O autor do livro chamado “Eclesiastes” foi o rei Salomão, filho de Davi, e ele se apresenta como um organizador, orador, debatedor, porta-voz ou pregador, que são os significados da palavra hebraica traduzida para o grego como "Eclesiastes". Portanto, este é o nome dado ao seu livro.
O livro descreve investigações que Salomão fez das atividades dos homens na terra "debaixo do sol". Salomão foi privilegiado por ter combinado mais sabedoria, riqueza, influência e conexões do que a maioria dos homens conhecidos até seu tempo (1 Reis 4:29,30). Seria de se esperar que tais investigações resultariam em informações para orientar outros na obtenção de uma vida produtiva, bem sucedida e feliz, evitando labutas e desperdício de tempo inúteis que terminam em desespero.
Por "debaixo do sol" entendemos que o tema deste livro se limita ao conhecimento da realidade material, das coisas "terrenas". Esta é a perspectiva hoje em dia que nos dá a chamada "ciência moderna", em que há uma completa negação de Deus, da criação e da existência de coisas imateriais. O homem tolo é assim limitado (Salmo 14:1), mas Salomão era um homem sábio e mencionou Deus muitas vezes neste livro.
Ao invés de ter que acompanhar todas as experiências e descobertas descritas no livro, o leitor é logo no seu inicio informado por Salomão das conclusões obtidas, como segue:
A vida humana não tem sentido nenhum pois é transitória, passageira, inútil, vazia e fútil: este é o sentido da palavra “vaidade” neste livro. Nada nesta terra fornece uma meta válida para a existência do ser humano.
Seria isso verdade? Sim, é absolutamente verdade! Se nossa existência é limitada a esta vida, se a morte baixa uma cortina final sobre a existência humana, então a vida de cada um de nós não é senão um vapor — sem substância e evanescente. O apóstolo Paulo nos lembra que toda a criação foi submetida à vaidade ou futilidade como resultado da entrada do pecado (Romanos 8:20). E não é insignificante que nossos primeiros pais chamaram seu segundo filho Abel, que se traduz como "vaidade" ou "vazio". Salomão acertou. Debaixo do sol tudo é vaidade.
A vida humana é tão curta, que as coisas móveis sem vida que nos rodeiam parecem ser eternas: o sol, o vento, a água dos rios. Seu constante movimento desperta a curiosidade do homem, mas é repetido vez após vez, aparentemente para sempre (ao mencionar que o sol se põe no horizonte para surgir novamente do outro lado no dia seguinte, Salomão não demonstra ignorância do movimento da terra, mas apenas usa a linguagem usual baseada na aparência, como ainda fazemos hoje). O que foi antes, ainda é agora e assim será para sempre: tudo é inexpressivelmente cansativo e não satisfaz suficientemente os olhos e os ouvidos... (Versículos 5-9).
Isso é semelhante à filosofia dos ateus evolucionistas, que tentam calcular em bilhões de anos a mudança das “partículas originais”, dos átomos e das moléculas, com base em medições da velocidade em que mudam as partículas atuais, a fim de explicar o universo, nosso planeta, a vida em torno de nós e em nós. O futuro que preveem é de destruição e de extinção de toda a vida. Não fosse a revelação divina, poderíamos também pensar que a terra atual continuará para sempre do jeito que é. Mas Pedro nos informa que a terra e as obras que estão sobre ela vão ser queimadas no Dia do Senhor (2 Pedro 3:10).
Ele não tem lembrança dos feitos de seus antepassados antes dele, nem seus descendentes herdarão a consciência dele. Quando morre, sua própria memória morre com ele (versículo 11).
O que sabemos sobre o passado foi aprendido de registros deixados por pessoas que viveram naquela época e da evidência ainda existente para confirmar o que afirmaram. Mas o único registro em que podemos confiar totalmente está na Palavra de Deus, que foi toda inspirada pelo espírito da verdade, o Espírito Santo. Deus nos diz que um dia cada um de nós dará conta de si mesmo a Ele (Romanos 14:12).
Tendo então Salomão se empenhado nisto, concluiu que era uma atividade enfadonha. Dotado por Deus de grande sabedoria, Salomão escreveu este e muitos outros livros, dos quais também temos Provérbios e Cantares na Bíblia. Mais adiante, neste seu livro, Salomão declara por experiência própria que “De fazer muitos livros não há fim; e o muito estudar é enfado da carne” (capítulo 12:12).
De Deus também provém sabedoria para todo o crente, pois “...em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” (Colossenses 2:2,3). Em Tiago encontramos uma separação entre a sabedoria que vem de Deus e a sabedoria “terrena, animal e diabólica” (capitulo 3:15). A que vem de Deus é “primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”. O crente, portanto, não deve desprezar a sabedoria e a ciência que vêm de Deus, e é proveitoso estudar a criação e as leis de Deus (chamadas “naturais” pelos cientistas ateus, porque embora conheçam as leis, de maneira incongruente recusam-se a reconhecer que existe um Legislador). Mas estudar somente o que está “debaixo do sol” sem conhecer a dimensão que nos é ensinada pelo Criador é sem dúvida uma tarefa enfadonha, cansativa e inútil – enfim outra vaidade.
Em sua situação, Salomão tinha a melhor educação disponível em Israel naquele tempo, para fazer as suas investigações; uma vez concluídas, ele verdadeiramente podia dizer que tinha visto tudo (ao seu alcance) que é feito sob o sol. Ele decerto se informou e experimentou as ciências, filosofia, história, belas artes, ciências sociais, literatura, religião, psicologia, ética, idiomas e outros campos da aprendizagem humana. Mas isso não lhe deu o que estava procurando. Ao contrário, ele concluiu que era tudo vaidade e ambição inútil. .
O homem nunca se satisfaz: não importa o quanto vê e experimenta, sempre procura mais e nunca chega a se saciar, concluindo por fim que nada do que há no mundo pode lhe trazer felicidade duradoura. Mas não deve se desesperar por causa disso: basta-lhe elevar seus olhos e pensamentos “acima do sol” para Aquele que "satisfaz a alma sedenta, e enche de bens a alma faminta" (Salmo 107:9).
Salomão sentiu-se frustrado ao ver enfim que a ciência não resolve todos os enigmas da vida. Ela encontra paradoxos e anomalias que não podem ser resolvidos pelo saber humano, e ninguém aqui pode dar-lhes seu significado e valor. O que nos falta em conhecimento é tanto, que não pode ser medido. Quanto mais sabemos, mais cônscios ficamos da nossa ignorância.
Paulo explica: “...a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e outra vez: O Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs.” (Jó 5:13, 1 Coríntios 3:19,20).
Os grandes estudiosos se tornam em grandes lamentadores depois de se convencerem de quanto ainda precisam aprender. Em outras palavras, Salomão estudou ambos os extremos do comportamento humano, e não encontrou o verdadeiro significado da vida em nenhum deles. Ficou triste porque tudo se faz em vão.
Esta é a sabedoria e conhecimento debaixo do céu, destituídos da visão abrangente que vem do céu. A sabedoria que vem de Deus, encontrada em Sua Palavra, não é vaidade. O próprio rei Salomão, ao escrever o livro dos Provérbios, exclamou “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento... o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento... feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento” (1:7, 2:6, 3:13).
O profeta Isaías, que viveu alguns séculos mais tarde, profetizou que Deus “continuará a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá” (capítulo 29:14).
Paulo declarou que “Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus... Não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados..., mas Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.” (1 Corintios 1:24-31).
Saibamos distinguir e nos separar da ciência e sabedoria “debaixo do sol”, que é só loucura, vaidade, tristeza e trabalho inútil, e aprender a sabedoria que vem do céu, “de cima”, que nos é dada por Deus liberalmente na pessoa do Seu Filho, Jesus Cristo. A criação, a própria vida (que os ateus não podem explicar), e o universo nos falam da grandiosa existência do Deus vivo em que cremos. Com esta certeza, podemos nos aplicar com a sabedoria que procede do nosso Criador à verdadeira ciência e assim alcançar o objetivo de uma vida produtiva, bem sucedida e feliz
1. Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
2 Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
4 Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.
5 O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.
6 O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.
7 Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.
8 Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
9 O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol.
10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós.
11 Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas.
12 Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.
13 E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem.
14 Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão.
15 O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar.
Ecc 1:16 Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
Ecc 1:17 E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vao.
18 Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.
Eclesiastes, capítulo 1