Introdução. Nesta segunda divisão do capítulo 11, Paulo, continuando na sua "loucura", gloria-se nos seus sofrimentos por amor do Evangelho de Cristo.
Paulo torna-se "insensato". Ele não é, de fato, "insensato", mas diz que vai falar como insensato, para que possa ser recebido por eles, que de boa mente recebem os insensatos (16-19). Eles toleram os falsos ensinadores, que somente lhes fazem mal (20); Dizer isto seria como que "fraqueza" da sua parte, porém ele o diz com a ousadia do "insensato". (Nota: este versículo 21 é difícil de entender).
A verdadeira "glória" do apóstolo. Forçosamente, Paulo dá aqui um relatório das suas qualificações como mensageiro de Cristo:
V. 22 - verdadeiro hebreu, israelita, descendente de Abraão. Veja a carta aos Filipenses 3:5.
V. 23-25 - ministro (servo) de Cristo: sofrimentos, trabalhos, perseguições, naufrágios e vários perigos de viagens.
V. 26-27 - Perigos entre patrícios (Atos 9:23) e entre gentios (Atos 19:26).
V. 28-29 - Dificuldades e problemas nas igrejas. Como bom pastor, ele "tomou sobre si" os problemas e as tristezas dos crentes. Também pontos difíceis de doutrina e de procedimento seriam submetidos a Paulo pelas várias igrejas.
V. 30-31 - Os falsos ensinadores em Corinto se gloriavam nas suas "vitórias" e proezas. Paulo se gloriava nas suas humilhações por amor do Evangelho. Pareceria incrível esta história de aflições? O apóstolo chama a Deus como Testemunha da absoluta verdade do que ele tem escrito. Tudo sem exagero ou erro. Veja Gálatas 1:20; Romanos 9:1 e 1a. Timóteo 2:7.
V. 32-33 - Foi a maior humilhação ou o melhor triunfo o que Paulo encontrou neste incidente que aconteceu no princípio da sua carreira apostólica? Veja Atos 9:23-25. Os inimigos o chamariam de covarde? Mas ele mostra que mesmo o ódio dos judeus, ajudados por um rei poderoso, não pôde impedir o desígnio de Deus para com o Seu servo, chamado para O servir. Diz Calvino: "Aquela perseguição em Damasco foi a primeira aprendizagem do apóstolo para as muitas coisas que ele teria que sofrer no serviço do seu Mestre".
Visões e revelações. Os falsos profetas em Corinto, como muitos do mesmo tipo hoje, gabavam-se das suas visões e experiências místicas como provas de eles serem mensageiros de Deus. Mas Paulo não tinha tais experiências, diziam eles, então não pode ser considerado um verdadeiro apóstolo. Aqui Paulo, embora com pouca vontade, descreve uma experiência que "um homem em Cristo" (ele mesmo) teve no princípio de sua carreira apostólica:
O arrebatamento (1-6). O "homem em Cristo" era o próprio Paulo. Parece que "há quatorze anos" se refere ao período que passou em Tarso, antes de começar a sua primeira viagem com Barnabé (veja Atos 9:30 e 11:25). Outros arrebatamentos foram: o de Enoque (Gênesis 5:24; Hebreus 11:5), de Elias (2o. Reis 2:11), do Senhor Jesus (Atos 1:9) e, futuramente, haverá o da igreja (1a. Tessalonicenses 4:17). Paulo diz que não sabe se o seu arrebatamento foi no corpo ou fora do corpo (v.3) - então não foi o que lhe aconteceu em Listra (Atos 14:19). Nota: O "terceiro céu" (v.2) ou "paraíso" (v.4) é a região além do "céu estrelado" e na qual moram Deus e os santos anjos (Hebreus 8:1).
"Palavras inefáveis" (v.4) - revelações que não podiam ser comunicadas aos homens da terra. Julgamentos? Galardões? Adoração?... Esta experiência foi a "glória" verdadeira de Paulo; porém, não sendo visível ou comunicável aos outros, ele a guardava para si próprio e estava contente em ser julgado pelo que a gente podia ver nele ou ouvir dele.
O espinho na carne (7-10). Para que Paulo ficasse "humilde" depois de tão gloriosa revelação, Deus permitiu que Satanás o afligisse continuamente com um "espinho na carne". Provavelmente uma doença, possivelmente dos olhos (veja Gálatas 4:15, 6:11). Ele orou três vezes sobre este caso, mas não foi removido. A resposta era: "A graça de Cristo te basta" para ser nosso poder nas fraquezas - doença, perseguição e adversidade qualquer. Note, então, que a prosperidade, a boa saúde, etc., não são necessariamente sinais do crescimento espiritual ou da aprovação divina.
As marcas do apostolado. Ele não era inferior aos, assim chamados, "apóstolos" que o desprezavam. Tinha feito milagres entre eles (os coríntios) e tudo gratuitamente (11-13).
Ele não queria deles lucro para si; como um pai para eles, ele só queria trazer-lhes o bem; era, por causa disso, que eles não o amavam?
Tito e o outro irmão, enviados por Paulo aos coríntios, agiram da mesma maneira, fazendo o seu serviço gratuitamente, por amor deles (17-18).
2 Coríntios capítulo 11
16 Outra vez digo: ninguém me julgue insensato ou, então, recebei-me como insensato, para que também me glorie um pouco.
17 O que digo, não o digo segundo o Senhor, mas, como por loucura, nesta confiança de gloriar-me.
18 Pois que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei.
19 Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos.
20 Pois sois sofredores, se alguém vos põe em servidão, se alguém vos devora, se alguém vos apanha, se alguém se exalta, se alguém vos fere no rosto.
21 Envergonhado o digo, como se nós fôssemos fracos, mas, no que qualquer tem ousadia (com insensatez falo), também eu tenho ousadia.
22 São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendência de Abraão? Também eu.
23 São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
24 Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um;
25 três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
26 em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
27 em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez.
28 Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
29 Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me abrase?
30 Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
31 O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32 Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem,
33 e fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.
2a. Coríntios capítulo 12
1 Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor.
2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu.
3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar.
5 De um assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas.
6 Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isso, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.
7 E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
8 Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim.
9 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte.
11 Fui néscio em gloriar-me; vós me constrangestes; porque eu devia ser louvado por vós, visto que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos, ainda que nada sou.
12 Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.
13 Porque, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo.
14 Eis aqui estou pronto para, pela terceira vez, ir ter convosco e não vos serei pesado; pois que não busco o que é vosso, mas, sim, a vós; porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.
15 Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.
16 Mas seja assim, eu não vos fui pesado; mas, sendo astuto, vos tomei com dolo.
17 Porventura, aproveitei-me de vós por algum daqueles que vos enviei?
18 Roguei a Tito e enviei com ele um irmão. Porventura, Tito se aproveitou de vós? Não andamos, porventura, no mesmo espírito, sobre as mesmas pisadas?