A imposição de mãos foi considerada pelo autor de Hebreus como um dos princípios elementares da doutrina de Cristo, junto com a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus, o ensino de batismos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno (Hebreus 6:1 e 2).
Todas essas coisas são fundamentos encontrados no Velho Testamento que nos levam a Cristo. No Velho Testamento, impor as mãos sobre a cabeça de um animal é símbolo não tanto da dedicação ou consagração do animal como oferta ou holocausto a Deus, mas da identificação do sacerdote ou do ofertante com o animal, que passava assim a representá-lo na sua morte ou banimento (Levítico 1:4, 16:21). O animal era uma figura de Cristo, que realmente tomou o nosso lugar quando morreu na cruz.
No Novo Testamento vemos que a imposição de mãos tem um significado bem diferente disso: ela era usada quando se abençoava (Mateus 19:15, Marcos 10:16), e quando se curava (Marcos 6:5, 7:32, 16:18, Lucas 13:13, Atos 28:8). Os apóstolos ainda impuseram as mãos, em apenas algumas situações, ao dotarem o Espírito Santo e outros dons (Atos 8:17-19, 9:17, 19:6, 2 Timóteo 1:6), assim como os presbíteros da igreja (1 Timóteo 4:14). Ananias, um simples discípulo, impôs suas mãos sobre Saulo no mesmo sentido (Atos 9:17) e Paulo instruiu Timóteo a não impor precipitadamente as mãos em ninguém (1 Timóteo 5:22).
As mãos não transferiam algo invisível, como uma corrente magnética, mas o gesto de impor as mãos era uma expressão visível do desejo por parte de quem o fazia de que Deus concedesse determinada coisa à pessoa sobre quem impunha as mãos. Era um gesto simbólico, apenas. Todo dom provém de Deus (Atos 8:20; 11:17; 1 Coríntios 1:4-8, 7:7, Tiago 1:17), e naqueles primórdios da igreja Ele estava usando seus servos para fisicamente ilustrar a graça que Ele estava concedendo aos que punham a sua fé em Jesus Cristo.
Assim, em muitos casos, a legitimidade desses servos era evidenciada quando o dom era concedido no momento em que as suas mãos eram impostas. Paulo, por exemplo, usou suas mãos para provar a sua credencial como apóstolo legítimo (Atos 19:11, 2 Coríntios 12:12). Isto não acontece mais hoje, pelo mesmo motivo que não vemos mais os sinais dos apóstolos - curas, milagres, profecias, conhecimento instantâneo de idiomas estrangeiros - que assinalaram o início da igreja de Cristo.
A fé de Cristo, entendendo-se com isto o conjunto de ensinamentos dados mediante os seus apóstolos e profetas, chegou à sua maturidade (o “perfeito” de que lemos em 1 Coríntios 13:8-10) com a revelação de Cristo no Apocalipse. Temos já escrito na Bíblia para nós tudo o que necessitamos para crescer no conhecimento de Deus e de Cristo e chegar também ao nosso amadurecimento espiritual. Certamente Deus ainda nos concede dons espirituais para o benefício da igreja local, dentre eles sendo o mais excelente o amor, que devemos a todos os nossos irmãos na fé.
Esses dons nos são concedidos pelo Espírito Santo como lhe apraz, na medida da necessidade, visando a um fim proveitoso. Em uma ocasião, a dedicação dos diáconos a serviço da igreja em Jerusalém foi marcada com a imposição de mãos pelos apóstolos (Atos 6:6). Claramente foi um gesto simbólico, feito enquanto oravam para que Deus lhes concedesse os dons necessários para desempenharem a sua missão. Era parte da atitude de intercessão por eles, não a garantia de que os dons haviam sido concedidos.
Alguns também o consideram como um símbolo de identificação com o obreiro, demonstrando a sua solidariedade com ele em seu trabalho (Atos 13:2). Um gesto simbólico dessa natureza não é condenável hoje, e é praticado por igrejas em vários lugares. Pode, no entanto, ser mal interpretado com o risco de um maior significado ser atribuído ao ato, elevando-o a um ritual necessário para a eficácia das orações, razão porque não é de uso generalizado. Poderão ser encontrados mais detalhes no artigo "Coloquem Suas Mãos Sobre Mim".