Esta passagem vem em seguida ao que foi dito a respeito dos ricos maus, e nos exorta, especialmente aos irmãos que se acham oprimidos, a sermos pacientes até a vinda do Senhor. A segunda vinda de Cristo tem sido a esperança dos crentes desde os primeiros tempos, e através de toda a Escritura somos ensinados a viver na iminência da Sua chegada.
A vinda de Cristo vai corrigir os erros do mundo. Isto é asseverado freqüentemente na Bíblia, não só através da profecia do Velho e do Novo Testamento, mas por Cristo mesmo. Seu Sermão do Monte nos dá uma vista de relance das regras do Seu reino (Mateus 6:19-24).
O fazendeiro que espera sua plantação brotar e crescer antes que possa ser feita a colheita é um exemplo da paciência exigida dos crentes. O fazendeiro não espera ver o grão pronto para ser colhido até que tenha crescido e amadurecido no tempo devido - que está fora do seu controle.
Cada "século" tem terminado com julgamento, e isso é como uma colheita. Nosso "século" atual terminará com o julgamento da tribulação e o derramamento da ira de Deus no Dia do Senhor, previsto e um grande número de profecias da Bíblia, e descrito com muitos detalhes no livro do Apocalipse.
Antes daquele dia o Senhor Jesus virá para colher a Sua igreja no ar, que conhecemos como o Arrebatamento, e levá-la para o lugar que Ele preparou para ela. Dessa forma, os crentes serão salvos da "ira de Deus" antes que ela seja derramada sobre a terra. Mais tarde, depois do julgamento da grande tribulação, Cristo virá para julgar e governar com justiça sobre a terra.
O Senhor disse que ninguém sabe quando Ele voltará, portanto poderá ser a qualquer tempo, e a hora está, naturalmente, chegando constantemente mais perto.
Queixar-se contra outros crentes é colocar-se como juiz deles. Quando perseguido, oprimido e angustiado é da natureza humana ser impaciente e criticar os outros, mesmo até levantar-se contra eles. Devemos lutar contra essa tendência que temos, lembrando que o Juiz está prestes a chegar! Seria por demais embaraçoso se o Senhor viesse no momento em que estivéssemos nos colocando na posição de juízes dos outros. Logo após o arrebatamento estaremos sentados diante do Seu tribunal, e Ele nos julgará pelo nosso desempenho. Não devemos julgar os outros, assim evitando sermos também julgados com a mesma severidade - e condenados.
Os profetas são exemplo para nós. Eles sofreram, e foram pacientes (refrearam-se contra exercer represália): é de se notar que primeiro sofreram e depois foram pacientes, porque "a tribulação produz a paciência" (Romanos 5:3). Eles sofreram porque entregaram a palavra do Senhor fielmente, mesmo quando expunha os pecados daqueles que a recebiam, e mostraram força e firmeza apesar da perseguição inclemente que se seguia. Eles "ficaram firmes, como vendo o invisível" (Hebreus 11:27, 32-40).
Na versão de Almeida lê-se no início do versículo 11: "Temos por bem-aventurados os que sofreram", enquanto que na NVI a tradução é "consideramos felizes aqueles que mostraram perseverança". Podemos entender que o que se quer dizer aqui é que todos os que são pacientes através da perseguição, opressão, e angústia são geralmente considerados como pessoas felizes: a palavra grega traduzida como "bem-aventurado" ou "feliz" realmente significa "feliz". Sua felicidade, contudo, surge depois daquilo que sofreram, por causa do galardão que irão receber.
Os profetas do Velho Testamento, mencionados no versículo anterior, são citados como exemplos de paciência, e realmente nós os consideramos como tendo sido honrados por Deus com a autoridade e responsabilidade de entregar Suas próprias mensagens ao povo, e abençoadamente felizes por causa de uma missão bem cumprida em circunstâncias muito difíceis.
Eles são honrados e admirados em vista das suas vidas de dedicação e zelo pelo Senhor, e concordamos que eles estavam corretos e todos em seu redor estavam errados. Se quisermos ser felizes e abençoados, devemos estar dispostos a suportar crítica e perseguição pacientemente como eles, pois não acompanhamos a maioria das pessoas no caminho largo do mundo que conduz à destruição.
Hoje em dia olhamos desapontados e com tristeza líderes de igrejas cristãs, que estão com tanto medo de ofender pecadores e descrentes, que não pregam o Evangelho de salvação pela féem Cristo somente - alguns até têm medo de mencionar o pecado, a separação de Deus, a punição eterna, a justiça de Deus que requer o banimento de pecadores da Sua presença.
Tais pessoas até mesmo não estão dispostas a se manter firmes nas doutrinas da fé apostólica, e seguem de mãos dadas com apóstatas e hereges só porque também se chamam de "cristãos". A Bíblia claramente faz distinção entre crentes e descrentes, mas eles falam de "freqüentadores de igreja" e "não freqüentadores de igreja", como se ir aos cultos nas igrejas fosse tudo o que é necessário. Esses líderes não vão ser felizes ou abençoados: se eles próprios forem realmente crentes, um dia eles serão colocados defronte a Cristo e terão que suportar a Sua condenação por causa da sua covardia e infidelidade.
Jó tem sido apontado através dos milênios como o grande exemplo de paciência e perseverança: ele não tinha conhecimento da razão porque as tremendas catástrofes lhe vieram, resultando na perda da sua fortuna e da sua família, e, em seguida, da sua saúde. No entanto ele não amaldiçoou a Deus como Satanás pensava que ele faria, e a sua esposa lhe disse que fizesse. Ele aprendeu a ser paciente através da sua provação.
Na experiência de Jó vemos também a propósito do Senhor: sabemos, através da revelação do Espírito Santo ao escritor do livro, a razão porque Jó teve que passar por aquelas provas e sair delas vitorioso. Deus sabia o tempo todo que Jó era suficientemente fiel para não permitir que aqueles desastres o separassem dele - ao contrário do que Satanás pensava.
A compaixão e misericórdia do Senhor foram retidas até que Jó provasse a sua fidelidade, e então foram derramadas em abundância: sua fortuna lhe foi devolvida em dobro, toda a sua família e amigos vieram dar-lhe conforto e consolo, ele teve mais sete filhos e três filhas e viveu para conhecer sua descendência até a quarta geração. A memória dele foi conservada para que ele fosse lembrado por milhares de anos - até hoje!
Poderíamos ser tentados a invejar os maus que parecem ter o melhor que há neste mundo, se não soubéssemos o fim ao qual o Senhor os tem destinado. Asafe escreveu que ele se preocupava com a prosperidade dos ímpios até que ele foi ao santuário de Deus e compreendeu qual era o destino deles (Salmo 73). Davi também viu a injustiça existente na terra, mas descreve a porção do crente na vida por vir, fazendo com que valha a pena ser inabalável (Salmo 17:15).
O versículo 12 parece não ter conexão com os anteriores. O juramento consiste em nomear o céu, ou a terra, ou qualquer outra coisa como testemunha da verdade do que está sendo afirmado. A palavra "sobretudo" enfatiza a proibição de se fazer tal juramento.
Um crente nunca deve reforçar o que está a dizer ou promete fazer jurando dessa forma. Quem costuma jurar assim são os mentirosos, cuja palavra tem pouco valor.
O caráter do crente deve ser tal que todos os que o conhecem saberão que o que afirma é a verdade.
"Cair em condenação" pode ser uma referência ao terceiro mandamento, ou ao julgamento dos outros, pois o significado não é claro.
7 Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8 Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim e não, não, para que não caiais em condenação.
Tiago capítulo 5, versículos 7-12