proclamou sabiamente: “Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei!” (1 Reis 8:27). Qualquer idéia que Deus habita em um edifício físico é uma noção pagã totalmente falsa. Não existe coisa como “casa de Deus” porque Ele não pode ser retido dentro de um edifício feito por mãos de homens.
Nunca se subentende que Deus estaria confinado a um ponto geográfico a fim de ser adorado. Quando é dito que Ele habitava entre os querubins sobre a arca no “santo dos santos” isso significa que a Sua presença com o povo de Israel era representada fisicamente sobre o “propiciatório” entre os dois querubins de ouro unidos a ele. (1 Samuel 4:4; 2 Samuel 6:2; 2 Reis 19:15 e Isaías 37:16).
Todos os objetos e cerimônias dentro do tabernáculo e do templo tinham um significado espiritual e apontavam ao Messias Jesus. Desde que Ele veio e deu o Seu sangue em propiciação pelos pecados dos homens, eles foram cumpridos e os símbolos não são mais necessários.
Ao invés de um templo feito de pedras por mãos humanas, Deus está agora construindo para Si um templo espiritual onde habita o Seu Espírito, que é a igreja de Cristo (Efésios 2:20-21), da qual a pedra angular é Cristo, os alicerces são os apóstolos e cada crente é uma pedra. Uma igreja local será a “casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1 Timóteo 3:15) se for submissa, fiel e obediente a Ele.
A igreja local é essencial para a prática do amor e comunhão entre crentes, instrução, apoio mútuo e crescimento para santuário dedicado ao Senhor, "no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios 2:21-22). Todo crente também é um templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).
O Senhor Jesus prometeu aos Seus discípulos que “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18:20). Não é preciso ser em um templo, ou numa casa, a reunião pode até ser ao ar livre. O essencial é que as reuniões sejam feitas em nome do Senhor Jesus, subentendendo-se que as pessoas envolvidas são Seus servos, e que o que fizerem é por Sua conta, e que eles adorem em espírito e em verdade. Isso é o que importa, não onde, mas como: no espírito humano, em conformidade com o Espírito Santo (Romanos 8:5) que é o Espírito da verdade (João 16:13).
Quanto à comunhão na Ceia do Senhor, muito tem sido escrito, muitos procedimentos diferentes têm surgido e muita dissensão tem resultado desta prática que foi ordenada pelo nosso Senhor Jesus. O que era intencionado ser um símbolo do próprio Senhor, tomando a forma humana e dando o Seu corpo e o Seu sangue para nossa redenção na cruz, e dessa forma unindo os crentes em redenção debaixo do Seu senhorio, tem sido usado para adoração de fetiche, divisão, segregação e exclusivismo, para vergonha do nome de Cristo.
Não há lugar aqui para investigar e discutir as razões de todas as práticas diferentes, mas verificaremos apenas o que concerne à pergunta: o lugar onde deve se realizar. Temos poucos exemplos da igreja primitiva:
A primeira Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor mesmo, na presença dos Seus apóstolos, depois que todos eles haviam se assentado e comido a refeição da Páscoa no aposento de hóspedes de uma casa.
A próxima vez que lemos sobre a Ceia do Senhor é numa carta dirigida pelo apóstolo aos coríntios: a igreja se reunia em um lugar para uma refeição, na qual se realizava a Ceia do Senhor (1 Coríntios 11:13-24). Paulo declara que a conduta egoísta e irreverente de alguns participantes tornava absolutamente impossível reconhecê-la como sendo a Ceia do Senhor. O lugar, ou lugares, onde a igreja se reunia não é mencionado - parece não ter sido relevante.
Existem alguns casos em que a participação de uma refeição, geralmente chamada de “o partir do pão”, provavelmente também envolvia a Ceia do Senhor, embora isso não esteja declarado explicitamente. Em Atos 2:46, por exemplo, lemos que a igreja primitiva continuava dia a dia no templo e partia o pão de casa em casa; em Trôade os discípulos se reuniram, durante a sua viagem, na sala superior de uma casa para partir o pão … e Paulo partiu o pão e comeu, e falou por muito tempo (Atos 20:7-11). Na opinião do comentarista Vine “Encontramos um caso paralelo em Atos 2:42, 46. No primeiro versículo, para saber se Atos 20:11 se refere à Ceia do Senhor ou a uma refeição comum, o acréscimo das palavras “e comeu” é talvez indicação suficiente de que se trata de uma refeição, enquanto que o versículo 7, onde é usada apenas a frase “partir o pão”, refere-se à Ceia do Senhor; a frase “o partir do pão” não acompanhada de qualquer palavra a respeito de comida, claramente representa a Ceia do Senhor; enquanto que no versículo 46 a frase “partiam pão de casa em casa” é imediatamente explicada por “e tomavam as suas refeições”, indicando que eram refeições comuns.”
Ficamos com a impressão que, pelo menos no início, a Ceia do Senhor era parte de uma refeição coletiva da comunidade cristã. Mais tarde, como instruído na carta aos coríntios, os crentes deviam comer as suas refeições em casa e somente participar dos símbolos, pão e cálice, quando se reunissem com esse propósito.
A Ceia do Senhor foi instituída para o fim específico de nos lembrarmos do Senhor Jesus e anunciarmos a Sua morte e ressurreição até que Ele volte para a Sua igreja. Isso nos leva a adorarmos a Deus e ao Seu Filho pela justiça, misericórdia e amor que nos foram mostrados a nós, pecadores. O lugar da reunião para esse fim, o dia da semana e a hora ficam inteiramente à vontade daqueles que participam.