Muito se tem pesquisado e muitas hipóteses têm sido aventadas sobre as extraordinárias revelações encontradas nos livros do Velho Testamento. Vou, entretanto, me limitar ao que a própria Bíblia nos dá a conhecer a esse respeito, pois é a fonte mais segura que podemos ter.
O Velho Testamento é composto dos trinta e nove livros dispostos em nossas Bíblias, já colecionados e usados ao tempo de Esdras, no quinto século a.C. Este é o "cânone", palavra originada do hebraico que significa coletânea dos livros reconhecidos como sendo de inspiração divina, e assim têm sido através dos tempos tanto pelos judeus como pelos cristãos.
A principal autoridade em que nos baseamos para confirmar sua autenticidade foi o próprio Senhor Jesus que declarou a extensão dos livros canônicos do Antigo Testamento (Lucas 11:51), ao acusar os escribas de serem culpados dos assassinatos de todos os profetas que Deus enviara, desde Abel até Zacarias. A morte de Abel é registrada em Gênesis; a morte de Zacarias encontra-se em 2 Crônicas 24:20-21, que é uma porção do último livro da Bíblia hebraica, onde a ordem dos livros é ligeiramente diferente da que usamos.
A existência dessa coleção é em si mesmo uma prova do cuidado de Deus em preservar a Sua Palavra inspirada através dos milênios:
Tanto o Senhor Jesus como os apóstolos e outros escritores do Novo Testamento fizeram inúmeras referências às "Escrituras", que é o nome que davam ao Velho Testamento, assim demonstrando a sua veracidade e origem divina.
Uzias (2 Crônicas 26) é uma abreviação de Azarias (2 Reis 14:21, 22). Ele reinou em Jerusalém sobre o reino de Judá por 52 anos (2 Crônicas 26:3).
A Bíblia é uma compilação de 66 livros, escritos porpelo menos 40 autores diferentes, em países diferentes, ao longo de umperíodo de mais de 1600 anos em três línguas diferentes, terminandoquase 2000 anos atrás. Nenhum outro livro tem sido copiado tãocuidadosamente através deste longo tempo, primeiro pelos judeus, queescreveram os livros do Velho Testamento (que vão desde mais de 1500 até600 anos antes de Cristo) e, reconhecendo a sua inspiração divina, osconsideraram sagrados, e depois por homens cristãos consagrados queacrescentaram os livros do Novo Testamento durante o primeiro séculodepois de Cristo. Depois da primeira tradução feita para o latim, nosegundo século, as próximas traduções para outros idiomas se fizeramsomente doze séculos mais tarde, começando com o inglês. Hoje não existelivro traduzido para mais idiomas do que a Bíblia, e as traduções aindacontinuam para idiomas pouco conhecidos, como os dos índios e das tribos da Nova Guiné, e povos da Índia.
Os tradutores defrontam com muitas dificuldades, a principal sendo a conversão para o seu próprio idioma das palavras ou expressões encontradas no original numa data de séculos atrás: por comparação, por exemplo, procure traduzir um trecho de Camões para a linguagem de hoje, sendo que nesse caso é uma só língua, o português, e o tempo decorrido é de apenas meia dúzia de séculos. Dedicados filólogos têm seespecializado no estudo das línguas originais, para que tenhamos emmãos a tradução mais exata do conteúdo bíblico.
Todo o idioma também muda dentro no tempo e do espaço, assim uma tradução feita para o português um século atrás precisa ser atualizada, o que explica as novas versões que temos da tradução de Almeida, a mais antiga e divulgada em nossa língua. Outras traduções, ou versões, têm surgido frente ao aparecimento de cópias muito antigas dos originais,julgadas mais perfeitas pelos seus autores, e outras em que procuram reduzir o vocabulário para facilitar a leitura, mas com prejuízo daexatidão.
A sua Bíblia deve ter uma nota ao pé da página esclarecendo que "A Septuaginta diz: muitas nações ficarão pasmadas diante dele´´. Esta parece ser uma tradução mais adequada para a frase, cabendo bem no seu contexto. Temos a palavra hebraica " hzy, "yazzeh", que é traduzida "aspergirá" e outra "hzj", "chazah" que significa "olhar qualquer coisa com admiração". Note-se a semelhança, sendo possível que, na transcrição de um documento mais antigo, a parte final foi omitida por um escrivão e passou despercebida. A Septuaginta foi uma tradução feita do hebraico para o grego por rabinos muitos anos antes de Cristo, sendo aparentemente a versão usada em grego no tempo de Cristo, e provavelmente eles acertaram. Muitos têm procurado achar uma interpretação para "aspergirá", a melhor, a meu ver, sendo a de Wesley "Aspergirá com sua palavra ou doutrina que, sendo frequentemente comparada com água ou chuva, pode se dizer que é aspergida como é dita que caiu, Deuteronômio 32:2; Ezequiel 20:46".
Na realidade, as palavras bispo, presbítero e ancião têm origens diferentes, embora a posição e função de quem recebe esses nomes no Novo Testamento é idêntica, portanto são intercambiáveis (Atos 20:17-28; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3; 1 Pedro 5:1, 2).
Ancião era o nome dado inicialmente aos chefes das tribos e famílias no Velho Testamento (Gênesis 50:7, Êxodo 3:18, etc.). Os anciãos das tribos de Israel eram Consultados, desde Moisés até aos reis de Israel como autoridades entre o povo (2 Crônicas 34:29, etc.). Também depois do exílio continuaram a ser as autoridades (Esdras 6:7,8, etc.), e, nos tempos do Senhor Jesus e do início da igreja, eram as autoridades nas sinagogas (Mateus 15:2, etc.) e no templo, com os principais dos sacerdotes e escribas (Lucas 22:66, Atos 5:21, etc.). Como os líderes das sinagogas e do templo eram chamados “anciãos”, quando as igrejas começaram a surgir, os irmãos que estavam na direção também foram chamados “anciãos”.
As igrejas no início eram compostas de judeus, que estavam acostumados com esse nome para a posição: o seu nome não significava, necessariamente, que eram os membros mais velhos em idade. A posição de ancião não foi criada especialmente na igreja, como foi o caso dos apóstolos (pelo próprio Senhor), e dos diáconos (pelas igrejas), criados para atender a circunstâncias novas que surgiram, mas vinha já dos tempos mais antigos. Os anciãos eram os “pastores” (Efésios 4:11), os “bispos” (Atos 20:28), “os que presidem” e “os que admoestam” (1 Tessalonicenses 5:12).
Bispo é aportuguesamento da palavra grega “epískopos”, que se traduz “vigia”, “supervisor” ou “inspetor”. É evidente pelo relato bíblico que não havia diferença entre “ancião” e “bispo”, pois se referiam à mesma pessoa. A palavra “bispo” não é usada uma única vez para indicar uma função diferente daquela do ancião ou presbítero.
Presbítero é aportuguesamento do grego “presbúteros” ou “présbus,eós”, que se traduz “velho, idoso, experiente; digno de respeito, venerável”. É a tradução para o grego de “ancião”, nome portanto dado para os anciãos nas igrejas gentias, onde se falava o grego.
O Senhor Jesus é o Sumo, Grande e Bom Pastor (1 Pedro 5:4, Hebreus 13:20 e João 10:14), Pastor e Bispo das nossas almas (1 Pedro 2:25), e o único Pastor da Sua igreja (João 10:16). No meu entender, isso dá uma relevância especial ao título de “pastor” na igreja, pois pertence ao nosso Salvador por excelência. Por outro lado, existe o serviço de pastoreio que o Senhor delega aos homens de fé que falam a Palavra de Deus aos outros (Hebreus 13:7), e velam pelas almas na igreja (Hebreus 13:17) dados como dons às igrejas como o foram anteriormente os apóstolos e profetas, e ainda hoje são os evangelistas e mestres (Efésios 4:11). O encargo de pastorear as igrejas cabe aos “bispos” (Atos 20:28), chamados igualmente de “presbíteros” (1 Pedro 5:2 e 3),.
Concluímos, portanto, que o Pastor da Igreja é o Senhor Jesus, que delega autoridade aos líderes e supervisores das igrejas locais, chamados “anciãos”, “bispos” ou “presbíteros”, para pastorearem a igreja pela qual são coletivamente responsáveis (o normal é que haja uma pluralidade em cada igreja, como invariavelmente vemos nas igrejas do Novo Testamento), e disto darão contas um dia a Ele, e receberão a imperecível coroa da glória (1 Pedro 5:4).
Os capítulos 25 a 32 de Ezequiel contêm profecias vindas do Senhor a respeito de sete nações gentias: Amon, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito. Há quatro profecias sobre Tiro, compreendidas nos capítulos 26 a 28. A primeira (cap. 26) fala da destruição da cidade por várias nações e da consternação que isso causaria; a segunda (cap. 27) compara a cidade de Tiro a um lindo navio de grande luxo despedaçado por um vento oriental, que são os babilônios (ver. 26b, 27); a terceira (cap. 28: 1 a 10) descreve o orgulho, a sabedoria, e a riqueza do príncipe de Tiro (ver. 1 a 6), e a sua morte pelos babilônios (ver .7 a 10); a última (cap. 28:11 a 19) descreve o rei de Tiro e o seu fim.
Nota-se uma grande diferença entre o príncipe de Tiro e o rei de Tiro. O príncipe é obviamente um homem (ver. 2 e 9), mas o rei é um ente superior, um querubim (v.14), que estava no Éden, o “jardim de Deus” (v.13), habitava no “monte de Deus” e foi atirado à terra (ver. 17).
No início da Bíblia lemos sobre Éden, que significa “prazer”, o jardim onde Adão foi colocado no início. Satanás estava na serpente que falou com Eva (Apocalipse 12:9, 20:2) no Éden, e será atirado à terra oportunamente (Apocalipse 12:9). A semelhança com o “rei de Tiro” da profecia salta aos olhos.
Conclui-se que Satanás (o “rei”) era quem estava por detrás do príncipe de Tiro, os homens que se sucediam na posição de governadores da cidade, assim como estará atrás da besta, ou Anticristo, que está para vir. A profecia nos dá detalhes de Satanás que somente encontramos aqui.
A sua posição na hierarquia celestial, antes que pecou, era das mais altas. Em Ezequiel 28:14 aprendemos que ele foi “um querubim ungido que cobria”, segundo uma tradução literal. Há várias traduções procurando explicar o que isto significa, inclusive o “proteger” citado na pergunta ou “querubim guardião” da Nova Versão Internacional em português.
A explicação mais aceitável, na minha opinião, é que a expressão inteira procura definir em poucas palavras a grande autoridade e conseqüente responsabilidade que Deus havia delegado a Satanás naqueles primórdios. Mas Satanás falhou, pecando miseravelmente no Éden contra Deus, movido por vaidade, orgulho e ambição. Ao invés de proteger a Sua criação, que seria a função apropriada, foi ele próprio que a atacou.
Os verbos nesta frase, no original grego, são: epithumeo, que significa desejar ardentemente (como em Lucas 22:15), e parakupto¯ , abaixar-se para ver (como em João 20:5 e 11). Absolutamente não existe qualquer indicação que os anjos queriam pregar o Evangelho. Mas esta pequena frase nos informa que os anjos de Deus se interessam muito no progresso e no resultado da pregação do Evangelho aqui na terra. O Senhor Jesus disse a Tomé, com relação aos que seriam salvos pela graça de Deus mediante a fé: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (Joao 20.29). Isto se aplica a nós, que, não tendo visto nosso Salvador em pessoa, ainda amamos e cremos nele, e exultamos com gozo inefável e cheio de glória (1 Pedro 1:8). Para nós, com nossa lógica humana, isso é difícil de compreender. Essa salvação foi inicialmente anunciada pelos profetas do Velho Testamento, que profetizaram a respeito dos sofrimentos seguidos pela Glória do Messias, e que a graça salvadora de Deus seria estendida aos gentíos; mas eles nem sempre entendiam o significado das suas palavras. Foi anunciada novamente pelos apóstolos, também inspirados pelo Espírito Santo. Os profetas da antiguidade compreendiam que era para nós – os que cremos nesta época – que eles haviam escrito. Desta forma, o Evangelho do Novo Testamento está ligado intimamente aos ensinos do Velho Testamento, ambos tendo sido dados pelo mesmo Espírito de Deus. Os próprios anjos estão atentos e profundamente interessados nestas coisas aqui na terra. Estamos nós, os herdeiros e beneficiários, sempre interessados igualmente nas coisas do céu? O Senhor Jesus nos revela que, nos dias finais deste mundo perverso, um anjo proclamará o Evangelho eterno aos que estiverem vivos sobre a terra (Apocalipse 14:6), mas, a esta altura, a Igreja de Cristo já terá sido arrebatada e estará com Ele nos céus.
O Textus Receptus é a versão original da Bíblia conhecida e até recentemente sempre usada para traduções. Os originais das escrituras pereceram séculos atrás, e atualmente só dispomos de milhares de cópias, antiquíssimas. A partir de uns dois séculos atrás alguns estudiosos têm feito comparações minuciosas do TR com as cópias mais antigas , e produziram edições "críticas" do Novo Testamento, como John Mill, Tregelles, Tischendorf, Westcott-Hort, von Soden, Vogels, Merk, Bover, e Nestle-Aland.
Brooke Westcott e Fenton Hort compuseram um texto novo do Novo Testamento grego, com diversas modificações ao TR, e ele foi abraçado por muitos novos tradutores do "original", inclusive as "Testemunhas de Jeová". Tanto Westcott como Hort adotaram e divulgaram muitas heresias, pondo seriamente em dúvida o seu trabalho.
Muitos só confiam no TR sob o argumento que foi o Espírito Santo que preservou essa versão para o uso da igreja de Deus durante todos estes séculos, e que não deve ser agora modificada. Outros aceitam a opinião dos peritos filólogos que fazem as traduções. Existem hoje várias traduções da Bíblia para o português, desde as mais eruditas até as mais simples. Sem dúvida as traduções mais eruditas, em que as palavras do original são traduzidas individualmente e colocadas na ordem em que as usamos em nosso idioma, são as mais fiéis.
A versão clássica mais conhecida é a de João Ferreira de Almeida, que tem sido revista e atualizada através dos tempos. Ela é feita inteiramente do TR. Mas essa versão exige um bom conhecimento do nosso extenso vocabulário por parte do leitor. No esforço de tornar a linguagem mais simples, reduzindo o vocabulário, outras versões têm sido introduzidas em que é dada uma interpretação do sentido original das sentenças sem necessáriamente fornecer uma tradução literal de cada palavra. Por exemplo, em 1988 a Sociedade Bíblica Brasileira lançou a Bíblia Sagrada na Linguagem de Hoje, mantendo a estrutura gramatical e a linguagem falada pelo brasileiro.
Em 2000 foi lançada uma revisão entitulada a Bíblia Sagrada - Nova Tradução na Linguagem (NTLH), que, segundo a SBB, mantém-se fiel aos textos originais - hebraico, aramaico e grego - e, ao mesmo tempo, adota a estrutura gramatical e a linguagem falada pelo brasileiro. A NTLH é voltada às pessoas que ainda não tiveram nenhum (ou pouco) contato com a Palavra de Deus e, por isso, é muito indicada como ferramenta de evangelização. Outra semelhante é a Bíblia Viva.
A mais recente tradução a partir das línguas originais foi lançada em 2001 pela Sociedade Bíblica Internacional, chamada "Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional". Esta é um meio termo entre as duas anteriores, definida pela SBI como "tradução evangélica, fiel e contemporânea". A NVI leva também em conta o conteúdo de manuscritos considerados ainda mais antigos do que aqueles no qual o TR foi baseado, e as poucas variantes encontradas são citadas para a informação do leitor.
Se estiver em dúvida sobre o que escolher, o melhor critério é descobrir de onde vem a tradução, quem é a editora e procurar a recomendação de pessoa confiável. É preciso tomar especial cuidado para evitar as traduções feitas com a intenção de ajustar o texto a doutrinas e interpretações particulares de seitas heréticas.