Os substantivos "crente" e "cristão", no singular, no plural, ou no feminino não aparecem mais que meia dúzia de vezes cada um na Bíblia.
Já o substantivo "santo" aparece nessas três formas cerca de setenta vezes no Novo Testamento. Em muitos casos podem ser aplicáveis às mesmas pessoas, mas têm sentido diferente: o "crente" é aquele que crê, mas a palavra em si não indica claramente em que ou em quem; o "cristão" é quem aceita identificar-se com Cristo, ou com a sua igreja, mas não significa necessariamente que seja de Cristo; somente o "santo" é indubitavelmente separado para Deus, tendo sido salvo pela sua fé em Cristo.
Notamos, na escolha da palavra correta pelo divino Inspirador da Bíblia, o cuidado que teve ao nos preparar a Sua Palavra. É uma lição para nós. Hoje os nomes "crente" e "cristão" estão vulgarizados, e até mesmo ridicularizados pelas massas, não por rejeição ao Evangelho que deveria ser testemunhado pelos tomam esses nomes, mas por causa do mau comportamento de muitos deles.
A Bíblia diz clara e incondicionalmente a todos os que se convertem a Cristo e O recebem como Seu Senhor e Salvador, não importando o seu passado: "...haveis sido lavados, ... santificados, ... justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus." (1 Coríntios 6:11). Ser santo, no sentido bíblico, não é uma qualidade moral, mas é estar isento da culpa do pecado diante de Deus, tendo sido justificado em nome do Seu Filho e pelo Seu Espírito.
Talvez tenhamos receio de nos chamar "santos" por causa do uso secular incongruente feito da palavra em razão de doutrinas heréticas dos apóstatas. O verdadeiro sentido bíblico da palavra nos encoraja no entanto a usá-la, pois assim não só evitamos as dúvidas sobre quem é "crente" ou "cristão", mas a própria palavra "santo" glorifica a Deus, não se referindo aos nossos méritos, mas à graça de Deus que nos fez santos mediante a obra expiatória de Cristo.
Aos que Deus declara ser santos, Ele adota como Seus filhos, e demonstra todo o seu amor divino. Destacamos algumas promessas, entre muitas:
Os santos serão preservados para sempre:
"O Senhor ama a justiça e não desampara os seus santos. Eles serão preservados para sempre..." (Salmo 37:28). A justiça de Deus é perfeita. A prova está na maneira em que Ele justifica o pecador: "Como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram ...assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida" (Romanos 5:12,18). Deus não dá a vida eterna para novamente tirá-la. Os santos serão preservados por Ele por toda a eternidade.
O Senhor os ama porque odeiam o mal:
"O Senhor ama aos que odeiam o mal; ele preserva as almas dos seus santos, ele os livra das mãos dos ímpios" (Salmo 97:10). Odiar o mal é uma característica dos santos. Tendo eles próprios se arrependido do mal que praticavam, em obediência ao seu Senhor aprendem a odiar o mal em todas as suas formas e o Senhor os ama por isto.
O Senhor preserva o caminho dos seus santos nas veredas da justiça:
"O Senhor é escudo para os que caminham em integridade, guardando-lhes as veredas da justiça, e preservando o caminho dos seus santos" (Provérbios 2:8). Em sua caminhada, os Seus santos dispõem da armadura de Deus: "Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz, tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos" (Efésios 6:14-18).
O Espírito Santo intercede por eles:
"Aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos" (Romanos 8:27). Que melhor intercessor poderia haver do que o Espírito Santo, traduzindo em intercessão aquilo que é necessário, mas o santo não sabe pedir? E é da vontade de Deus que Ele faça assim, suprindo as necessidades deles apesar das suas fraquezas e falta de habilidade.
Deus fará com que suas provações sejam suportáveis:
"Fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar" (1 Coríntios 10:13).
Os santos do Senhor não temem a morte, pois ela é preciosa para Ele:
"Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos" (Salmo 116:15). A morte do Senhor Jesus foi uma vitória, garantindo a vida eterna para os Seus eleitos, que são os que O recebem como Senhor e Salvador; a morte dos Seus santos é preciosa ao Senhor porque irão à Sua presença e gozarão da Sua comunhão eternamente. Como expressa o apóstolo Paulo: "tragada foi a morte pela vitória". Não há mais temor da morte para os santos, especialmente sabendo que ela é preciosa para Deus.
Eles terão autoridade no reino de Deus na terra:
"Os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, sim, para todo o sempre" (Daniel 7:18). O grande profeta Daniel anunciou esta promessa vinte e cinco séculos atrás. Em seu tempo, estas palavras não seriam bem compreendidas, e assim ficaram por quinze séculos, até a vinda do Senhor Jesus ao mundo. Até a Sua morte, a maioria do povo esperava que Ele inaugurasse o Seu reino político na terra, embora este não fosse o Seu ensino. O Reino dos Céus, espiritual, começou com a Sua obra no Calvário, e sobre esse Reino Ele com os Seus discípulos haviam pregado. Pouco antes de morrer, Ele disse a Pilatos: "O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui." Note a palavra "agora".
"O reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão" (Daniel 7:27). Com este suplemento, Daniel se refere ao reino político, sobre todo o mundo, que ainda está para vir. Os santos participarão ativamente, pois deles será "o reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu". O apóstolo Paulo recorda essa profecia ao escrever aos santos da igreja de Corinto: "Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?" (1 Coríntios 6:2). O apóstolo João também recebeu e escreveu esta profecia: "Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos" (Apocalipse 20:6). A "primeira ressurreição" é a dos justos, dos santos, e eles reinarão com Cristo durante o milênio que, segundo a profecia do Apocalipse, se segue à chamada "grande Tribulação". Continuando, depois do juízo final, e substituídos novos céus e nova terra pelos atuais, "reinarão pelos séculos dos séculos" (Apocalipse 22:5), assim confirmando o teor dessa profecia de Daniel.