Introdução: O assunto desta segunda carta diz respeito à autoridade apostólica de Paulo, por haver naquela igreja falsos apóstolos opondo-se a Paulo, o qual salienta os seus sofrimentos por amor do Evangelho, e oferece conforto espiritual aos crentes perseguidos.
Ela se dirige: "à igreja de Deus que está em Corinto", pelas quais observamos que somente uma igreja é reconhecida na cidade de Corinto. Também é para "todos os santos em toda a Acaia", que é a província da qual Corinto era o porto principal.
Esta carta foi escrita mais ou menos um ano depois da primeira à mesma igreja, e tem a mesma saudação (v.2).
A consolação. as palavras "conforto", "consolação", "confortar" e "consolar" constam dez vezes neste trecho. Acerca desta preciosa consolação que Paulo tem e que ele deseja que os cristãos em Corinto tenham, vemos:
A fonte do conforto: Deus, por meio do Espírito Santo (João 14:16);
O motivo do conforto: para que possamos confortar aos outros (4, 6);
A ocasião do conforto: nos tempos da perseguição e da aflição - apóstolo e convertidos juntos, assim, como Cristo e os Seus discípulos (veja João 15:20; 16:33).
Perigo em Éfeso. Aqui Paulo se lembra de como foi maltratado e quase morto, quando a multidão, incitada pelo ourives Demétrio e gritando "Grande é a Diana dos efésios", exigiu que os pregadores fossem justiçados.
Contudo, Paulo já "tinha a sentença de morte" - isto é, ele se considerava como já morto para as coisas deste mundo, tendo morrido pela fé em Cristo (como o batismo significa); por isso, não temia o que os homens pudessem fazer ao seu corpo. Veja Romanos 6:3-5 e 8:35-37. Se Deus livrou o crente de "tão grande morte" em que antes estava, Ele poderá livrá-lo de qualquer perigo deste mundo.
Eis o "conforto" para o apóstolo e os crentes juntos. É possível que Paulo, enfraquecido pela doença e ameaçado pela multidão enfurecida, realmente achou-se em perigo de morte, porém a sua confiança em Deus e as orações dos crentes eram-lhe consolação, não só naquela ocasião como também para o futuro (10-11).
A glória de Paulo. A palavra "glória" aqui parece significar "aquilo em que ele tinha mais prazer, ou satisfação".
A sua sinceridade naquilo que lhes escreveu. Sua vida correspondia com a sua doutrina, pela graça de Deus, e era compreensível a todos.
A satisfação que eles teriam nele - pois ele (Paulo) era a glória deles (por causa da sua mensagem); tudo seria reconhecido na vinda do Senhor.
A firmeza na palavra. Paulo tinha prometido visitar de novo os crentes em Corinto (o que seria uma segunda benção); dali, ele tencionava ir à Macedônia, voltando outra vez a Corinto, de onde os crentes o poderiam encaminhar para a Judéia. Nisto ele tinha falado com sinceridade, assim como Cristo sempre falava, e Deus por meio de Cristo.
As promessas de Deus. Estas são certas e foi Ele que enviou-lhes Paulo como Seu mensageiro, tendo-o selado pelo Espírito Santo, como a todo crente (Efésios 1:13).
1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia:
2 graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação,
4 que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.
5 Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo.
6 Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos.
7 E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
8 Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos.
9 Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
10 o qual nos livrou de tão grande morte e livrará; em quem esperamos que também nos livrará ainda,
11 ajudando-nos também vós, com orações por nós, para que, pela mercê que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.
12 Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo e maiormente convosco.
13 Porque nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também reconheceis; e espero que também até ao fim as reconhecereis,
14 como também já em parte reconhecestes em nós, que somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa no Dia do Senhor Jesus.
15 E, com essa confiança, quis primeiro ir ter convosco, para que tivésseis uma segunda graça;
16 e por vós passar à Macedônia, e da Macedônia ir outra vez ter convosco, e ser guiado por vós à Judéia.
17 E, deliberando isso, usei, porventura, de leviandade? Ou o que delibero, o delibero segundo a carne, para que haja em mim sim, sim e não, não?
18 Antes, como Deus é fiel, a nossa palavra para convosco não foi sim e não.
19 Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que entre vós foi pregado por nós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas nele houve sim.
20 Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim; e por ele o Amém, para glória de Deus, por nós.
21 Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus,
22 o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações.
2a. Coríntios capítulo 1 vers. 1 a 22