Se nossa vida não evidencia o crescimento na fé, na coragem, no conhecimento, no domínio próprio, na paciência, na piedade, no amor aos irmãos, e no amor para os perdidos, somos forçados a duvidar se realmente chegamos a nascer de novo.
Cristo fêz tudo o que era necessário necessário para nos salvar e nos manter salvos, mas um esforço é necessário de nossa parte para nos dar confiança em nosso chamado e eleição: a segurança do crente é de fato garantida, mas sua própria convicção pode ser abalada se a sua nova vida nova não for significativa. Fazendo progresso nestas coisas nunca cairemos, porque teremos certeza em nossos corações que somos filhos de Deus. A pessoa a quem falta a certeza da sua posição é a mais suscetível de cair no pecado, porque falta um fundamento sólido para sustentá-la.
Pedro sabia que ia morrer como o Senhor lhe tinha dito, portanto sua esperança não estava no arrebatamento da igreja, como nós, mas na volta de Cristo para estabelecer o Seu Reino na terra. Sabia que logo haveria de deixar o tabernáculo do seu corpo, isto é, seu corpo físico: uma maravilhosa maneira de falar da morte. Seria então transportado para a presença do Senhor, para aguardar ali o reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, quando Ele então voltará à terra para governar com os seus santos (Apocalipse 19.11-16). O crente terá uma atuação maior quando entrar neste reino, se ele se esforçar para desenvolver aqui estas qualidades em sua vida.
Embora talvez já tenhamos conhecimento de todas essas coisas importantes, é necessário ser sempre lembrados delas, a fim de não nos acomodarmos em nossas realizações, ficando deficientes espiritualmente. Pedro se empenhou para que sempre fôssemos capazes de nos lembrar delas mesmo depois de sua partida.
Pedro está se referindo à sua morte próxima, mediante a qual glorificaria a Deus (João 21:18-19). Este trecho em sua carta é considerado por muitos como sendo uma das seções mais importantes em toda a Palavra de Deus. Pode-se dizer que é a “declaração final” de Pedro. A Palavra de Deus dá importância especial às declarações finais de algumas pessoas, com as de Jacó (Gênesis 49), Moisés (Deuteronômio 33), Josué (24:15), Davi (1 Crônicas 29:1), o discurso do Senhor no cenáculo (João 14-17), e Paulo (2 Timóteo 4:6-8).
Por falar nisso, nada se sabe ao certo sobre as circunstâncias da morte de Pedro, mas é quase absolutamente certo que viveu até depois do reino de Nero, e o Evangelho de João sugere que os seus sofrimentos finais foram causados por idade avançada e restrições impostas à sua liberdade (João 21:18). Inventaram-se lendas a respeito da sua morte no segundo século AD, que se tornaram tradições em algumas instituições.
Quando Simão Pedro disse: “brevemente hei de deixar este meu tabernáculo”, ele estava se referindo, naturalmente, ao seu corpo físico. Paulo também usou essa expressão, acrescentando que quando isso acontece “temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Coríntios 5:1). Paulo também diz, “desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor” (2 Coríntios 5:8). Essa é a maneira em que tanto Pedro como Paulo falam da morte.
A pequena barraca (tabernáculo) em que vivemos “adormece” mas nossa alma nunca morre e portanto nunca ressuscita da morte: a palavra “ressurreição” se refere somente ao corpo. No versículo 15 Pedro usou a palavra “partida” para a morte: estaria apenas saindo da sua barraca, como que se despindo de sua roupa.
Na expectativa da sua próxima partida, Pedro quis deixar determinadas coisas por escrito para que nos lembrássemos delas. E enfatiza primeiramente a autenticidade da Palavra de Deus.
A Bíblia não é um bloco falso de mentiras, ou uma coleção de histórias moralizantes, ou um mito religioso. A Bíblia é histórica e relata fatos reais. Se há um véu sobre nossos olhos, não é porque somos mentalmente cegos, mas é porque não queremos abandonar os nossos pecados. Se somos realmente sinceros e queremos deixar os nossos pecados, Deus fará a sua Palavra muito real para nós.
Referindo-se à transfiguração de Jesus Cristo, Simão Pedro declara que nos fez conhecer “o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade” (Mateus 17). Não foi invenção sua. A transfiguração de Jesus Cristo foi um retrato em miniatura do Reino. Dois santos do Velho Testamento, Moísés, representando a lei, e Elias que representa os profetas, apareceram ali para conversar sobre o “êxodo” de Cristo: a Sua passagem deste mundo para a presença do Pai. Os três discípulos presentes, Pedro, Tiago e João, representaram a Sua Igreja: não estava ainda na existência, mas estes três discípulos iriam constituir o seu começo, como apóstolos.
Eram testemunhas da vida, da morte, da ressurreição e da ascensão do Senhor Jesus, como registrado nos primeiros cinco livros do Novo Testamento. Viram o Seu poder - milagres, ou sinais para provar Quem era - e os sinais feitos em Seu Nome no início da igreja, que igualmente falam da Sua segunda vinda futura. Em todas estas coisas o Senhor cumpriu profecias do Velho Testamento e constantemente referiu-se a ele, tornando claro que o que está escrito ali é também verdadeiro, por exemplo: Noé (Lucas 17), Jonas (Mateus 12), Ló e sua esposa (Lucas 17), Daniel (Mateus 24), Moisés e a sarça ardente (Marcos 12).
A referência à “montanha santa” no versículo 18, como sempre que “santo” ou “santificados” são aplicados às coisas, simplesmente significa separados para o serviço de Deus, ou tornados sagrados pela presença divina.
O Velho Testamento contém, em grande parte, profecias, e o fato de que tantas foram cumpridas na época do Senhor Jesus é uma prova de inspiração. As predições foram expressadas tanto tempo antes dos fatos acontecerem, que nenhuma sagacidade ou previdência meramente humana as poderia ter imaginado, e são tão detalhadas, minuciosas e específicas, que excluem a possibilidade de serem meras suposições afortunadas. Foram cumpridas pelos elementos naturais, e pelos homens que eram ignorantes delas, ou que as descreram totalmente, ou que se esforçaram com desespero frenético para evitar a sua realização. É absolutamente certo, portanto, que as Escrituras que as contêm foram escritas por homens santos de Deus que falaram à medida em que eram movidos pelo Espírito Santo.
Deus pode transmitir toda a Sua vontade e palavra através dos homens que escreveram a Escritura, e isto é o que faz dele um livro miraculoso. Trata da vida humana, em toda a sua realidade, contudo é Deus que fala ao homem em uma língua que é compreensível a ele. A Palavra de Deus é melhor do que ver e ouvir: é uma luz, uma lâmpada, uma fonte de luz, como o sol no céu.
As profecias do Velho Testamento são como uma lâmpada que brilha na escuridão até o alvorecer do dia e a estrela da alva se levantar em nossos corações: Jesus Cristo (Apocalipse 22:16). Com o Novo Testamento elas agora se tornam claras e compreensíveis, a luz divina perfeita, dando-nos o conhecimento de Cristo e formando o Seu caráter (a estrela da alva) naqueles que O recebem.
A Palavra de Deus é a espada que vai através do mundo iluminando os homens e extraindo-os do sistema do mundo e colocando-os nos braços de Deus. Que retrato temos aqui!
A primeira coisa que devemos saber. A palavra “sabendo” diz respeito a um conhecimento que vem, não somente da Palavra de Deus, e não somente de fatos dos quais se pode saber de outra fonte, mas de coisas das quais somente podemos ter certeza quando o Espírito Santo as faz reais para nós. Existe poder na Palavra de Deus.
Nenhuma profecia da Bíblia - que inclui o ensino - era da própria compreensão pessoal do profeta daquilo que escrevia. Na realidade, estavam muitas vezes muito curiosos sobre o seu significado. Os profetas não começaram sua profecia eles mesmos, pela vontade do homem, mas falaram da parte de Deus, por Sua iniciativa.
Pedro aqui não está prevenindo contra a interpretação pessoal da profecia mas contra a insensatez de profetas convencidos, sem qualquer impulso de Deus. Mesmo um profeta tão infiel e corrupto como Balaão teve que dizer as palavras exatas que Deus lhe deu, quando profetizou contra Israel e o Messias (Números 22.25-38; 23.12, 16.26; 24.2-18).
Como as profecias a respeito da primeira vinda das Messias foram cumpridas tão exatamente na vida do Senhor, podemos agora estar mais seguros ainda sobre a efetiva realização das profecias abundantes a respeito da Sua segunda vinda.
10 Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis.
11 Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
12 Pelo que estarei sempre pronto para vos lembrar estas coisas, ainda que as saibais, e estejais confirmados na verdade que já está convosco.
13 E tendo por justo, enquanto ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações,
14 sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, assim como nosso Senhor Jesus Cristo já mo revelou.
15 Mas procurarei diligentemente que também em toda ocasião depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas.
16 Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade.
17 Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando pela Glória Magnífica lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo;
18 e essa voz, dirigida do céu, ouvimo-la nós mesmos, estando com ele no monte santo.
19 E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações;
20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.
Segunda carta de Pedro, capítulo 1 versículos 10 a 21