Entre os quatro evangelistas, Mateus e Lucas são os únicos que fornecem algum detalhe sobre o nascimento do Senhor Jesus. Como Lucas destaca a humanidade da Sua pessoa, ele dá mais informações. Mateus verifica o cumprimento das profecias da antigüidade feitas sobre a vinda do Messias da parte de Deus, sendo Ele o legítimo Herdeiro do trono de Davi, portanto o Messias Rei.
Esta é a única referência feita na Bíblia à visita dos magos vindos do oriente. É muito sucinta, dando lugar a algumas lendas que dificilmente poderão corresponder à realidade. Segundo podemos deduzir do relato bíblico, os fatos seriam os seguintes:
1. Quando chegaram a Belém? - Temos dois indícios, dos quais podemos concluir que foi cerca de um ano depois do nascimento do Senhor Jesus:
O Menino se encontrava em uma casa com seus pais, logo não era ainda um bebê numa manjedoura da estalagem.
Na tentativa de eliminá-Lo, Herodes mandou matar todas as crianças de dois anos para baixo, segundo o tempo decorrido desde que os magos haviam primeiro visto a estrela.
2. Quantos eram? - O número não é importante, e o Evangelho apenas nos diz a espécie de presentes que trouxeram. Seriam pelo menos dois, mas provavelmente eram mais do que os três da lenda, dada a perturbação que causaram em Jerusalém, preocupando o próprio Herodes.
3. Quem eram? - Decerto não eram reis, pois, se o fossem, este seria um detalhe importante que não teria sido omitido. Reis não visitam outros países sem escolta e formalidades, e teriam sido recebidos com honras por Herodes. Eram decerto apenas cientistas da época, bem informados sobre o judaísmo, tementes a Deus e pesquisadores da natureza.
4. Que estrela era aquela? – Foi vista no Oriente pelos magos, e eles somente a viram novamente quando saíram da presença de Herodes. Continuaram a vê-la indo adiante deles até que se deteve onde o Menino se encontrava. Nenhuma estrela conhecida poderia fazer tal coisa, logo deve ter sido criada especialmente para esse fim.
Não se pode saber com certeza o que havia de especial na estrela para que os magos a identificassem como sendo a do novo Rei dos judeus. Existe a possibilidade que os magos ligaram a profecia de Balaão (Números 24:17) com a de Daniel (Daniel 9:24) tendo Deus então atendido ao anseio de verem o seu cumprimento dando-lhes a visão do aparecimento dessa estrela, cujas características diferiam de todas as conhecidas. Eles foram a Jerusalém para adorar o novo Rei, que sabiam ser o Messias de Deus.
Mateus nos fala da preocupação de Herodes. Ele havia sido colocado no trono de Jerusalém pelos romanos, e receava perder a sua posição, pois nem sequer pertencia ao povo judeu, sendo edomita, tradicionalmente uma raça árabe inimiga. Os chefes dos sacerdotes do povo e os mestres da lei, escribas, convocados por Herodes souberam indicar precisamente onde o Messias havia de nascer: Belém da Judéia conforme Miquéias 5:2. Sabendo agora onde Ele teria que nascer, Herodes informou-se com os magos sobre quando isso teria acontecido: seria a data em que viram a estrela subir no Oriente, no máximo dois anos antes.
Herodes enviou os magos a Belém para O acharem, e os instruiu para que o avisassem em seguida. Escondeu deles a sua verdadeira intenção, que era de eliminá-Lo, e os incentivou dizendo que queria adorá-Lo: ao usar esta expressão, Herodes identificou o Messias com Deus. Mediante a informação recebida, os magos se dirigiram a Belém e a estrela os guiou até a casa onde o novo Rei se encontrava.
Não era ainda um bebê recém-nascido numa manjedoura, como muitos pensam! Os magos prostraram-se e adoraram o Menino (não a sua mãe). Deram-Lhe também presentes, dignos de um Rei (ouro), próprios para um Sacerdote (incenso), e perfume usado no embalsamento de um Morto (mirra). É surpreendente como esses magos conheciam já tão bem a missão do Messias de Deus! Seus presentes nos lembram que os povos de Sabá trarão ouro e incenso ao SENHOR no Milênio, mas não trarão mirra, pois a Sua morte já ficou no passado (Isaías 60:6).
Deus interveio em sonho advertindo os magos para não voltarem a Herodes, decerto para a proteção deles e permitir que José tivesse tempo para fugir com sua família.
Novamente Deus interveio enviando um anjo a José em sonho, instruindo-o para tomar o Menino e a sua mãe e fugir com eles para o Egito até nova ordem, porque Herodes iria procurar o Menino para matá-Lo. Assim fez José, levantando-se imediatamente e fugindo com eles durante a noite para o Egito.
Herodes se enfureceu ao perceber que os magos não voltavam e, sem agora ter como identificar a casa onde o novo Herdeiro ao trono estava, mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo em Belém e nas proximidades, pois, segundo a informação obtida dos magos, sua idade estaria nessa faixa.
O número de crianças mortas não teria sido muito grande, pois a população daquela área era ainda pequena. Assim mesmo, o acontecimento já fora profetizado em Jeremias 31:15: Ramá estava a alguns quilômetros de Belém e foi incluída no morticínio.
Segundo os historiadores seculares, Herodes, chamado "o Grande" morreu em abril do ano 4 a.C. Na hipótese que Jesus tivesse um ano de idade quando levado para o Egito, e que Herodes morrera seis meses depois, Seu nascimento teria se dado em outubro do ano 6 a.C. Logo, nosso calendário tem um erro de uns seis anos.
Novamente um anjo do SENHOR apareceu a José em sonho, depois da morte de Herodes, instruindo-o para voltar à terra de Israel, pois estavam mortos os que procuravam tirar a vida do Menino. José obedeceu, mas ao chegar à Judéia, de onde havia saído, soube que Arquelau, o filho de Herodes, estava reinando ali em lugar de seu pai. A história nos diz que o reino de Herodes foi dividido entre três dos seus filhos, ficando Arquelau com a Judéia e Samaria, e Felipe e Antipas com o restante.
Temendo ir para a Judéia porque o Herodes Arquelau era conhecido pela sua crueldade, e mediante uma divina revelação, José levou sua família para morar em Nazaré da Galiléia (Arquelau foi um tirano e, atendendo ao clamor dos judeus, foi deposto pelo poder romano dois anos mais tarde; a Galiléia fora herdada pelo Herodes Antipas, um político hábil, e foi ele quem mandou degolar João Batista, e condenou o Senhor Jesus à morte). A circunstância da família de José ao mudar-se para Nazaré fez com que o Senhor Jesus fosse chamado Nazareno, e dizia-se mais tarde que Seus seguidores eram da “seita dos nazarenos”, sendo Paulo acusado de ser seu chefe (Atos 24:5).
Neste capítulo vemos o cumprimento de três profecias que pareciam conflitantes, mas cuja perfeita compatibilidade foi assim demonstrada:
Temos aqui duas provas incontestáveis da divina inspiração da Bíblia:
Por outro lado, também vemos a interferência de Deus, necessária para encaminhar os fatos na direção dos Seus eternos desígnios: