Este capítulo contém a Oração do Senhor, na qual Ele ora para Si próprio, para os Seus discípulos e para a Sua igreja. Este é um dos mais notáveis capítulos da Bíblia.
É, junto a que fez Salomão quando consagrou o templo (2 Crônicas 6:14-42), a maior oração na Bíblia. Há quem diga que o discurso do Cenáculo é como subir uma escada, ou como subir uma montanha, culminando com esta oração.
Esta é oração do Senhor como Sumo Sacerdote por nós. É provavelmente uma revelação da comunicação que constantemente transitava entre Ele e o Pai do céu. A sua vida inteira foi uma vida de oração. Iniciou o Seu ministério indo a um lugar solitário para orar. Frequentemente Ele subia ao monte para orar e passava a noite em oração. Ele é o nosso grande Intercessor. Deus sempre ouviu e respondeu a Sua oração exatamente como fora feita (capítulo 11:41-42).
Esta oração contém sete petições:
Cinco dons são mencionados, dados por Ele para aqueles que o Pai lhe deu:
Sete vezes Ele fala dos crentes que lhe foram entregues pelo Pai (vs. 2, 6 [duas vezes], 9, 11, 12, 24). Jesus Cristo é o dom de amor de Deus para o mundo (capítulo 3:16), e os crentes são o presente de amor de Jesus Cristo ao Pai. É Cristo que passa o crente para o cuidado do Pai, de forma que a segurança do crente se fundamenta na fidelidade do Pai ao seu Filho Jesus Cristo.
O Senhor parou de falar aos Seus discípulos, levantou os olhos para o céu, e se dirigiu ao Pai (esta era a Sua forma habitual de iniciar suas orações). Então falou ao Pai não só para o seu benefício, mas também pelo nosso, para que possamos saber o que Ele pede como nosso grande Intercessor hoje.
Esta é realmente a oração do Senhor, não o modelo de oração ensinado no sermão da montanha aos discípulos (por exemplo, nunca poderia ser a oração de Jesus dizer, "perdoe as nossas dívidas", porque Ele nunca teve qualquer dívida ou pecado). Da mesma forma, nunca podemos orar esta oração de João 17, porque esta é a Sua oração.
O Senhor menciona aqui, pela primeira vez, que a Sua hora havia chegado. Esta foi a hora que havia sido reservada antes da fundação do mundo, quando o Cordeiro de Deus ia ser morto pelos pecados da humanidade. A esta hora toda a criação iria ver o amor de Deus mostrado em abundância quando o Seu filho morreu uma morte vicária, substitutiva, redentora por nós, dando prova da Sua aprovação e aceitação da ressurreição.
Ele começou por orar por Ele mesmo: "glorifica a Teu Filho, para que também o Teu Filho Te glorifique". Ele já havia usado o verbo "glorificar" com referência à Sua morte anteriormente (verso 31). Não pediu apenas força para enfrentar a cruz, mas poder para glorificar o Pai pela sua morte, ressurreição e ascensão.
A morte de Cristo demonstraria que Deus é um Pai amoroso que tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito. Então o Filho seria ressuscitado, acender de volta para o céu, e receber um nome que é sobre todo nome, para que ao Seu Nome todo o joelho se dobre para saudá-lo.
Um mero homem não poderia pretender alcançar autoridade sobre toda a carne e seria presunçoso pedi-lo (ver também Mateus 11:27, 28:18; Lucas 10:22); o Senhor Jesus tem poder sobre toda carne! Ele poderia fazer este universo e todo indivíduo inclinar-se diante dEle. Ele poderia obrigar todos nós a nos sujeitarmos a Ele, como automatos, se Ele assim o desejasse. Mas que é a última coisa que Ele iria querer fazer.
Assim ele dá a vida eterna para todos "aqueles que o Pai lhe deu" isto é, "quem n'Ele crê" (capítulo 3:16). Esse é uma oferta legítima para cada pessoa. Obviamente, qualquer um que rejeitar essa proposta, continuará a estar morto em seus pecados e sujeito à condenação certa.
O conhecimento do único verdadeiro Deus vem por meio de Jesus Cristo (capítulo 14:6-9). Não é o montante do conhecimento que temos mas o tipo de conhecimento que é importante: é Aquele a Quem conhecemos. Da mesma forma, não é o montante da fé que temos mas o tipo de fé que é importante. Spurgeon disse: "Não é a sua alegria em Cristo que salva você. É Cristo. Não é a sua fé em Cristo, embora esse seja o instrumento. É o sangue e o mérito de Cristo."
Os fatos são que Cristo, o Messias, morreu por nossos pecados, foi sepultado, e ressuscitou. O nosso conhecimento destes fatos e a nossa resposta a esse conhecimento é fé. A fé é confiar em Cristo como o nosso Salvador pessoal. A vida eterna é conhecer (ou continuar conhecendo, ou conhecer cada vez mais) o único verdadeiro Deus e Jesus Cristo que Ele enviou; Jesus é o Seu nome como Salvador, e Cristo é o Seu título: o Messias, o Ungido enviado por Deus.
Conhecê-lo significa crescer na graça e no conhecimento de Cristo, que nos traz certeza. Esta é a razão pela qual o estudo da Palavra de Deus é tão importante. Sem ele, as pessoas ficam à margem das coisas e nunca têm certeza de que são salvos. Quem não tem a certeza da salvação está perdido ou é apenas um bebê em Cristo.
Cristo não seguiu para a Sua morte decepcionado, como alguns pensam, mas como Mensageiro que realizou com sucesso a Sua tarefa. Ele não tinha morrido na Cruz ainda; mas, no que diz respeito a Deus, Ele falou do futuro como se fosse passado. Nosso Senhor Jesus Cristo ia para a cruz para morrer e depois ressuscitaria. Sobre a cruz, Ele disse, "está consumado" (capítulo 19:30). Isso significou que nossa redenção tinha sido concluída.;redentora foi concluído. Ele fez tudo o que era necessário. Nada podemos acrescentar ao seu trabalho concluído.
Portanto, o Evangelho da salvação não é algo que Deus está nos pedindo para fazer, mas o que Deus nos diz que fez por nós. É a nossa resposta àquilo que nos salva.
1 Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
2 assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.
index4 Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
Evangelho de João, capítulo 17 versículos 1 a 4