A palavra "vinho" aparece 215 vezes em nossa Bíblia, das quais 180 no Velho Testamento. Na língua hebraica, porém, usada no original do Velho Testamento, junto com o aramaico, existem doze palavras diferentes que são traduzidas como "vinho" em português, indicando diferentes graus de fermentação a partir do suco de uva, mistura com água e outras bebidas, e quando fervido (quando o álcool evapora).
Nada lemos sobre vinho antes do dilúvio, e alguns cientistas têm sugerido que nos dois milênios antes dessa catástrofe de âmbito mundial as condições atmosféricas existentes não teriam permitido que houvesse a fermentação do suco de uva. Isto explicaria porque o santo Noé se embriagou - era novidade para ele!
O vinho era bebida (e remédio) padrão na antiguidade, mas o teor alcoólico era baixado ou eliminado mediante solução em água ou fervura, recebendo portanto esses nomes diferentes. É de se notar que vinho de qualquer espécie era proibido aos nazireus, isto é, os que estavam sujeitos a um voto de santidade ao Senhor (Números 6:1-4, Juízes 13:4,5), bem como aos sacerdotes quando estavam no exercício da sua função (Levítico 10:1, 9-11). Os israelitas não beberam vinho durante os quarenta anos que passaram no deserto (Deuteronômio 29:5).
No Novo Testamento lemos que João Batista, cheio do Espírito Santo e santificado a Deus mesmo antes de nascer, foi proibido de beber vinho (Lucas 1:15). O Senhor forneceu um vinho "muito melhor", milagrosamente, nas bodas de Caná. Certamente isso se refere ao seu sabor e não ao seu conteúdo alcoólico, pois "O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio."(Provérbios 20:1, veja também Provérbios 23:30-35).
Por ocasião da última celebração da Páscoa pelo Senhor Jesus com os seus discípulos, a Bíblia não diz que Ele ou os Seus discípulos tomaram vinho, e nunca em outras referências à Santa Ceia se fala em vinho: somente "cálice". Pensa-se que era possivelmente vinho que estava no cálice na primeira Santa Ceia, mas o Espírito Santo se absteve de mencioná-lo. O Senhor Jesus apenas disse que não tomaria mais do "fruto da vide" com os seus discípulos até que o tomasse "novo" no reino dos céus. Porque não falou em vinho? Por "fruto da vide novo" entendo suco de uva! E o que estava dentro do cálice poderia perfeitamente ser vinho sem álcool.
O apóstolo Paulo disse a Timóteo que não bebesse só água, mas usasse um pouco de vinho como remédio para seu estômago e as suas freqüentes enfermidades (1 Timóteo 5:23 - veja Lucas 10:34): sinal que ele até então se abstinha de tomar vinho. Hoje temos outros remédios mais eficazes. Durante os últimos 150 anos a grande maioria dos cristãos obedientes à Bíblia, no mundo inteiro, têm praticado total abstinência de bebidas alcoólicas, seja vinho, ou outras como cerveja, etc., compreendendo perfeitamente que o terrível mal que é o alcoolismo começa em pequenas doses. Uma minoria entendia que beber com moderação não lhes fazia mal.
Hoje, os padrões de conduta têm decaído muito, acompanhando o despencamento moral do mundo em volta, e muitos estão abandonando essa salutar abstinência, surgindo até alguns livros defendendo o "direito" que têm os crentes de beber em moderação. As razões por que os que amam ao Senhor e procuram obedecer à Sua Palavra devem optar pela abstenção de tomar bebidas alcoólicas são muitas, independentemente da prática observada nos tempos apostólicos, e não temos espaço para nos aprofundar agora nelas, mas vou apenas citar algumas:
Quanto ao uso do vinho na ceia do Senhor em algumas igrejas, trata-se de uma tradição apenas, pois não vem do texto bíblico. A grande maioria usa suco de uva, vinho sem álcool, ou mesmo algo diferente. A Bíblia fala apenas em cálice.