Em qualquer circunstância da vida devemos vir ao Senhor:
Quando estivermos sofrendo, devemos orar continuamente. Não é para nos disfarçarmos com uma fachada falsa e cantar, fazendo de conta que estamos contentes, se lá no fundo estamos deprimidos e sofrendo fisicamente ou mentalmente.
Quando contentes, devemos cantar louvores. A palavra no original é "salmodiar", que se origina do ato de cantar tocando um instrumento de cordas, como uma harpa, conhecido desde a antigüidade. Podemos louvar a Deus com ou sem um instrumento musical (1 Coríntios 14:15; Romanos 15:9; Efésios 5:19). "Cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração", expressando alegria em louvor a Deus, que se agrada com isso.
Quando enfermos, devemos chamar os anciãos da igreja. "Anciãos", "bispos" ou "presbíteros" são nomes dados aos que estão na direção da igreja, dos quais notamos que havia sempre uma pluralidade nas igrejas mencionadas no Novo Testamento.
Estar enfermo, ou fraco (sem força física), não é uma anomalia entre crentes. De maneira geral, a enfermidade é resultado da entrada do pecado no mundo, e os nossos corpos não são imunes à enfermidade depois que somos salvos, assim como não somos imunes à morte física.
Além da imunidade natural do corpo, há outras causas:
O justo Jó adoeceu para provar a sua fé (Jó 1:8);
Epafrodito adoeceu por causa do seu trabalho incansável para o Senhor (Filipenses 2:30);
Gaio era sadio espiritualmente, mas aparentemente fraco fisicamente (3 João 2). Tratava-se, provavelmente, de uma fraqueza natural.
Satanás algumas vezes recebe poder para tocar a saúde física das pessoas, como no caso de Jó (Jó 2:7), invalidar uma mulher (Lucas 13:10-17), colocar um espinho na carne de Paulo (2 Coríntios 12:7).
A enfermidade também pode ser resultado direto de pecado na vida de uma pessoa (Marcos 2:5; João 5:14; 9:2; 1 Coríntios 11:30).
Deus se sobrepõe ao nosso universo, e isso inclui enfermidades no corpo humano. Ele proveu nosso corpo natural com defesas que, por si só ou com a ajuda de produtos químicos, podem evitar ou combater as enfermidades.
No versículo 15 vemos Deus operando através de medicamento aplicado "em nome do Senhor": o azeite de oliva era um dos agentes medicinais mais conhecidos dos antigos. É claro, tanto aqui como em Marcos 6:13, que se dava valor medicinal ao uso do azeite. Era usado interna e externamente. Alguns médicos ainda o receitam hoje em dia. Não há nada aqui para justificar algum rito de unção, como a prática da "extrema unção" introduzida mais tarde, um tanto semelhante à magia pagã.
Os médicos têm aprendido a tratar doenças com substâncias químicas através dos séculos, e o seu trabalho foi reconhecido pelo Senhor Jesus (Mateus 9:12). Deus usa o médico, e isso é precisamente o que acontece hoje. Os melhores médicos crêem em Deus e desejam a ajuda da oração.
Os cirurgiões também têm contribuído, especialmente em anos mais recentes, retirando tecido doente ou defeituoso, enxertando e transplantando outro. Um cirurgião chamado Paré se tornou famoso por ter dito "o cirurgião faz os curativos; Deus sara a ferida".
A natureza é criação de Deus, e Ele também pode intervir para mudar o curso das suas leis quando Ele o desejar. Deus interveio algumas vezes relatadas no Velho Testamento, e o Senhor Jesus deu amplas provas incontestáveis da Sua divindade ao intervir e curar o incurável, e Ele deu aos apóstolos o poder de cura como um sinal da sua autoridade em seu Nome.
A cura não é algo que podemos exigir de Deus. Em Filipenses 2:27 é mencionada como sendo uma misericórdia, não algo ao qual temos direito. Deus pode intervir, e algumas vezes o faz, mas também pode ser o Seu desejo soberano não intervir no curso da natureza. O enfraquecimento do corpo faz parte do processo de morrer.
Falhar em ser curado não é, portanto, indicação de falta de fé. Paulo, Trófimo, e Gaio, por exemplo, eram homens de fé mas não foram curados.
A oração pelo doente é o ensino que encontramos nessa passagem. Reconhece nossa dependência em Deus como o doador e sustentador de toda a vida. Se estes fossem os únicos versículos na Bíblia sobre a cura, poderíamos até assumir que a oração feita pelos supervisores da igreja, acompanhada de remédio, resultaria em cura automática de qualquer doença. São usados como base por igrejas carismáticas, curandeiros e outros fazedores de milagres para atrair seguidores.
Por causa da evidência encontrada em outras partes da Bíblia, da qual já mencionamos alguns exemplos, chegamos à conclusão que estes versículos só se aplicam às enfermidades relacionadas ao seu contexto.
Todo o contexto tem a ver com uma pessoa cuja enfermidade é resultado de pecado. O arrependimento do doente está implícito, pois após a "oração da fé" o pecado será perdoado pelo Senhor, que também o levantará.
A oração da fé é a oração baseada na promessa da palavra de Deus. Não depende do grau de fé da pessoa enferma, nem no grau de fé daqueles que oram por ela: é a oração cujo resultado é garantido porque a Palavra de Deus assim o diz, quando as suas condições tiverem sido cumpridas.
Os pecados devem ser confessados a Deus, mas nossas faltas devem ser reconhecidas entre nós para que possamos ser sarados. Se tivermos ofendido um irmão ou irmã, por palavra ou ação, então devemos confessar isso a eles, e pedir o seu perdão. Não é para confessarmos nossos pecados uns aos outros, ou a um dos líderes da igreja, para obter perdão. Só Deus pode perdoar pecados, e Ele o faz gratuitamente (1 João 1:9).
A confissão, a oração e a cura estão ligados. A restauração espiritual vem antes da cura física. Problemas de ordem pessoal são, com freqüência, causa de doenças físicas e precisam ser resolvidos mediante o reconhecimento de nossa falta perante as pessoas envolvidas. Pecados como glutonaria, ansiedade, raiva, espírito irreconciliável, intemperança, ciúmes, egoísmo e orgulho podem ser a raiz de doenças. Todos os pecados devem ser confessados a Deus. Com oração, essa é a maneira de obter a cura.
Parafraseando o versículo 16, segunda parte, podemos dizer que a oração de um homem que está em ordem diante de Deus pode fazer grandes coisas. Elias é destacado como um exemplo: era um homem comum como um de nós que cria no verdadeiro Senhor Deus de Israel, e orou fervorosamente para que não chovesse a fim de que o seu povo fosse punido pela sua idolatria.
Deus respondeu a essa oração do Seu servo fiel: não choveu por três anos e meio até que o povo se convenceu do seu pecado e voltou para o Senhor. Então Elias orou novamente pedindo chuva e a chuva veio imediatamente em seguida fazendo com que a terra produzisse outra vez.
Mediante a oração os anciãos de uma igreja são usados na restauração da mente e do corpo de um crente que pecou, mediante a oração um profeta é usado para trazer uma nação desviada de volta a Deus, e somos exortados a ministrar aos que estão desviados de Cristo.
Alguns julgam que isto pode se referir a crentes que se afastaram da verdade, e que são trazidos de volta para a comunhão com Deus mediante nossas orações. Mas, em vista do último versículo, que claramente tem a ver com a salvação do pecador dos seus pecados, fica evidenciado que Tiago está se referindo a uma pessoa descrente que ainda não chegou à verdade. Foi introduzido ao Evangelho e esteve vindo às pregações na igreja porque é "algum de entre vós", mas depois se afastou da verdade.
Quando ele vem ao conhecimento salvador de Cristo, seus pecados, não importa quantos, serão cobertos pelo sangue de Cristo. A maravilha da justificação pela fé é que, uma vez que Deus perdoou os pecados, eles se foram para sempre.
13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15 e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19 Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20 saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados.
Tiago capítulo 5, versículos 13-20