O pecado não só é transgressão da lei (1 João 3:4), mas é deixar de alcançar o padrão perfeito que Deus estabeleceu, não só na conduta externa, mas também no estado da alma e nos desejos do coração. O pecado é uma ofensa contra Deus. Ele resulta na morte espiritual, ou seja, o corte da comunhão do pecador com Deus e o banimento da Sua presença. Traz ainda um castigo eterno, o lançamento no lago de fogo, originalmente preparado para o diabo e os seus anjos (Mateus 25:41, 2 Tessalonicenses 1:9, Apocalipse 20:15).
Desde o Éden a humanidade pode discernir entre o bem e o mal, e por isso tem consciência do fato que o pecado é intrinsecamente vil, polui, e que merece castigo. O pecado resulta em uma má consciência.
Deus se manifesta a todos os homens, mas eles, inculcando-se por sábios, escolheram para si deuses feitos por eles próprios (Romanos 1:18-23). A rejeição do Senhor Jesus é o pecado culminante, o pecado contra o Espírito Santo, para o qual jamais existe perdão (Mateus 12:31; João 15:22,24).
Deus é fiel e justo, e nos perdoa os pecados e nos purifica de toda a injustiça se confessarmos os nossos pecados. A palavra confessar é uma tradução de uma palavra grega que significa "dizer a mesma coisa".
Assim, temos que ver a nossa conduta do ponto de vista divino, e quando em Sua Palavra Ele diz que o que fizemos é pecado, devemos reconhecer diante dEle que realmente foi. Subentende-se o arrependimento e o pedido de perdão.
No Salmo 51 temos um modelo de confissão:
Admissão sincera do pecado - versículos 3 e 4.
Tristeza verdadeira por ter pecado - versículo 17. A característica principal de uma verdadeira confissão é uma tristeza segundo Deus (2 Coríntios 7:10).
Súplica por perdão - versículos 1 e 7 a 9.
Fé que Deus ouviu e vai restaurar a comunhão - versículos 12-15.
O perdão da nossa natureza pecaminosa e dos pecados que cometemos é uma prerrogativa exclusiva de Deus (Salmo 130:4; Marcos 2:5-7), pelos quais Ele verteu o sangue de Cristo, que agora é provido fielmente por Ele aos que admitem que pecam. O pecado interrompe a comunhão com Deus, mas a admissão (confissão) de que pecamos a restaura. Todos os pecados são perdoados livremente (Atos 5:31; 13:38-39). Mediante esse ato de graça por parte de Deus, ficamos livres para sempre da culpa e da pena dos nossos pecados.
A presença da verdade, da Palavra de Deus, no crente, traz-lhe uma consciência melhor e mais clara do pecado em sua natureza (1 João 1:8) e dos pecados em sua vida (1 João 1:9,10). Se alguém que se diz crente declara que é perfeito e não tem consciência de ter pecado, ele estáse iludindo. Ele está negando afirmações básicas feitas na Palavra de Deus, o que é o mesmo que dizer que o Espírito Santo mente. Uma pessoa assim é ainda pior do que um mentiroso: ela não tem verdade nenhuma em si.
Aqueles que andam na luz são purificados de todo o pecado pelo sangue de Jesus Cristo o Filho de Deus (1:7); esta primeira carta de João, como toda a Palavra de Deus, éescrita a fim de que, ao andarmos em obediência a ela, possamos agradar a Deus por não pecar. Embora possa haver alguém que diga que chegou à perfeição de nunca pecar, é muito improvável que qualquer um de nós tenha chegado a essa situação sublime, pois a presença do pecado está ao redor de nós neste mundo e équase inevitável que sejamos manchados de vez em quando, apesar da nossa vigilância. Deus, em Sua misericórdia, previu que isto iria acontecer: se alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo o Justo. Notemos que:
João não emprega o Nome absoluto de Deus, mas fala dEle como o Pai, que Ele continua sendo, apesar de termos pecado. Nossa salvação é baseada naquilo que Cristo fez por nós, e foi uma obra completa sobre a qual nada mais deve ser acrescentado, porque Ele fez tudo o que era necessário para a nossa salvação.
Aqui não se diz se alguém se arrepender, ou se alguém confessar os seus pecados, nem se alguém passar por uma cerimônia para se livrar dos seus pecados. É a perfeita provisão de Deus para os pecados dos "santos": sempre que pecamos, voluntaria ou involuntariamente, cônscios ou não (e isso fazemos constantemente), temos um Advogado para nos defender, e Ele é a propiciação dos nossos pecados. Mesmo antes de nos arrependermos daquela palavra cruel ou ofensiva que dissemos, ou no mesmo momento em que tivemos aquele pensamento malvado ou agimos com crueldade, Jesus Cristo estava ali no trono de Deus para representar-nos quando satanás nos acusava.
A advocacia éo trabalho que o Salvador faz pelos santos pecadores junto ao Pai, mediante o qual, por causa da eficácia eterna do Seu próprio sacrifício, Ele vive para interceder por eles (Romanos 8:34, Hebreus 7:25). O sangue de Cristo responde por toda a eternidade por tudo o que a lei poderia condenar. Aliás, como é ao mesmo tempo sacerdote e sacrifício (Hebreus 9:14), Ele próprio é o meio de propiciação (pagamento) pelos nossos pecados e, mesmo, de todo o mundo (Hebreus 2:9) desde que se reconciliem com Deus (2 Coríntios 5:18-21).
Compete aos santos purificar-se constantemente da corrupção do pecado com a água limpa da Palavra de Deus (Efésios 5:25-27). A palavra mandamentos é usada aqui em dois sentidos:
no sentido geral da vontade de Deus, como é revelada em Sua palavra (1 João 2:5; Mateus 5:19-20, 15:8-9, 19:17-19, 22:37-40, João 14:15, Gálatas 6:2); e
especialmente o "novo mandamento" de Cristo, reiterando o "velho", mas ainda mais forte (João 15:10-12): que os Seus discípulos se amem uns aos outros com o amor que Ele provou ter para conosco, ao ponto de morrer em nosso lugar.
Nada tem a ver com a guarda de doutrinas ou tradições introduzidas por homens. O Senhor citou Isaías, dizendo: "… Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" e acrescentou "negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição de homens" (Marcos 7:7-8).
Os apóstolos nos deram detalhes dos mandamentos de Cristo, por escrito (1 Tessalonicenses 4:2). Em 1 Tessalonicenses 5 temos mais de vinte. São apenas alguns dos mandamentos que o Senhor Jesus nos deu, e se vamos ter comunhão com o Pai e gozar dela com segurança em nossos corações, devemos obedecê-los. O cristão legítimo não faz o que bem entende, mas o que Cristo mandou, exatamente como Ele obedeceu aos mandamentos do Pai (João 15:10). Quem não ama a Palavra de Deus e é desobediente a Cristo está mostrando que não é filho de Deus: nunca foi regenerado. Ele é um mentiroso e a verdade não está nele (como aquele que diz que não tem pecado). Falhou na prova.
8 Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.
2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
3 E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.
5 Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
6 Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou.
7 Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio ouvistes.
8 Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele e em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz alumia.
9 Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas.
10 Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo.
11 Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.
1 João capítulo 1 vers. 8 a cap. 2 vers.11