TAL PAI, TAIS FILHOS
Capítulo 2:28 a 3:6
Independentemente da maturidade de cada um, os filhinhos a quem esta palavra é dirigida são todos os filhos de Deus. Já estão em Cristo, e a expressão permanecei nele é a declaração desse fato: uma tradução melhor seria estais permanecendo nele. Trata-se de um estado de comunhão. Permanecer no Senhor Jesus é viver em comunhão com Ele.
Não sabemos quando o Senhor virá para nos buscar. Se soubéssemos a data certa, alguma hora no futuro, estaríamos tentados a relaxar nossa vigilância e ser descuidados em nosso comportamento, mesmo sabendo que poderemos morrer a qualquer momento. Mas temos diante de nós a constante expectativa da vinda iminente de Cristo.
Por muitas razões é de grande importância vivermos de maneira a recomendar o Evangelho em que cremos. Mas se não estivermos vivendo de uma forma que honre ao nosso Senhor por ocasião da Sua vinda, seremos apanhados e nos afastaremos envergonhados.
Talvez nada tem tanto efeito em nossa vida como a certeza de que um dia teremos que nos apresentar na presença de Cristo e prestar contas dos nossos atos. Doutrina falsa resulta em um comportamento falso, mas uma doutrina verdadeira como essa incentiva à autenticidade no viver. Ele disse "eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras" (Apocalipse 22:12).
Muitos irão descobrir que não têm galardão, pois se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo (1 Coríntios 3:15).
Todo crente comparecerá diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2 Coríntios 5:10). A questão da salvação já foi resolvida, porque somos Seus filhos e estaremos em Sua presença; não se trata de saber se estamos salvos ou não mas de descobrir se teremos algum galardão ou reconhecimento. Alguns não terão nenhum reconhecimento. Conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus (2 Coríntios 5:11). O arrebatamento não vai ser algo muito emocionante para muitos crentes, por causa da maneira em que estão se comportando aqui.
O amor do Pai por nós, que cremos no Seu Filho, é tal que Ele nos adotou como filhos: não é o caso de apenas ter a esperança de um dia nos tornarmos filhos de Deus, pois já somos filhos de Deus. Podemos exultar e regozijar-nos e constantemente agradecê-lO por causa disso. Não se trata de nos vangloriarmos por causa das nossas próprias virtudes, mas de nos gabar do maravilhoso Pastor que temos.
Tendo nascido de novo como filhos de Deus, é natural que apresentemos vidas amoldadas ao Pai. Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele: é assim que um crente legítimo se evidencia. A Palavra de Deus nos dá aqui a verdadeira prova do seu novo nascimento: por ser agora filho de Deus ele se parece com o Pai praticando a justiça, e quem não se parece com o Pai não é seu filho. O mundo não entende esse relacionamento, o que não deve nos surpreender pois não o conheceu a Ele mesmo.
Já temos dignidade e responsabilidade agora, mas uma glória maior ainda está para vir: somos assegurados que quando o Senhor Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, que é como Deus (2 Coríntios 4:6). Que maravilhosa perspectiva!
Conta-se a estória que, quando viu um grande bloco de mármore, o escultor Miguel Ângelo andou em volta e disse "Que lindo que é!" Um dos seus ajudantes resmungou "Ora, tudo que vejo é um grande pedaço de mármore, nada mais". Miguel Ângelo exclamou, "Ah, esqueci. Você não vê o que vejo. Eu vejo uma estátua de Davi ali". O ajudante olhou outra vez e respondeu, "Não vejo nada disso". Miguel Ângelo prosseguiu: "É porque agora está na minha cabeça, mas vou aplica-la nesse pedaço de mármore". E foi isso que ele fez.
A Bíblia diz que ainda não se manifestou o que haveremos de ser, mas Ele vê o que um dia Ele fará de nós. Podemos ficar desanimados quando nos olhamos uns aos outros do jeito que estamos agora, mas Deus nos vê como seremos quando o Seu Filho se manifestar, semelhantes ao Cristo glorificado. Não vamos ser exatamente iguais a Ele, mas vamos ser como Ele em nosso modo particular, com nossa personalidade própria, que nos distingue uns dos outros. Ele vai completar aquilo que nos falta, dando-nos uma estatura que será semelhante à dEle. Por exemplo, no céu vamos amar a todos e todos vão nos amar! E vamos poder vê-lO como Ele é, não mais mediante os olhos da fé, mas na realidade.
Convencidos que o Senhor Jesus está para vir e que um dia vamos ser semelhantes a Ele temos outro estímulo para viver uma vida pura aqui. Não somos maravilhosos agora, mas um dia seremos.
O estudo da profecia bíblica também nos incentiva a viver de maneira santa, pois vamos atingir nosso alvo um dia. A Nova Jerusalém onde vamos morar é o lugar onde Ele vai enxugar dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, mas, o que é ainda mais maravilhoso, Ele fará novas todas as coisas (Apocalipse 21:4-5). Vamos poder começar tudo de novo, crescer na graça e no conhecimento dEle, não só nesta vida, mas por toda a eternidade. Tudo vai ser maravilhoso um dia, por isso não vamos nos desanimar ao ver que ainda não somos perfeitos agora!
Aquele que vive de maneira continuada e habitual em pecado é insubordinado à vontade de Deus, que foi expressa nos mandamentos dados através de Moisés e confirmados no Novo Testamento. Por exemplo, Deus disse "Não adulterarás" (Êxodo 20:14), e Ele ainda mantém essa diretiva hoje. O mundo pensa que entrou numa "nova era" de abertura e liberdade social mas isso não tem nada de novo - é simplesmente um retorno ao paganismo. Deus deu a Lei para nos mostrar que somos pecadores e a fim de aprendermos qual é o padrão de comportamento que Ele requer de nós. Basicamente e fundamentalmente pecar é estar em falta com o padrão divino, e é pecador aquele que não se subordina à vontade de Deus. Ele se inclina para a carne e o pendor da carne dá para a morte (Romanos 8:5-6), que significa separação de Deus. Não é possível ter comunhão com Deus e ser um "crente carnal" porque o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar (Romanos 8:7).
O crente que permanece em Cristo não continua pecando habitualmente: ele não vive no pecado porque tem uma natureza nova que é "vida" (comunhão com Deus), logo resiste ao pecado. Como filho de Deus, ele se assemelha ao Pai. Seu Pai é justo, por isso o filho quer viver também em justiça e nunca se contentará com um estado pecaminoso.
Deus fornece o poder para obter livramento do hábito de pecar. Só o Senhor Jesus pode afastar a prática do pecado da vida do crente. Ele veio para isso. Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro (1 João 2:2). Ele se entregou a uma morte redentora, uma oferta pelo pecado, para pagar a pena do nosso pecado, mas também morreu a fim de nos livrar do poder do pecado aqui e agora. Ele não tinha pecado, como a ovelha sacrificada antigamente tinha que ser sem mancha ou defeito. Portanto, Ele tem condições para remover a culpabilidade do pecado e de nos prover com o poder para nos livrar do hábito de pecar. Ele nos deu uma nova natureza para que possamos viver para Ele hoje. Para nos comportarmos como filhos de Deus que somos.
R David Jones
28 E agora, filhinhos, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.
29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.
1 Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele.
2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3 E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
4 Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
6 Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
1 João capítulo 2 vers. 28 a 3:6