A palavra “piedade” (virtude que permite render a Deus o culto que lhe é devido - Dic. Houaiss) é usada na Bíblia para traduzir a palavra grega “eusebeia”, conjunção de duas palavras que literalmente significam “bem (ou muito) devoto”. No mundo pagão politeista grego, a devoção se fazia aos seus deuses.
Segundo seu contexto, essa palavra indica, na Bíblia:
O “mistério da piedade”, que é o Evangelho de Cristo (1 Tim. 3:16). O Senhor Jesus Cristo é a “Piedade” personificada e revelada historicamente aos homens:
a encarnação: o Filho de Deus fez-se homem (João 1:14);
justificado: vindicado como o Justo (Marcos 9:7; Lucas 23:47);
visto por anjos: nascimento; Getsêmani; ressurreição; ascensão;
pregado: entre as nações, pelo Evangelho;
crido: pela igreja universal;
recebido na glória: no trono de Deus (Atos 1:11; 7:56).
Assim se resume a carreira triunfante do Senhor Jesus, o Messias, Deus em carne, Salvador do mundo e Cabeça da Sua Igreja. A Ele unicamente deve ser dirigida a devoção do crente.
Esse ensino compreende as doutrinas de Cristo e dos escritores do Novo Testamento, muitas vezes iluminando trechos do Velho Testamento, e mostrando sempre a maneira de viver “dos que andam no novo caminho do Evangelho”.
Cada crente é um ministro do Evangelho dentro do seu âmbito de influência e deve cuidar para que seja um “bom ministro”, especialmente os mestres: os que ensinam nos estudos bíblicos, os professores de escola dominical, e mesmo os que dirigem os cultos domésticos. Todos devem se nutrir “com as palavras da fé e da boa doutrina” que encontramos na Bíblia.
Temos uma admoestação contra a apostasia e falsos ensinos que haveriam de entrar nas igrejas: por causa de erros de doutrina, homens que se declaravam cristãos haveriam de chegar ao ponto de negar a sua fé.
Neste ensino da verdade não se encontra lugar para as “fábulas profanas”, lendas e estórias inventadas mesmo já naquele tempo com respeito ao Senhor Jesus, aos apóstolos e aos “santos”, algumas das quais têm sido desenterradas em nossos dias. O mundo se deleita com elas, mas são de inspiração maligna pois têm o efeito de confundir aqueles que não conhecem a verdade pura das Escrituras Sagradas, resultando em incredulidade. Algumas recentemente foram transformadas em filmes de grande bilheteria, particularmente as que difamam a pessoa santíssima do Senhor Jesus Cristo. O ensinador cristão deve ensinar unicamente o que a Bíblia ensina - e praticá-lo pessoalmente, também.
A prática da piedade não consiste em inatividade, mas num exercício constante para manter e melhorar as virtudes e os dons espirituais do crente. Paulo o compara com o exercício físico, que é bom para a saúde e mantém o corpo em boas condições. Este é muito promovido em nossos dias para dar maior vitalidade; também quando Paulo escrevia, o povo tinha em alta conta os que participavam dos jogos olímpicos, tanto que ele usou a corrida como exemplo da vida cristã (1 Cor. 9:24-27). Mas o exercício físico é “para pouco”, isto é, para esta vida só, pois quando recebermos o novo corpo (o da ressurreição) não importará se exercitamos o corpo atual ou não. Já a piedade - um caráter verdadeiramente cristão - vale para toda a eternidade.
Os efésios tinham em sua cidade um grande estádio e se dedicavam muito aos jogos e ao atletismo. Também hoje em dia quase que o mundo inteiro está voltado a estas atividades, particularmente aos jogos olímpicos, ao futebol e a outros esportes, sendo que neles países inteiros competem periodicamente com seus times selecionados.
Quem é apenas espectador dos jogos nada aproveita deles pessoalmente: também o crente inativo é salvo, mas não terá galardão. Para conquistá-lo ele deverá procurar conseguir a perfeita santidade, por meio de uma luta espiritual contra tudo o que é pecaminoso - seja doutrina ou prática - e por meio de trabalho, exercitando os dons espirituais recebidos por ele para a obra de Deus na igreja de Cristo. Ele deve estar sempre aprendendo a viver conforme a vontade de Deus, em teoria e na prática, pois é uma “corrida” exigindo disciplina, esforço e progresso em sua estatura espiritual, e com isso produzindo frutos abundantes (Fil.3:12-14).
Sua esperança é o cumprimento das muitas promessas de Deus para a vida presente e para a que há de vir, contando com o poder de Deus para salvar todos os que confiam em Seu Filho.
O mundo da atualidade está destinado a perecer no "Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão e os elementos, ardendo, se fundirão". Mas o crente deve estar preparado para a vinda do Senhor, mantendo uma conduta santa e vivendo com piedade, porque pode acontecer a qualquer momento. Não lhe compete ficar julgando o seu irmão, mas cuidar de sua própria conduta.
Ao contrário do povo do mundo, que continua em seu pecado sem pensar em Deus, como nos tempos de Noé, o crente aguarda ansiosamente o dia quando, segundo a promessa de Deus, "serão criados novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13).
Não existe justiça no mundo hoje, seja qual for o país, ou onde estivermos morando. Mas paz e justiça serão restaurados naquele dia nos novos céus e na nova terra. Este foi o propósito da redenção, para que o reino de Deus pudesse vir e as obras do diabo fossem desfeitas para sempre (1 João 3.8), e o triunfo da “Semente da mulher” se completasse.
“O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17). Como herdeiros e súditos desse Reino, estas virtudes têm que ser vistas em nossas vidas diárias. Sabendo que os céus e a terra com tudo que nela está serão desfeitos, verificamos como a vida de piedade é importante agora aqui. Nossa vida precisa ser separada para Deus. Nosso objetivo na vida não é conseguir prazer e satisfação para nós e nossa querida família, mas viver para Deus. Ele vai prover todo o prazer e satisfação de que precisarmos.
Devemos diligenciar para ser achados por Ele “imaculados e irrepreensíveis em paz”. É um padrão muito alto que objetivamos, digno de um súdito do reino de Deus:
Devemos estar em paz com Ele e com nossos irmãos, o que significa viver em comunhão uns com os outros.
Imaculados significa absolutamente limpos e sem qualquer mancha. Se não cuidarmos de nós próprios, nosso caráter está sujeito a se manchar com coisas como mentiras, obscenidades, atitudes belicosas e malícia.
Sem culpa significa inocência de qualquer ofensa, o que somente se pode conseguir mediante conduta justa, honesta, sincera, e pura em nossos relacionamentos sociais e comerciais.
A identificação de um filho de Deus consiste em absoluta integridade, e é isto que Ele sempre quer ver em nós.
Isto é ser piedoso!