Uma heroína da fé
Mary Ellen Jones
Partiu a nossa bem-amada irmã D. Mary Ellen Jones, após pertinaz enfermidade! Um misto de dor e saudade invade-nos a alma todas as vezes que contemplamos o seu lugar vazio na casa de oração. E logo a gente pensa naquela cuja vida radiante trouxe tanta bênção, tanto conforto a gente.
Para uns ela era a irmã Helena, para outros, a irmã Maria e ainda, para outros, a irmã Maria Helena. Para todos, porém, era a irmã querida, cujo exemplo era notável, cuja palavra era fidedigna, cuja bondade era cativante, cujo amor era impressionante e cuja energia era extraordinária.
Rigorosa no combate ao mal, tinha sempre urna palavra enérgica para alertar os faltosos. Por outro lado, amando o bem, jamais deixava escapar uma oportunidade de estimular os irmãos que procurassem servir fielmente a Deus. Grandes ou pequenos, jovens ou velhos, todos eram alvo do seu terno cuidado e da sua carinhosa atenção.
Em todos os lugares onde trabalhou, era incansável em visitar os crentes, juntamente com seu esposo, andando muitos quilômetros a pé, ou, às vezes, de ônibus, de bonde ou de trem, enfrentando galhardamente a topografia acidentada de Uberaba, São Paulo e Piracicaba. Onde quer que houvesse uma necessidade, um crente desanimado, enfermo, ou com outros problemas, lá estava o casal Jones para ajudar.
Ela viveu para servir. Viveu em primeiro lugar para o Senhor, a Quem serviu piedosamente com toda a sua devoção. Viveu também para o povo de Deus, "chorando com os que choram" (quantas lágrimas derramou ela, solidária com o sofrimento de outros!) e "alegrando-se com os que se alegram". Pouco pensava em si mesma, porém estava sempre preocupada com o bem de outrem.
Saindo de sua pátria aos 26 anos de idade, deu o melhor de sua preciosa vida, toda a sua dinâmica juventude ao Senhor, servindo-O proficuamente nestas plagas brasileiras durante 57 anos.
A irmã Mary Ellen Jones nasceu em Arkengarthdale, Yorkshire, Inglaterra, em 2 de agosto de 1899. Com apenas 10 anos de idade conheceu e confessou o Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador, iniciando a sua longa e brilhante carreira cristã. Em 5 de junho de 1924, casou-se com o irmão Richard Dawson Jones (Senhor Ricardo como era conhecido no Brasil), de cujo enlace nasceram os filhos Ricardo David, William Paulo e Grace Minnie, todos convertidos e fiéis servidores do Senhor.
Em 15 de novembro de 1925, num dia muito nublado e de aspecto muito triste, a jovem e recém-casada Mary Ellen embarcou, juntamente com seu esposo, no porto de Liverpool, na Inglaterra, em direção ao Brasil, ao som do hino "A minha fé na Rocha está" (H e C 129), entoado pelos irmãos que lá estavam para a despedida.
Contou-nos a nossa irmã que o seu coração se partia à medida em que ela ouvia o som daquele cântico. Afinal, estava deixando a pátria, renunciando ao convívio de familiares amados e à doce e calorosa comunhão da igreja que se congregava em Clumber Hall, Nottingham, para seguir um rumo para ela desconhecido. Porém, foi confortada pela sua inabalável fé naquele a Quem servia e que, ela bem o sabia, estava ao lado dela. Assim, podia ela dizer: "Se já não sei por onde irei, decerto sei com Quem".
Depois de um curto estágio no Rio de Janeiro, o casal foi para Uberaba, em setembro de 1926, mudando-se em janeiro 1942 para Piracicaba, em março de 1948 para São Paulo e voltando para Piracicaba em 1957. Em todos estes lugares foi a nossa amada irmã a grande incentivadora do ministério do seu esposo como a cristã exemplar, a cuidadosa hospedeira do povo de Deus e dos Seus obreiros, a conselheira sábia e mãe amorosa, não só dos seus próprios filhos, como dos demais, especialmente entre a mocidade, os quais eram alvo do seu incansável desvelo.
Graças ao Senhor pela vida extraordinária de Mary Ellen Jones. Ela "combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé" (2a. Timóteo 4:8). Que o Senhor nos ajude a seguir o seu exemplo de altruísmo e piedade. Ela já descansa, feliz, com o Senhor. Nós, aqui ficamos, saudosos e ansiosos pelo reencontro, consolados com a certeza dessa sublime realidade.
Partiu para o céu a nossa bem-amada irmã! Na madrugada de 5 de março de 1982 o Senhor a levou para a Sua santa presença. "O Senhor no-la deu, e o Senhor no-la tomou; bendito seja o Nome do Senhor!"