Este episódio aconteceu no dia seguinte àquele em que o Senhor Jesus alimentou uma multidão composta de uns cinco mil homens, mais mulheres e crianças, mediante a multiplicação milagrosa de cinco pães e dois peixes.
A multidão foi procurá-lo no dia seguinte e, como se esse sinal tivesse pouco valor, eles pediram que lhes desse um sinal a fim de que pudessem crer que era o enviado de Deus, o Pai. Referindo-se ao Salmo 78, vs. 23 e 24,elesdisseram "do céu deu-lhes pão a comer". A sugestão implícita era que a multiplicação de pão não se comparava com o maná que viera do céu para alimentar o povo no deserto, quando estava sendo liderado por Moisés. Também estava implícito que fora Moisés que lhes dera esse "pão do céu", e queriam ver se Ele podia fazer um sinal ainda melhor. Era um desafio.
Primeiramente, o Senhor negou que Moisés fosse o doador do "pão do céu". Moisés não era superior a Ele nisso. O doador era "Meu Pai", não "nosso Pai", repetindo a reivindicação que causou tanto a raiva em Jerusalém (capítulo 5:17-18). Não só isso, mas o Pai era quem dava o verdadeiro "pão do céu" sendo esse "aquele que desce do céu e dá vida ao mundo". Notemos a mudança: o maná era uma substância para alimento do corpo físico, o verdadeiro "pão do céu" era uma pessoa que desceu do céu. Era uma passagem do material para o espiritual, sendo o segundo apenas tipificado pelo primeiro. O maná foi dado para nutrição física de um povo, por um período de tempo (40 anos), enquanto que a pessoa vinda do céu dá vida ao mundo inteiro.
Respondendo ao seu pedido de lhes dar sempre desse pão, o Senhor Jesus se identifica como sendo Ele próprio o "pão da vida". Quem vem a Ele de modo algum terá fome, e quem crê nEle jamais terá sede. É uma linguagem totalmente espiritual, e é repetida numerosas vezes na Bíblia.
Não há qualquer referência à festa da Páscoa dos israelitas. Esta celebra a libertação do povo da escravidão do Egito, e contém a figura do sangue do cordeiro que fora espargido nas portas das casas para evitar a morte dos primogênitos: este nos lembra o sangue de Cristo na cruz do Calvário mediante o qual somos salvos da escravidão do pecado.