Introdução. A segunda carta aos crentes em Tessalônica foi escrita por Paulo não muito tempo depois da primeira. Silvano (Silas) e Timóteo estavam ainda com ele (v,1) e as mesmas condições prevaleciam naquela igreja - a fé, o amor e as perseguições (!:3-4). Também alguns entre os crentes ainda tinham idéias errôneas a respeito da Vinda do Senhor (2:2-3). Estas e outras dificuldades são tratadas pelo apóstolo nesta carta.
Prefácio. Esta carta começa do mesmo modo como a primeira e acrescenta que os doadores da graça e da paz são Deus o Pai e o Senhor Jesus Cristo.
Fé, amor e perseverança. Paulo está ainda cheio de gratidão a Deus pelo bom testemunho dos crentes em Tessalônica. Apesar das perseguições que incessantemente os afligiam, eles continuavam a demonstrar na sua conduta o amor e a perseverança (constância, paciência).
a) A sua fé está crescendo; isto é, estavam conhecendo a Deus cada vez mais - Ele se lhes torna mais real, mais próximo e mais poderoso à medida que eles O estavam obedecendo, no meio de muitos sofrimentos como crentes em Cristo.
b) Também as perseguições estavam desenvolvendo neles o amor de uns para com os outros. Sentiam e percebiam, por meio dos sofrimentos comuns, que eram realmente "irmãos", ligados pelo mesmo Espírito numa fraternidade eterna, amando-se uns aos outros com um amor além do humano.
c) A sua esperança deu-lhes a paciência, ou a perseverança, na sua vida cristã. Atribulados, perseguidos e detestados pelo mundo (especialmente pelos judeus que rejeitaram a Cristo Jesus como o seu Messias e Salvador), os cristãos mantinham a preciosa esperança da vinda de Cristo conforme as Suas próprias promessas (João 14:3; Atos 1:11) já ensinadas pelo apóstolo. Tal esperança dava-lhes firmeza, constância e perseverança - e deu grande prazer ao apóstolo: "nós nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus".
O juízo de Deus. A fé, o amor e a esperança daqueles crentes, tudo mostrando-se na sua paciência e perseverança no meio das tribulações, indicavam claramente que eram membros ou súditos do reino de Deus. Mostravam as verdadeiras características do povo de Deus, que é um povo pronto a sofrer perseguição e afronta por causa do Seu Nome.
Mas tal sofrimento não continuará para sempre; Deus é Juiz justo e "fogo consumidor" (Hebreus 12:29) que vai tomar vingança de tudo que está sendo feito contra o Seu povo (Romanos 12:19). O julgamento divino cairá sobre os que não conhecem a Deus e os que desobedecem ao Evangelho de Cristo. Note que "os que não conhecem a Deus" estão debaixo da condenação (veja Romanos 3:9-12), como também "os que não obedecem o Evangelho", pois este (o Evangelho) é o meio de conhecermos a Deus, pelo arrependimento (Atos 17:30-31) e a fé em Cristo (Atos 16:21).
Quando acontecerá o tal julgamento dos desobedientes e perseguidores? Não na vinda do Senhor descrita na carta (4:13-18), que será a Sua vinda para os fiéis, os verdadeiros cristãos que estejam vivos no mundo naquele momento e os fieis que morreram durante este atual período da Igreja. Na vinda do Senhor, com a Sua "noiva", a Igreja, já preparada (Apocalipse 19:7. 8. 14), serão ressuscitados os crentes que morreram durante a Grande Tribulação, os quais "reinarão com Cristo durante mil anos" (Apocalipse 20:6), porém, "os restantes dos mortos - de todas as épocas - não reviveram até que se completassem mil anos" (Apocalipse 20:5). Isto é, não haverá ressurreição dos impenitentes de qualquer época até o dia do Grande Trono Branco (Apocalipse 20:11), depois do Milênio.
A oração do apóstolo. Os cristãos têm uma grande "vocação" - a de sermos "testemunhas" da graça de Deus, súditos do Seu Reino (v.5) e pregadores do Seu Evangelho (v.8). A constante oração do apóstolo é que sejamos "dignos", pelo caráter santo no meio dum mundo desobediente e perseguidor, desta vocação tão alta. Assim o Senhor Jesus será glorificado no Seu povo, e este será glorificado nEle, conforme a oração do próprio Salvador em João 17:20-23.
A perseguição não pode destruir a Igreja, nem a incredulidade pode desfazer a verdade do Evangelho. "Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro e mentiroso todo homem" (Romanos 3:3).
1 Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo:
2 graça e paz a vós, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.
3 Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é de razão, porque a vossa fé cresce muitíssimo, e a caridade de cada um de vós aumenta de uns para com os outros,
4 de maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais,
5 prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do Reino de Deus, pelo qual também padeceis;
6 se, de fato, é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
7 e a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder,
8 como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
9 os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder,
10 quando vier para ser glorificado nos seus santos e para se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).
11 Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação e cumpra todo desejo da sua bondade e a obra da fé com poder;
12 para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
2a. Tessalonicenses capítulo 1, vers.1 a 12