a) Explicação sobre João 19:25-27: A hora do Senhor Jesus havia chegado: Ele ia morrer fisicamente, mas em três dias ia ressuscitar e ser glorificado. O Seu relacionamento com Sua mãe iria ser cortado definitivamente com a Sua morte (Mateus 12:47-50). A Sua ressurreição iria limpar o nome dela, e salvar a sua reputação (provando a verdade do seu engravidamento pelo Espírito Santo), mas era necessário que ela viesse a Cristo em fé, para ser salva, como qualquer outro pecador. O Senhor Jesus tornou-se responsável por Maria quando morreu o seu padrasto, José, pois era o mais velho dos filhos de Maria. Agora Ele ia deixá-la, separando assim, para sempre, os seus laços familiares. É de se notar que Ele não a chama de “mãe”, mas apenas de “mulher”, assim como o fez nas bodas de Caná (capítulo 2:4). Mesmo nesta hora culminante da Sua missão, o Senhor não se esqueceu dela. O “discípulo a quem Jesus amava” era o seu primo João, autor deste Evangelho. De todos os discípulos, ele é o único mencionado como estando presente, junto com as mulheres, por ocasião da crucificação do Senhor Jesus.Vendo em João um substituto competente e fiel, o Senhor transferiu para ele os seus laços familiares. Maria e João aceitaram o seu novo relacionamento, e João a levou para a sua casa, onde, ao que consta, ela ficou morando até morrer. Os outros filhos de Maria não constam como estando presentes, e provavelmente ainda não criam nele (capítulo 7:5), mas creram depois da Sua ressurreição (Atos 1:14).
b) Explicação sobre Lucas 1:39-56: Isabel estava cheia do Espírito Santo quando saudou Maria com aquele cântico: só mesmo pelo Espírito Santo seria possivel para ela saber que Maria ia ser a mãe do Messias. Ela pronunciou a primeira bem-aventurança do Novo Testamento, em linguagem semelhante, no grego original, à que mais tarde seria pronunciada a Tomé para que não duvidasse (João 20:29). Isabel desejava que Maria tivesse plena fé na profecia do anjo. Tanto o cântico de Isabel como o de Maria e de Zacarías (Lucas 1:68-70) foram ditos mediante o poder do Espírito Santo, e formam perfeita poesia no original grego. São os primeiros hinos do Novo Testamento, e muito bonitos. O que Maria falou são pensamentos contidos no Velho Testamento, mostrando que ela estava imbuída da mensagem espiritual da Palavra de Deus. Maria louva a Deus porque atentou para a sua condição humilde (estava desposada a um pobre carpinteiro) para ser a mãe do Messias, que faria as grandes coisas relacionadas por ela, conforme profetizado no Velho Testamento. Nisso consiste a bem-aventurança pessoal dela, que seria lembrada, como tem sido, por “todas as gerações”: não por coisas que ela tivesse feito, ou por qualquer virtude pessoal que ela tivesse, mas por ter sido o alvo da misericórdia de Deus, para trazer o Messias ao mundo.
c) O que devemos pensar sobre Maria nos dias de hoje na Igreja: Maria foi o instrumento usado por Deus para a encarnação do Seu Filho, a fim de que, como homem, pudesse dar a sua vida como propiciação pelos pecados do mundo (João 3:16). Sua linhagem vinda do rei Davi cumpria as profecias, segundo as quais o Messias seria da sua descendência. E ela estava ali na ocasião determinada por Deus. Pessoalmente, foi uma honra especial para ela, uma bem-aventurança pela graca de Deus, pois nada mais em sua pessoa a faziam mais merecedora do que as demais mulheres do seu tempo. Se houvesse, certamente os escritores da Bíblia inspirados por Deus teriam sem dúvida nos informado disto. Sabemos que ela é nossa irmã na fé, e faz parte da igreja de Cristo, pois ela se reunia com os demais discípulos depois da ressurreição do Senhor Jesus. E é assim que a estimamos. As últimas palavras pronunciadas por ela, e dirigidas aos servos no casamento em Caná, foram: “Fazei tudo quanto ele (o Senhor Jesus) vos disser” (João 2:5). Façamos nós o mesmo!
Quando terminou o vinho naquela festa de casamento, um ítem importante nas refeições daquele tempo, foi embaraçoso para Maria, possivelmente por causa da chegada do Senhor Jesus e seus discípulos. A menção que ela lhe fez do fato pode ter sido apenas uma sugestão implícita para que eles se despedissem, ou, quem sabe, ela pensava que Ele poderia tomar alguma providência a respeito disso. Talvez Maria se sentisse responsável por algum motivo que não nos é informado, e apelou para que o seu filho mais velho resolvesse o problema para ela, embora fosse muito improvável que ela esperasse alguma intervenção sobrenatural da parte dele. Em Sua resposta Ele usou a palavra "mulher" ao invés de "mãe"- não por falta de respeito, e sem qualquer ideia de censura, mas demonstra que ela já não tem mais autoridade maternal sobre Ele, e absolutamente nenhuma sobre o seu trabalho messiânico. Ele acrescenta o que literalmente significa "o que tem isto comigo e contigo (ou conosco)?" A frase "a minha hora ainda não é chegada" é marcante, sempre que Ele a diz, especialmente quando se refere à Sua morte (capíltulos 7:30; 8:20; 12:23; 13: 1; 17:1). Parece que aqui significa a hora de manifestação pública como Messias, embora, num sentido mais restrito, possa ser entendida como referente a alguma providência concernente ao vinho. Maria evidentemente confiava em seu filho e tinha certeza que Ele iria resolver o problema do vinho, tanto que mandou os servos fazerem tudo o que Ele lhes dissesse. Estas foram as últimas palavras ditas por Maria que foram registradas na Bíblia!