Os liberais, no sentido de crentes que dão com generosidade, tanto a Deus como aos seus irmãos necessitados, têm valiosas promessas por parte de Deus. Podemos colocá-las em três categorias distintas:
Bênçãos: “O que é de bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao pobre” (Provérbios 22:9). Almeida usou esta tradução literal, pois “bons olhos” (original) é a expressão que melhor figura quem procura fazer o bem prudentemente. Seria mais usual dizer “generoso”, ou de “bom coração”, indicando bondade, compaixão. Quem tem “bons olhos” também tem bondade e compaixão, mas essa expressão peculiar deixa implícito o ato de procurar o objeto da sua compaixão e liberalidade, e de agir com discernimento.
Temos um exemplo em 1 Timóteo 5:3-16, onde as igrejas são instruídas quanto ao cuidado que devem ter ao sustentar as viúvas: é preciso haver critério para que o sustento vá apenas “às viúvas que realmente são viúvas”. Outro exemplo se acha em 2 Tessalonicenses 3:10: “se alguém não quiser trabalhar, não coma também.”
Será abençoado aquele que dá do seu próprio sustento (“seu pão”) ao necessitado (“o pobre”).
Retribuição:
Para o que é dado a Deus: “Honra ao SENHOR com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão de mosto os teus lagares.” (Provérbios 3:9-10). O Senhor merece toda a honra. Ele tirou o povo de Israel da escravidão em que se encontrava no Egito, e deu-lhe uma terra “que mana leite e mel”. O povo se enriqueceu com isto, e o SENHOR determinou que o povo o honrasse dando-lhe uma parte da renda de que usufruía com a posse da terra. Em recompensa, os seus celeiros se encheriam e os seus lagares transbordariam. Também o crente recebeu a salvação e a vida eterna gratuitamente de Deus e outras grandes bênçãos resultantes da sua vida santificada. Ele deve honrar ao Senhor com tudo o que tem, inclusive seus bens materiais - afinal ele não é mais do que um administrador das coisas que Deus coloca à sua disposição. O seu galardão, que vale muito mais do que as coisas materiais, o espera no tribunal de Cristo.
Aos liberais: “A alma generosa engordará, e o que regar também será regado.” (Provérbios 11:25). Este provérbio é um complemento ao que vem logo antes: “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros, que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda.” (Prov. 11:24). Um paradoxo, aparentemente, mas o fato é que o crente que é generoso, permitindo que outros participem do que tem, receberá ainda mais de Deus. Mas aquele que toma para si mais do que é justo sofrerá por isto. Uma das maneiras de regar é cuidar do rebanho de Cristo, mediante pastoreio e ensino. Quem isto faz terá o seu galardão, e quem ensina será também ensinado. É bem sabido, por exemplo, que quem geralmente aproveita mais num estudo, ou numa classe da escola dominical, é o professor: ao preparar-se para ensinar: ele é “regado” pelo Espírito Santo.
Abundante: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”. (Lucas 6:38). Este versículo é parte do chamado “Sermão do Monte”, e vem logo depois das advertências: “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.” Essas atitudes passivas são agora contrastadas com a ação bem ativa de “dar”. “Dar” tem sua própria retribuição, não só na mesma medida, mas ainda em mais abundância, “transbordando”. Pode ser aqui no mundo, mas segundo a justiça de Deus, se não aqui, certamente será dada em forma de galardão no céu, o que será muito melhor.
Proteção, livramento e conforto:
“Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal. O SENHOR o livrará e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O SENHOR o sustentará no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença.” (Salmo 41:1 a 3). Aqui temos a promessa de retribuição por parte de Deus para aquele que dá atenção ao pobre. O pobre é o irmão necessitado de recursos, sejam eles espirituais ou materiais, de atenção médica ou financeira. Como na parábola do bom samaritano, é bem-aventurado aquele percebe a necessidade existente, e usa os seus próprios recursos para atendê-la. Ele terá a sua retribuição da parte do SENHOR, que lhe dará proteção e livramento quando ele próprio vier a sofrer o mal, e ainda o sustentará quando enfermo dando-lhe conforto em seu leito.