Vimos nesta carta que nossa fé é provada de várias maneiras diferentes. Aqui ela é provada pelo que dizemos.
Já nos foi dito: "Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade" (capítulo 2:12) e este trecho da carta focaliza em como falar sob a lei da liberdade.
Hoje em dia dá-se muita importância à liberdade de expressão e à liberdade da mídia. O mundo entende que essa liberdade abrange a liberdade de blasfemar, de gracejar daqueles que mantêm padrões morais, de usar linguagem obscena, e daí para a frente.
O abuso da liberdade expressão não está apenas lá fora no mundo, mas pode também acontecer dentro da igreja. O abuso na igreja pode tomar a forma de ensino falso, mentiras e bisbilhotice.
Calcula-se que uma pessoa de nível médio fala ao redor de trinta mil palavras por dia. Durante uma vida de duração média, qualquer pessoa poderia encher uma biblioteca com as palavras que falou. No entanto o Senhor Jesus ensinou: "eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado." (Mateus 12:36,37).
Ao crente, a liberdade de expressão sob a "lei da liberdade" significa falar "como os oráculos de Deus" (1 Pedro 4:11), significando "como Deus falaria". Ele pode dizer o que passa por sua mente, desde que ela tenha sido limpada pela Palavra de Deus, mas deve ser prudente para falar na hora certa e da maneira correta.
Este assunto é introduzido por meio de uma admoestação contra o desejo precipitado de ser um professor da Palavra de Deus. Um professor assume sobre si grande responsabilidade porque pode achar-se em grande perigo de ensinar a coisa errada, e levar outros ao erro.
É tão fácil para um pregador ou professor se tornar presunçoso e ensinar toda a espécie de extravagâncias dele próprio, ou dar interpretação errada das Escrituras, ou ensinar suas próprias idéias sem se referir às Escrituras. Se ele diluir ou conturbar o significado claro da Escritura ele prejudicará o crescimento espiritual dos seus estudantes. Se ele tolerar o pecado de qualquer espécie, ele promoverá vidas profanas. Ele está especialmente em perigo de violar a "lei da liberdade".
É importante lembrarmos que Deus nos julgará pela maneira em que ensinamos a Sua Palavra, e que qualquer ensino errado pesará contra nós. Quanto mais oportunidade temos de transmitir a Palavra de Deus, maior é a nossa responsabilidade diante do próprio Deus.
Passando do assunto específico de ensino, para o da liberdade geral de expressão, lemos que estamos todos sujeitos a tropeçar em muitas coisas. Cinco metáforas são dadas para ilustrar como a expressão pode afetar nossas vidas, e as dos outros:
Nenhuma fonte pode produzir água doce e salgada. Os crentes precisam ser coerentes com a sua fé, e assim como uma árvore só produz fruto da sua espécie, eles devem produzir o fruto do Espírito Santo no qual nasceram de novo, que é todo bondade, justiça e verdade (Efésios 5:9). Seu falar deve ser sempre bom, justo e verdadeiro.
Quem se considera sábio e entendido, deve prová-lo pela sua boa conduta: as ações falam melhor do que as palavras. Ao falar nós declaramos a nossa fé e damos nosso testemunho a respeito de Deus, mas nossas ações irão confirmar a sinceridade do que dizemos. A verdadeira sabedoria de Deus se revela por ações feitas em humildade. O Senhor Jesus nos deu o exemplo, sendo manso e humilde de coração. (Mateus 11:29).
Contenda e amargura são características do homem conhecedor do mundo, movido por ambição egoísta. Ele é orgulhoso e se gaba da sua sabedoria que lhe trouxe sucesso, mas essa bazófia é vazia, porque é falsa. Esse tipo de sabedoria é do mundo (não do céu), sensual (pertencendo à natureza mais baixa do homem), e demoníaca (como as ações dos demônios).
A inveja e a contenda conduzem à confusão (discordância) e a toda a outra espécie de mal. É assim que vemos o mundo hoje, porque os homens rejeitam a Sabedoria verdadeira e fazem o que pensam ser engenhoso.
A sabedoria que vem de Deus é primeiramente pura, em pensamento, palavra e ação. Não vem junto nem é misturada com as filosofias e as regras do homem. É também pacífica, delicada, e acessível, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Qualquer coisa que causa divisões e contendas não é do Senhor.
A paz vem de Deus através do Senhor Jesus Cristo. Os que proclamam o Seu Evangelho são os pacificadores, e o fruto do Evangelho é justiça diante de Deus. Esta é a proclamação mais importante que nossos lábios podem fazer sob a "lei da liberdade".
A liberdade de expressão permite à gente fazer o bem e o mal, por exemplo, louvar ao nosso Deus e Pai e numa incongruência amaldiçoar os homens que foram feitos na semelhança de Deus. É uma fonte do bênção e maldição.
Os crentes não devem usá-la assim. Aqui é onde entra a necessidade de controle e disciplina. Tudo que dizemos deve ser submetido ao teste: é verdadeiro? É honesto? É justo? É puro? É amável? É de boa fama? Tem alguma virtude? Há algum louvor? (Filipenses 4:8). Nossas línguas são parte de nosso corpo, que é deve ser apresentado como sacrifício vivo, santo, aceitável a Deus, que é o nosso culto racional (Romanos 12:1).
1 Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
2 Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.
3 Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
4 Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
5 Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
6 A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
7 Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
8 mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
9 Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus:
10 de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
11 Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
12 Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.
13 Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria.
14 Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
15 Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
16 Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.
17 Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.
18 Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.
Tiago capítulo 3: 1 a 18