Introdução. Neste trecho, o apóstolo Paulo acrescenta instruções e exortações com respeito à santificação prática que devia marcar a diferença entre o crente cristão e o mundo ao redor, com especial referência à imoralidade sexual (fornicação e adultério) que era característica dos gentios daquela época e que, infelizmente, se torna cada vez mais comum no século presente.
Esta santificação prática será um dos frutos do amor fraternal que existia tão evidentemente entre os crentes de Tessalônica e, deveras, entre os de toda a Macedônia (v.10).
Instrução já dada. Quando esteve em Tessalônica, Paulo não somente pregou o Evangelho como também deu aos convertidos os ensinos necessários para eles viverem como realmente nascidos de novo. Sendo salvos da pena do pecado (a perdição eterna), os crentes devem também mostrar-se salvos do poder do pecado em sua vida diária, abandonando de uma vez a prática de vícios e de imoralidade e crescendo sempre na prática das virtudes que caracterizam a verdadeira santificação. Assim agradarão a Deus, conforme os ensinos do Senhor Jesus que Paulo lhes tinha dado. Note que os apóstolos obedeciam a comissão dada pelo Senhor em Mateus 28:20: "pregai … e ensinai".
A santidade do corpo. Sendo já santificado pela Palavra de Deus (veja João 17:17), o crente deve usar o seu corpo como instrumento desta santificação; isto é, ele não deve empregá-lo para qualquer ato impuro ou imoral, tal como a fornicação ou o adultério - nem mesmo para a mera contemplação de tais pecados (veja Mateus 5:28).
A tradução "conseguir esposa" no v.4, aparece em algumas versões em lugar de "possuir o corpo"; em qualquer caso, o ensino é o mesmo - que o casamento deve ser considerado como "instituição divinamente apontada", em que os cônjuges permanecem fiéis um ao outro "até que a morte os separe" e sempre unidos pelo verdadeiro amor; enquanto que os solteiros têm que guardar-se imaculados, evitando a lascívia (desejos impuros) ou pensamentos, livros ou situações que os tentem à fornicação, adultério ou qualquer outra forma de impureza sexual.
Tanto o adultério quanto a fornicação são uma forma de roubo (v.6) e de ofensa grave contra Deus. O adultério rouba o outro conjuge do seu exclusivo direito e a fornicação tira de ambos (tanto do moço quanto da moça) a sua honra. Deus castigará aos que praticam tais impurezas.
Deus chama os crentes para a pureza de pensamentos e de vida (v.7), para a verdadeira separação de toda a forma de imoralidade e Ele nos deu o Espírito Santo para que possamos vencer a tentação a tais abominações (v.8).
O amor fraternal. Neste assunto, os crentes já conheciam (por meio do apóstolo), as instruções do Senhor Jesus: "Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei" (João 15:12) e "isto vos mando, que vos ameis uns aos outros" (João 15:17). Não somente conheciam o mandamento, como também estavam pondo-o em prática entre si e para com os irmãos de outras igrejas na província da Macedônia.
Assim, o amor fraternal dos cristãos deve aprofundar-se e estender-se cada vez mais com o seu conhecimento mais íntimo de Cristo. Deste modo, brigas e até divisões entre crentes e igrejas seriam evitadas; Somos todos "filhos de Deus" e "irmãos uns dos outros". O próprio Deus nos deu o exemplo (João 3:16) e o Espírito Santo "derrama o amor de Deus em nossos corações" (Romanos 5:5).
O amor cristão mostra-se também na prática de trabalho honesto para ganhar o pão quotidiano. O filho de Deus não deve ser conhecido como "filante" (um que vive às custas dos outros), nem como mexeriqueiro. O Salvador era carpinteiro antes de ser pregador e o apóstolo Paulo às vezes praticava o seu ofício (fabricante de tendas) para sustentar-se no trabalho evangélico e dar um bom exemplo aos crentes, embora tendo o direito de ser mantido por eles. (1a. Coríntios 9:1-5, 11-15, 18-20).
Paulo volta a este assunto na segunda carta aos mesmos tessalonicenses, no capítulo 3, do versículo 6 a 13.
1 Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais;
2 porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
3 Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição,
4 que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra,
5 não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.
6 Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também, antes, vo-lo dissemos e testificamos.
7 Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.
8 Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo.
9 Quanto, porém, à caridade fraternal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros;
10 porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a Macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto continueis a progredir cada vez mais,
11 e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado;
12 para que andeis honestamente para com os que estão de fora e não necessiteis de coisa alguma.
1 Tessalonicenses cap.4 vers.1-12