Os pobres de espírito são as pessoas que se caracterizam por humildade e submissão à vontade de Deus. Reconhecendo o seu estado de pecador diante de Deus, aceitam o sacrifício feito por Ele quando deu o Seu Filho para morrer na cruz do Calvário em seu lugar, arrependem-se do seu pecado e morrem para si para viver em novidade de vida, obedientes a Deus.
Temos um exemplo notável na pessoa do apóstolo Paulo. Judeu, foi criado na cidade de Jerusalém e instruído rigorosamente pelo zeloso fariseu Gamaliel. Certo dia, quando perseguia os cristãos, teve um encontro com Jesus Cristo ressureto, e imediatamente exclamou: "Que devo fazer, Senhor?" A partir desse ponto, toda a sua vida foi dedicada, como sacrifício, na obra do Senhor.
Ele nos conta algo do que envolvia a sua submissão a Cristo: "Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo" (2 Coríntios 6:3 a 10).
Vemos aqui nove paradoxos que caracterizam os pobres de espírito:
Honra e desonra: alguns aprovam, outros desaprovam a sua conduta. São honrados por quem reconhece a sua lealdade, e desonrados por invejosos e maledicentes.
Infâmia e boa fama: são julgados de uma forma ou outra pelos seus irmãos e pelos descrentes.. Os pobres de espírito perseveram, mesmo sofrendo de maledicência injusta. Paulo teve má experiência com os membros da igreja de Corinto, alguns dos quais o julgaram mal, mas nem por isso abandonou a igreja.
Julgados enganadores, quando são verdadeiros: Os pobres de espírito se submetem inteiramente à Palavra de Deus, e ensinam os seus preceitos como sendo a Verdade, muitas vezes chocando os que têm ideias mais "liberais".
Tratados como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos: Um pobre de espírito que é ministro da Palavra de Deus pode não ser reconhecido por uma igreja, mas Deus certamente o conhece.
Parecem estar morrendo, mas vivem: Morrem para si, e outros pensam que estão perdendo oportunidades para "gozar a vida", mas vivem em Cristo, para a vida eterna.
Castigados, e não mortos: Como Paulo, muitos sofrem perseguição, resultando em ferimentos físicos graves, mas continuam vivendo e testemunhando da sua fé.
Contristados, mas sempre alegres: Os pobres de espírito têm motivos para se contristar em várias oportunidades, especialmente pela rejeição do Evangelho pelas suas famílias, amigos e conhecidos, mas sempre se regozijam em Cristo.
Como pobres, mas enriquecendo a muitos: Os pobres de espírito podem estar destituídos das riquezas deste mundo, mas enriquecem a muitos com as riquezas espirituais resultantes da salvação de almas mediante o seu testemunho.
Nada tendo, e possuindo tudo. Embora nada tenham que seja propriamente seu, pois são apenas administradores daquilo que Deus lhes dá, são também herdeiros de tudo, em Cristo: "Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus."
Os pobres de espírito têm o gozo da salvação em Cristo, mas também passam por muitas aflições em sua vida de obediência e de testemunho cristão aqui no mundo. Deus não estáalheio às suas provações, e promete dar aos seus corações novo ânimo e novo alento: "Assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido (pobre) de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos." (Isaías 57:15).
Períodos de solidão, e mesmo uma espécie de deserto espiritual, podem surgir na vida dos pobres de espírito, onde sofrem em meio a um mundo hostil, ansiando por conforto e reanimação, como "os aflitos e necessitados buscam águas, e não há, e a sua língua se seca de sede"; mas socorro virá em tempo oportuno, e "eu o SENHOR os ouvirei, eu, o Deus de Israel não os desampararei. Abrirei rios em lugares altos, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em lagos de águas, e a terra seca em mananciais de água." (Isaías 41:17-18).