Quando Cristo nasceu, ele tinha sido procurado por homens sábios (magos) que O chamaram de Rei dos judeus (Mateus 2:2). Isto causou consternação ao rei Herodes, que quis mata-lo. Agora, no término do Seu ministério, Ele foi aclamado novamente como Rei dos judeus, desta vez pelo povo e foi rejeitado pelos seus líderes.
Uma grande multidão estava se juntando em Jerusalém para a festa da Páscoa, e, ouvindo que o já famoso Jesus de Nazaré estava vindo para Jerusalém, desafiando o sinédrio com todos os seu anúncios públicos contra Ele, saiu esperançosamente para O conhecer e O escoltar como o Rei de Israel.
Levar palmas a um vencedor ou a um rei era uma homenagem ao seu triunfo (Apocalipse 7:9). As palmeiras cresciam nos campos (Marcos 11:8) à margem da estrada de Betânia para Jerusalém, pelo monte das Oliveiras.
O Senhor sabia que a Sua hora estava chegando, e estava se preparando para entregar-se à nação. Anteriormente Ele entrara discretamente em Jerusalém, pelo Portão das Ovelhas, evitando alguma publicidade, mas desta vez Ele fez a Sua entrada mais pública do que das outras vezes: saiu abertamente e se apresentou como o Rei de Israel, montando um “jumentinho, filho de jumenta”, um animal que ainda não havia sido domado, como tinha sido profetizado (Zacarias 9:9), e aceitando a aclamação oferecida pela multidão.
As multidões (uma na frente e outra atrás, Marcos 11:9; Mateus 21:9) estendiam seus mantos e cortavam os ramos à medida que vinham (Mateus 21:8). Era uma cena de exultação e gritavam “Hosana”, uma transliteração da palavra hebraica que significa "salve agora." Pouco sabiam quão cedo o seu clamor seria respondido: Ele estava a ponto de trazer a salvação, não só para elas, mas para o mundo inteiro dentro de alguns dias, entretanto não o tipo de salvação que decerto imaginavam.
Aqui temos uma nota muito breve sobre este evento, escrita muitos anos depois; mais detalhes são achados nos outros três Evangelhos. Nem sequer os Seus discípulos entenderam a mudança extraordinária em Seu comportamento, até que foi glorificado, depois da Sua ressurreição e ascensão visível a todos. Aparentemente só Maria tinha realmente entendido que Ele tinha que morrer muito brevemente.
Estavam citando um texto do Salmo 118:25-26, cantado na recitação processional como bem-vindas aos adoradores, mas as palavras foram endereçadas agora ao Messias, evidenciado pelo acréscimo das palavras “o rei de Israel”, como Natanael O tinha chamado (capítulo 1:49), e que agora Ele aceitou. A acusação feita diante de Pilatos (capítulo 18:33) foi baseada nesta aclamação pública.
Este triunfo culminante de Jesus deu um sentido de importância maior às multidões que estiveram de fato com Ele quando ressuscitara Lázaro do sepulcro. Claramente havia muita conversa sobre a ressurreição de Lázaro como prova final da identidade d’Ele como o Messias esperado pelos judeus.
Obviamente, Jesus Cristo poderia ter tido a coroa sem primeiro ir para a Cruz. Porém, se tivesse ido diretamente para o trono, e fosse imediatamente feito rei, nunca teríamos sido salvos. Por isso Ele tinha que ir para a Cruz. Este foi um breve momento de triunfo antes da Sua morte, mas não foi realmente a Sua entrada triunfal. Esta ainda está para vir, quando Ele entrará em Jerusalém como Senhor dos senhores e Rei dos reis.
Quando os fariseus viram o desfile das multidões entusiásticas, eles se culparam uns aos outros, como as pessoas costumam fazer, por nada terem conseguido com suas conspirações contra Jesus e por todo mundo ir atrás d’Ele. E o sinédrio tinha anunciado que queria prender Jesus! Podiam achá-lo agora!
Havia outro grupo, de gregos, provavelmente prosélitos gentios. Tinham achado a cidade cheia de notícias sobre Jesus e talvez até viram a Sua entrada. Queriam ter uma entrevista com Ele (poderiam ter feito isto facilmente havia pouco), mas aparentemente Ele tinha entrado no templo. Como não lhes era permitido entrar além do pátio dos gentios, pediram respeitosamente a Filipe (que tinha nome grego, sendo possivelmente já conhecido deles da Galileia onde havia muitos gregos naqueles dias) que os apresentasse.
Era um problema para Filipe, por isso foi falar com André (outro apóstolo com nome grego), um homem sábio numa crise, que primeiro trouxera seu irmão Simão a Jesus (capítulo 1:41). Realmente o Senhor tinha dito algo sobre outras “ovelhas” que não os judeus (capítulo 10:16), mas não tinha explicado tudo. Filipe e André lutaram com o problema que confundiria Pedro no eirado em Jope (Atos 10:9-18), aquela parede de separação entre judeus e pagãos que só foi demolida pela Cruz de Cristo (Efésios 2:11-22) e que muitos cristãos e judeus ainda mantêm entre si. André não tinha nenhuma solução para Filipe, por isso trouxeram o problema, mas não os gregos, para o Senhor.
Jesus lhes respondeu, e como nada mais é dito sobre os gregos, é de se entender que o Senhor foi até eles e Sua resposta foi dada a todos. A hora predestinada foi prevista desde o princípio do Seu ministério (capítulo 2:4), foi mencionada depois como ainda não chegada (capítulo 7:30; 8:20), em seguida como vinda (João 13:1), e finalmente já vinda (capítulo 17:1; Marcos 14:41). O pedido feito pelos gregos para ter esta entrevista expõe o fato que a Cruz tem que vir antes que qualquer gentio realmente possa se chegar a Ele com entendimento: ". . . pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus" (Hebreus 12:2). A glória de Deus é vista naquela Cruz. No entanto este pedido dos gregos mostrou que o interesse n’Ele já se estendia para além dos círculos judeus.
O Senhor Jesus mostrou-lhes o paradoxo que a vida vem pela morte (1 Coríntios 15:36-49). Se o grão de trigo cair na terra e morrer, dará muito fruto: tem que morrer para produzir. Muitas pessoas pensam que viram Jesus porque leram os Evangelhos e estudaram a Sua vida. Podem ter visto o Jesus histórico, mas não terão realmente visto a Cristo enquanto não compreenderem o que significam a Sua morte e ressurreição. Morreu uma morte redentora, dando a Sua vida na morte para nos dar vida.
Jesus lhes contou então o segundo paradoxo (também veja Mateus 16:25; Marcos 8:35,10:39, Lucas 9:24,17:33): há dois tipos de vida e elas são contrastadas aqui:
Para servi-lo temos que segui-lo - e Ele estava a caminho da Cruz (Mateus 10:38-39, 16:24-27, Marcos 8:34-38, 10:21, Lucas 9:23-26, 14:27-33). "Todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:33). Ele promete que onde estiver, os Seus servos também estarão e serão honrados pelo Pai. "O Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras" (Mateus 16:27). E "qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos." (Marcos 8:38).
12 No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém,
13 tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel!
14 E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito:
15 Não temas, ó filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta.
Joh 12:16 Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe fizeram.
17 Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os mortos;
18 e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por ter ouvido que ele fizera este sinal.
19 De sorte que os fariseus disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? eis que o mundo inteiro vai após ele.
20 Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos.
21 Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
22 Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus.
23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
24 Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.
Evangelho de João, capítulo 12, versículos 12 a 26