Fazem-se perguntas sobre oração que podem nos porecer superficiais, mas concernem assuntos que são levados a sério e dão origem a regras e costumes em algumas igrejas.
Estamos acostumados a nos aprofundar no assunto da importância da oração em nossa vida cristã, e muitos autores têm sentido a necessidade de escrever sobre esse assunto. Mas também é útil refletir sobre algumas questões simples e práticas para nos ajudar a oferecer orações públicas bem coordenadas e inteligentes, para benefício dos que nos estão ouvindo e que esperamos dirão “Amém” depois da nossa oração (1 Coríntios 14:16).
Em nossa língua, em seu sentido gramatical uma oração é a expressão feita por uma pessoa mediante uma simples sentença. Mas quando a oração é dirigida a Deus, damos um significado especial a essa palavra, para abranger todo o teor da comunicação que Lhe fazemos.
De uma maneira geral, em uma oração a Deus podemos dar, pedir, ou agradecer:
Em oração damos-Lhe “adoração” (Filipenses 3:3), por exemplo, exaltando os Seus atributos divinos, ou oferecemos-Lhe sacrifícios de “louvor” (Hebreus 13:15) quando, por exemplo, lembramos a suprema misericórdia, justiça e graça manifestadas ao nos dar o Seu Filho.
Se vamos rogar-lhe alguma coisa para nós próprios, estaremos apresentando uma “petição”, mas se for para outros dizemos que é uma “intercessão”. Às vezes rogamos alguma coisa para os outros que será de benefício para nós ou para a obra de Deus (1 Timóteo 2:1,2).
Ao agradecer-lhe pelas suas muitas misericórdias e atendimento às nossas necessidades, bem como às respostas às nossas petições damos “ações de graças” (2 Coríntios 9:10-14, Filipenses 4:6). Devemos ser agradecidos (Colossenses 3:15).
Quando nos reunimos como igreja, a congregação deve ser dirigida em oração por um ou mais irmãos em sucessão, não orando todos audivelmente ao mesmo tempo: cremos que isto está de acordo com o ensino em 1 Coríntios 14. Os que falam, não o fazem por si próprios, mas pela congregação toda (as orações particulares são feitas "em secreto" - Mateus 6:6).
A fim de que haja "um só espírito, uma só alma” (Filipenses 1:27), as orações devem corresponder ao motivo da reunião. por que os irmãos estão congregados,. Se for para adoração, como na Ceia do Senhor, a oração deve ser de adoração e louvor. Em outras ocasiões os motivos serão outros. No entanto, seja qual o motivo, a adoração e o louvor sempre têm o seu lugar no início, conforme o modelo que nosso Mestre o Senhor Jesus, nos ensinou (Mateus 6:9).
Em que posição devemos orar? Na Bíblia encontramos diversas atitudes físicas adotadas por pessoas que se dirigem a Deus em oração: prostrados (Mateus 26:39), ajoelhados (Efésios 3:14), de pé (Mateuws 11:25), de olhos abertos (João 17:1), com mãos levantadas (1 Timóteo 2:8); não lemos sobre alguém que estivesse assentado. A atitude física que adotamos em público anuncia aos que estão presentes a nossa reverência a Deus, e em particular reflete a nossa atitude submissa para com Ele. Sabemos que Ele conhece os nossos corações, melhor do que nós próprios, e embora nossa atitude física e palavras sejam sem relevância para nossa comunicação com Ele, é bom que manifestem a natureza do que está em nossa mente, como em toda conversa.
O versículo 8 de 1 Timóteo 2, tem sido pedra de tropeço para alguns. Ele trata especificamente dos homens que dirigem a oração no culto público. Levantar as mãos ao orar era, segundo nos informam, uma postura comum naquela época, bem como outros atos feitos em público. Lemos que o Senhor Jesus levantou as suas mãos para abençoar seus discípulos em Betânia (Lucas 24:50).
Às vezes, para entender bem um versículo, podemos tirar as vírgulas (que não estão no texto original). Neste caso, numa tradução sem vírgulas leríamos: “Quero portanto que os homens orem em todo lugar levantando mãos limpas apartados de ira e contestação”. Conforme a colocação das vírgulas, a ênfase muda. Por exemplo, poderia ser: “Quero, portanto, que os homens orem, em todo lugar levantando mãos limpas, apartados de ira e contestação”. Lendo assim, pode-se ver que não se trata de um mandamento para que se levantem as mãos ao orar. É perigoso basear-se num versículo isolado para formar uma doutrina, sem ter o apoio de outras partes da Bíblia. Infelizmente essa prática tem levado alguns crentes ao ponto de se separarem dos demais por causa de algum entendimento particular.
O desejo expressado por Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, é que os homens tenham suas mãos limpas, moral e espiritualmente, e que estejam isentos de raiva ou discórdia, digamos rixas (Filipenses 2:14), quando forem dirigir as orações da igreja em público. Levantadas ou não, o importante é que as mãos estejam puras, tendo sido usadas apenas para as boas obras. Algumas Bíblias traduzem como “santas”, e isso quer dizer mãos dedicadas ao serviço do Senhor. Não devemos orar em público se as nossas mãos não foram ainda dedicadas ao Senhor.
Só devem orar em público aqueles que já confessaram os seus pecados, que não têm amargura em seus corações contra Deus ou os seus irmãos, e que se chegam com fé, crendo que Deus vai ouvir e responder (Mateus 21:22).
E se orarmos por um fato já consumado, que acontece? É uma situação incongruente, mas não é rara: pode haver um pedido particular de oração por alguma situação ou alguma enfermidade e os irmãos, às vezes a igreja toda, fazem intercessão contínua a esse respeito em suas orações. A resposta chega sem que os que estavam intercedendo sejam informados, e as intercessões continuam, agora inutilmente.
É importante, mesmo que seja por simples cortesia, que os pedidos de oração sejam acompanhados de informações oportunas sobre mudanças na situação e a sua eventual solução, para que se possam também dar ações de graças pela resposta tida da parte de Deus. Também, se estivermos orando por alguém, devemos acompanhar a sua situação para sabermos melhor sobre o que orar.