Autoridade é o direito ou poder de ordenar, de decidir, de atuar, de se fazer obedecer. A suprema autoridade universal é a de Deus, e “não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas” (Romanos 13:1 - NVI).
Nas regiões celestiais existem poderes e autoridades (Efésios 3:10), que lutam entre si (p. ex. Daniel 10:13, Judas 9). Entre eles estão os dominadores deste mundo, forças espirituais do mal nas regiões celestiais: é contra eles que o cristão luta, e não contra os seres humanos (Efésios 6:10 a 18).
Na terra, o ápice da autoridade política em um país é detida por um indivíduo, ou grupo, que conquistou esse direito de maneira reconhecida pela nação. Seja ela em forma de monarquia (imperador ou rei), democracia (presidente eleito pelo povo), oligarquia (grupo que assume o poder, como no comunismo) ou outras variantes, a sua autoridade também vem de Deus.
Têm havido grandes déspotas através da história universal, que julgaram ser soberanos absolutos, isentos de responsabilidade pelos seus atos. Um deles foi Nabucodonozor, que Deus chamou de “meu servo” (Jeremias 25:9, 27:6). Este destruiu o templo e levou cativo o povo de Deus, mas Deus o puniu severamente para que se humilhasse (Daniel capítulo 4).
Um cristão verdadeiro, nascido de novo pelo Espírito Santo, produz o fruto do Espírito, que é “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança, justiça e verdade” (Gálatas 5:22, Efésios 5:9). Essas características distinguem o caráter cristão, e se revelam no comportamento do crente em relação ao próximo, seja ele quem for.
Mesmo com relação aos inimigos, o Senhor Jesus instruiu: “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam” (Lucas 6:27). Esse princípio geral deve orientar o comportamento do cristão em todos os seus relacionamentos.
O cristão é cidadão do reino dos céus, está no mundo, mas não pertence ao mundo. Ele está aqui para testemunhar do nosso Salvador. Estando aqui, deve “dar a César o que é de César”: o Senhor Jesus (o Filho de Deus) sem dúvida não poderia aprovar a pessoa idólatra e os atos vis do imperador romano, mas foi Ele quem pronunciou essas palavras.
Em Romanos 13:1-6 encontramos uma exposição do que vem a ser “dar a César o que é de César”: sujeição às autoridades governamentais (quem se rebela é condenado) por questão de consciência, dando-lhes o que for devido: imposto, tributo, temor e honra. Paulo escreveu isto quando a maior autoridade no mundo dele era César, título dado a uma série de imperadores cruéis e sanguinários.
Fica evidente, portanto, que não é lícito a um cristão falar, ou agir de forma desrespeitosa ou rebelde contra as autoridades governamentais, pois:
O poder das autoridades governamentais, em última análise, provém de Deus de Quem vem toda a autoridade. É a Ele que darão contas dos seus atos, e não aos seus próprios subordinados.
As autoridades governamentais não são o inimigo contra quem o cristão deve combater, mas sim, as “forças espirituais do mal nas regiões espirituais”, sendo o diabo o “príncipe deste mundo” (Efésios 2:2, etc.). O combate se faz com a “armadura de Deus” (Efésios 6:11-18). Devemos amar nossos inimigos humanos.
O cristão deve tributar às autoridades governamentais o que lhes for devido, com temor e honra, e estará, portanto, faltando com o seu dever se falar, ou agir de forma desrespeitosa ou rebelde contra elas.
A Bíblia nos informa que injuriar, difamar ou rejeitar as autoridades é a atitude dos “mestres ímpios” conforme identificada por Judas, o irmão do Senhor Jesus. Eles “… Rejeitam as autoridades e … difamam tudo o que não entendem”. “Nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse 'O Senhor o repreenda!'” (Ver. 8 a 10 - NVI). O crente deve se submeter às leis do país em que vive, salvo se, ao cumpri-las, ele estiver desobedecendo aos mandamentos de Deus.
Alguns podem pensar que, por estarem em uma democracia, em que os governantes recebem o poder em virtude do voto do povo, existe a liberdade de criticar a atuação dos governantes porque eles estão exercendo um mandato que o povo lhes conferiu. Como o seu poder emana do povo, o povo tem o direito de exigir que eles cumpram seu mandato legalmente.
Contra esse argumento devemos ponderar que ao eleitor não é concedido o direito pessoal de julgar, condenar ou injuriar os poderes constituídos. Seus direitos e deveres são geralmente definidos por legislação própria, regida por uma constituição nacional. Portanto, mesmo se o cristão pudesse fugir ao caráter que o distingue (que descrevemos no início do artigo), e participar de um mundo ao qual não pertence, se ele for insubordinado, desacatar a autoridade superior, ou ofender pessoalmente os governantes e demais autoridades, ele estará agindo ilegalmente.
Sem dúvida o cristão pode pessoalmente discordar do que a autoridade governamental vigente faz, e com razão considerá-la incapaz, desonesta, maldosa, etc., mas nem por isso deve reagir publicamente contra ela, em atos ou palavras. Deve dar graças pela liberdade que ainda tem de pregar e praticar o Evangelho atualmente em seu país, e orar por aqueles que sofrem perseguição por causa da sua fé em países onde essa liberdade está cerceada ou não existe.
“Quem quiser amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.” (1 Pedro 3:10-11 NVI.)